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CREA/RN monitora o mercado

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Uma das formas de perceber a diminuição da força da atividade econômica foi verificar a queda vertiginosa de registros de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), obrigatória para a construção de qualquer prédio. E essa queda ficou muito evidente, fala Ana Adalgisa Dias, a vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), órgão competente para o registro das ART’s.

“A queda foi brusca porque o investidor perdeu a confiança em alocar recursos e o cliente resolveu guardar o dinheiro que planejava usar na compra do imóvel. Ele teve medo de perder o emprego”, fala ela, para quem o engenheiro civil estava em “céu de brigadeiro”.

Em uma onda repentina, muitos adolescentes resolveram cursar engenharia, em um movimento típico de boom econômico. Faltavam profissionais no mercado e este absorvia rapidamente os recém- formados. Até o estagiário conseguia vaga fácil. Falava-se em “apagão de mão de obra”, ou a falta de profissionais especializados, fossem de nível técnico ou superior. Engenheiros, mestres de obras, pedreiros e soldadores eram atividades  disputadas nas construtoras.
Adalgisa acredita no reaquecimento do mercado de trabalho para engenheiros a partir de 2017
E então veio a recessão e a construção civil, um dos grandes motores da atividade econômica, começou a sofrer o impacto do baque com as inevitáveis demissões. “Grandes obras de infraestrutura geram muitos empregos. Se quiserem tirar um país da crise, é só investir na construção civil porque ela tem um alto grau de empregabilidade. E não é só para engenheiro civil, mas toda a cadeia de produção do setor”, explica ela.

E o que fazer com a mão de obra que entrou na universidade por volta de 2010 e se formou justamente na crise? Ela foi para uma formatura de engenharia civil e o coordenador do curso foi lhe perguntar o que fazer para se conseguir vaga de estágio. Sem lançamentos imobiliários há mais de um ano, como essa força de trabalho será absorvida?

Porém, a vice-presidente acredita que entramos em um momento de transição, não só da economia mas como também da política. O grau de confiabilidade é de crescimento tanto do mercado interno quanto do externo para que as pessoas possam retomar uma vida, pelo menos, “normal”. A euforia surgida a partir de 2003 até 2008, antes da grande crise era um pico do ciclo econômico, uma artificialidade, acredita ela, e não deverá voltar novamente aqueles níveis.

“Havia um volume muito grande de investimentos, principalmente dos estrangeiros e depois aconteceu um ajuste natural do mercado. Nossa realidade voltou a ser a localidade, pois tínhamos estrangeiros realizando empreendimentos em todo o nosso litoral e os empresários tiveram de se readaptar. Quantos parques de golf estavam previstos em projetos?”, questiona.

Em sua análise, aconteceu uma acomodação natural. O setor sofreu um grande baque porque estava superaquecido, mas ele não ficou estagnado depois da crise de 2008. Até que veio uma nova onda de pessimismo em 2014. O ano seguinte, então, foi “assustador” em se tratando do nível de desemprego, com a destruição de quase cinco mil vagas de trabalho na construção civil.

Atualmente, Adalgisa diz começar a perceber uma perspectiva de melhora que não tínhamos até pouco tempo. Dá para ver uma luz no fim do túnel, uma crença de que, por volta de novembro, as coisas começam a melhorar. Um dos sinais para essa melhora na confiança foi o encontro entre representantes da construção civil com o presidente Michel Temer, no qual ele mostrou números de retomada do programa “Minha Casa, Minha Vida”, além do lançamento de sua terceira fase. “É um programa que dá um giro importante para a economia”, frisa.  

Qualificação continuada

Uma maneira do engenheiro não ficar para trás no mercado de trabalho, é usar o período em que não está trabalhando nas obras para qualificar as suas habilidades, ou seja, apostar na capacitação. 

Ele deve ser um conhecedor da nova Norma de Desempenho, lançada há dois anos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É essa norma busca evitar, por exemplo, que o ruído das passadas dos moradores de um apartamento incomode os vizinhos do andar de baixo. Ou ainda o barulho máximo que moradores de um prédio podem perceber quanto moram em uma avenida movimentada. Também determina o tempo de vida útil da estrutura.

De acordo com Ana Adalgisa, ela cria várias subdivisões na profissão de engenheiro. Surgiu a necessidade de se ter, por exemplo, os especialistas em manutenção predial, em análise e desempenho de estruturas, de esquadrias.  “Enquanto a maré está baixa, aproveita para melhorar o seu currículo porque a onda vai voltar e quem vai surfar serão os melhor capacitados, mais bem posicionado frente ao mercado”.

Adalgisa se mostra otimista com o que virá pela frente. Não sabe se a retomada das obras virá com as taxas de crescimento vistos há uma década, mas certamente ela virá. “O país deve recuperar a credibilidade e a consequente volta dos investimentos e dos empregos”, aposta ela. 

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