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CPI do 8 de janeiro mostra riscos para o governo federal

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A escolha do comando da CPMI do 8 de janeiro, realizada na quinta-feira (25), mostrou ao Palácio do Planalto que o governo não terá maioria folgada e nem deve comandar a pauta da comissão como pensava inicialmente. Depois de semanas preparando o senador Eduardo Braga (MDB-AM) para assumir a presidência ou a relatoria, os governistas tiveram que recuar em razão de um veto de Arthur Lira (PP-AL), que se uniu ao senador Davi Alcolumbre (União-AP) para dar as cartas no colegiado.
Presidente da CPMI, Arthur Maia, ao centro, é fruto da articulação entre Arthur Lira e Alcolumbre
Nos bastidores, o presidente da Câmara mandou avisar que não aceitaria Braga nem na presidência, onde acabou por alojar seu aliado Arthur Maia (União-BA), e nem na relatoria, posto para o qual acabou sendo eleita Eliziane Gama (PSD-MA).
O imbróglio que levou ao recuo de Braga e a escolha de eliziane foi relatado ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma reunião na tarde de quarta (24) no Planalto, da qual participaram os ministros da Casa Civil, Rui Costa, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e o próprio Braga.
O senador amazonense tinha sido escalado para ser o nome do governo para a comissão depois que Lira declarou seu veto ao rival Renan Calheiros (MDB-AL), senador que foi relator da CPI da Covid-19 e defendeu desde o início a instalação da CPI do 8 de janeiro.
Até a última segunda-feira, os mapas do Planalto indicavam que o governo teria pelo menos 20 votos dos 32 da CPI. Por isso os articuladores de Lula davam como certo que, se não fosse o presidente, que determina a pauta da comissão e escolhe quem deve ser convocado, Braga seria pelo menos o relator e produziria o documento final com as conclusões da investigação.
Só que desde o início da semana, deputados e senadores da base lulista procuraram os líderes do governo no congresso para informar que votariam com Lira na composição da comissão.
Fiel da balança nesse assunto por ser “dono” de três votos de senadores e deputados do União Brasil na CPMI — incluindo o seu próprio e o do presidente da CPI, Maia — Alcolumbre disse que não votaria em Braga porque já tinha assumido compromisso com Lira.
E num sinal de que o governo não terá vida fácil na comissão, “comunicou” ao Planalto que deve se ausentar de algumas sessões para que seu suplente, o senador e ex-juiz da Lava-Jato, Sergio Moro (União-PR), possa participar.
Até deputados do PSB, como Duarte Junior (MA), e lideranças petistas como José Guimarães (CE) e Reginaldo Lopes (PT-MG), que não são membros da CPI mas são bastante ativos na bancada petista, avisaram o palácio de que não entrariam em choque com Lira para proteger Braga.
Comissão terá uma reunião por semana

A segunda sessão da CPMI do 8 de janeiro deve ocorrer na próxima quinta-feira (1º). De acordo com o presidente da Comissão, as sessões serão realizadas uma vez por semana, às quintas-feiras, pela manhã.
O objetivo é não atrapalhar as votações nos plenários da Câmara e do Senado, que, por tradição, são realizadas nas tardes e noites de terças e quartas-feiras.
A proposta de plano de trabalho da relatora será apresentada na próxima sessão, quando os parlamentares que integram a CPMI definirão os primeiros passos da investigação.
Andamento
Segundo o presidente da Comissão, os trabalhos devem durar inicialmente seis meses, com a possibilidade de se estender a depender do andamento das investigações.
O senador Marcos Do Val (Podemos-ES) foi protagonista de um dos momentos de tumulto, logo ao início da sessão, quando questionou a escolha de Eliziane Gama para ser relatora da CPMI. Do Val alegou que a senadora seria parcial pela sua proximidade com Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública de Lula.
Ele foi repreendido por diversos parlamentares, que defenderam a competência de Eliziane Gama para o cargo.
O formato de trabalhos agrada ao governo, que via na CPMI um possível empecilho para a agenda econômica.
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