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Corvos no shopping

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Irônico, divertido, fantasioso, surreal e, ainda assim, verossímil! Essas são algumas impressões que se pode ter a respeito do novo livro de Pablo Capistrano, uma alegoria direta e mordaz do atual estágio em que se encontra a sociedade. Mergulhado até o pescoço em questões atuais como política, violência, consumo e segregação, o escritor e filósofo tece uma colcha superlativa de retalhos em “Os corvos chegaram para jantar”. Com textos curtos, dinâmicos e imagéticos, a obra merece todos os adjetivos inseridos neste primeiro parágrafo por criticar o ‘status quo’ de maneira direta e ácida.
Pablo Capistrano utliza uma alegoria surreal e divertida para abordar a atual situação da sociedade: na política, no consumo e nas relações
“Os corvos chegaram para jantar” será lançado nesta sexta-feira (3), às 19h, no Between Food and Gallery em Petrópolis. A rodada será dupla: o escritor Márcio Benjamin aproveita o embalo para apresentar o romance-zumbi “Fome” – ambos saem sob os cuidados da editora Jovens Escribas.

“Considero este livro o mais didático entre os que já publiquei por ser muito direto; a mensagem é clara, os textos são curtos e sem paradoxos”, adiantou Capistrano em conversa com a reportagem do VIVER, acrescentando que o conteúdo mistura humor, referências filosóficas e política “não partidária”. Ao todo são sete textos, independentes, onde o elo de ligação entre eles são os corvos (alusão a Edgar Alan Poe e Alfred Hitchcock) e o centro comercial. 

Todas as situações narradas se passam no mesmo ambiente, ou no entorno: um enorme, hipotético e misterioso shopping center, terreno fértil para criar analogias e reunir diversas representações do comportamento social. Na medida que a leitura avança, é bem possível que a literatura de mero entretenimento passe a servir como base para reflexões mais profundas.

“Comecei a pensar no livro depois daquela passeata, em junho de 2013, quando tive um alumbramento ao ver a BR ocupada por uma multidão diversa. Percebi como o natalense vem perdendo o espaço para carros e condomínios; o comércio migrando para dentro dos shoppings”, lembrou Pablo. No início do ato ele pensou que o protesto iria até a Câmara Municipal. “Foi quando notei que estamos emparedados entre os dois principais shoppings da cidade. Passamos a viver em função desses lugares”, disse Pablo, que confessou se esforçar para conseguir passar mais de uma hora e meia dentro de shoppings.

“Só vou forçado ou quando quando tem algum lançamento de livro”, reforça. Depois do estalo (para o novo livro) passou a prestar atenção em figuras que virariam personagens: a dondoca, o segurança, o atendente da lanchonete, o tarado em manequins de vitrine. “Em certo momento faço uma digressão fantasiosa sobre o que gostaria que acontecesse nos shoppings. São contos que tratam da nossa relação com o enorme ‘shopping’ que chamamos de sociedade”.

Pablo adiantou o mote de algumas histórias: em “Camarada Stálin, amo você!” uma dondoca se apaixona por uma foto do líder russo que melhora seu desempenho sexual. Já “Cabecinha de papel” conta a história do segurança contratado para executar pessoas ‘fora dos padrões’ que circulam em volta do shopping. “Inclusive um desses contos, ‘Meu amigo Satanás’, pode virar filme. Estou trabalhando com (o jornalista e cineasta potiguar radicado no Paraná) Aristeu Araújo em um roteiro”, revela o escritor.

Serviço
Lançamento dos livros “Os corvos chegaram para jantar” de Pablo Capistrano, e “Fome” de  Márcio Benjamin. Sexta-feira (3), a partir das 19h, no Between Food and Gallery – Rua Campos Sales, 384, Petrópolis.

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