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Cremern sobre uso medicinal de Cannabis: “faltam estudos”

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Para o presidente do Conselho Regional de Medicina, Marcos Lima de Freitas, o uso terapêutico do Canabidiol deve ser avaliado com “prudência”. De acordo com o médico, apesar de se mostrar a eficácia clínica em alguns casos, no que diz respeito à diminuição de alguns sintomas, “faltam estudos suficientes para que se administre de forma indiscriminada o óleo da planta produzido empiricamente e de forma artesanal”.

Marcos Lima de Freitas,presidente do conselho regional de mecidina

Marcos Lima de Freitas,presidente do conselho regional de medicina

A ONG Reconstruir pediu à Justiça autorização para plantar Cannabis, no intuito de facilitar o acesso a vários pacientes das mais diversas doenças. Para o empresário Yogi Pacheco, o único a ter autorização judicial até o momento, os médicos locais não estão ainda empenhados em acompanhar os estudos acerca dos benefícios do óleo de Canabidiol, extraído da planta. “Na realidade o que lhe sobra é a prudência”, discorda o médico Marcos Lima de Freitas.

Como o Cremern avalia o uso medicinal para a Cannabis atualmente?
O uso terapêutico e o poder dos derivados de ervas acompanham a história da Medicina. O uso medicinal do Cannabis é apenas mais uma possibilidade terapêutica que a ciência tem demonstrado benefícios em algumas situações clínicas, em especial em síndromes epilépticas que evoluem para o difícil controle. Baseado nessa comprovação o Conselho Federal de Medicina elaborou uma Resolução na qual liberava o uso do Canabidiol, um dos diversos componentes da planta, para o tratamento das epilepsias refratárias aos tratamentos convencionais. Portanto o CREMERN avalia que a ciência deverá evoluir nos estudos e a partir dessa evolução as resoluções do CFM, que são elaboradas por uma Câmara Técnica designada especificamente para estudar e deliberar sobre o tema, trará novidades no futuro.

Há algum tipo de debate, por parte da classe médica potiguar, à respeito do assunto?
O tema tem sido discutido pela autarquia Conselho Federal e Conselhos Regionais de Medicina, em conjunto com as sociedades de especialidades médicas. O CREMERN realizou fórum para discutir o tema com a participação de membros do CFM e de especialistas com experiência no uso do Canabidiol, em conjunto com as sociedades de especialidade.

Os atuais estudos sobre o uso medicinal são suficientes para que os médicos prescrevam remédio à base de Cannabis (ex: canabidiol).
Os estudos têm evoluído e demonstrado eficácia sintomática em algumas situações clínicas. Ressalto que são efeitos meramente sintomáticos, não havendo efeito de “cura” das enfermidades estudadas. Também há controvérsias nos estudos que nem sempre são realizados de forma padronizada e nem sempre se replicam. Ou seja, o resultado de um estudo não é confirmado por outros estudos. Portanto a proposta é que comprovada a sua eficácia e segurança, o componente identificado passe a fazer parte do arsenal terapêutico já existente.

Quais são os efeitos positivos e negativos do uso da Cannabis, para o senhor?
Dois aspectos são importantes para uma reflexão. O primeiro é a preocupação com a comprovação científica do efeito sintomático da droga e o segundo ponto é uma consequência do primeiro. Após comprovado o benefício, como fazer para que os pacientes possam ter acesso ao remédio de forma sistemática e sem conflitos. A ciência deve ter liberdade para realizar os seus estudos e devem ser instituídas políticas públicas de acesso à medicação, quando comprovada sua eficácia. Essas são premissas para se evitar frustrações e maus resultados. A classe médica potiguar foi injustamente acusada de falta de boa vontade de estudar o tema, quando na realidade o que lhe sobra é a prudência. Faltam estudos suficientes para que se administre de forma indiscriminada o óleo da planta produzido empiricamente e de forma artesanal. Essa metodologia não é recomendável para uma boa prática da Medicina. Em conclusão, enumero como ponto positivo a perspectiva de uma nova droga no arsenal terapêutico da Medicina e como ponto negativo o não cumprimento das etapas habituais de implantação de uma nova possibilidade terapêutica.

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