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Cremern vistoria UTIs do Walfredo

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Após reportagem publicada na edição da última segunda-feira (3) da TRIBUNA DO NORTE, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) realizou uma vistoria, na tarde de ontem (4), nas unidades de tratamento intensivo adulto e pediátrico do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. De acordo com o presidente do Cremern, Marcos Lima de Freitas, o Conselho irá comunicar aos gestores o resultado da fiscalização e expor a preocupação com as condições dos pacientes e a falta de pessoal, além de dar ciência dos fatos à Justiça Federal dentro da ação civil pública, que pede a ampliação de leitos de UTI na rede estadual.

Durante a vistoria, foi constatado o déficit de funcionários na unidade hospitalar e o fechamento de cinco leitos de UTI para pacientes cardiopatas. “Uma equipe médica especializada em cuidados intensivos cardiológicos está sendo deslocada para assistir pacientes acomodados em ambientes inadequados, com outras patologias”, informou Marcos Lima. Durante a vistoria, a direção do hospital justificou a redução de leitos, pelo déficit de servidores públicos, principalmente, da área de Enfermagem. O HWG funciona com 100 enfermeiros, 46% do quadro previsto, que é de 187; e 751 técnicos em enfermagem, 13% a menos que o necessário (871).

Cremern fez vistoria, na tarde de ontem (4), nas UTIs adulto e pediátrico do Walfredo Gurgel
Cremern fez vistoria, na tarde de ontem (4), nas UTIs adulto e pediátrico do Walfredo Gurgel

#SAIBAMAIS#Um dos grandes motivos para o déficit se deve ao grande número de servidores que está em idade ou já tem anos de trabalho suficiente para se aposentarem de acordo com a lei. Sem novos concursos, os “buracos” deixados pela saída dos servidores não são sanados, e o serviço é prejudicado. Dos 1.787 servidores estaduais que trabalham no hospital, mais da metade está com tempo de serviço ou idade suficiente para se aposentar.

O quadro se repete no Hospital Dr. Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim e no Hospital Dr. José Pedro Bezerra, conhecido popularmente como o “Santa Catarina”, localizado na zona norte da capital potiguar. Além de prejudicar o atendimento, a falta de pessoal afeta também servidores que já deram entrado no pedido de aposentadoria e aguardam a meses por uma decisão, como é o caso de Maria da Conceição Souza, que deu entrada no pedido de aposentadoria em dezembro de 2016. Com 65 anos de idade e 35 anos como servidora da saúde, ela aguarda ansiosa pela saída da aposentadoria para poder cuidar da filha paraplégica.

“Por mim continuaria trabalhando, mas é uma questão de necessidade em casa, preciso cuidar de minha filha que não pode andar. Há oito meses dei entrada nesse pedido, e até agora nada. No meu setor muitas outras também já tem idade pra se aposentar e deram entrada no pedido”, relatou a servidora, que trabalha no setor de lavanderia do Hospital Santa Catarina.

Relatos similares foram ouvidos no Hospital Deoclécio Marques. O diretor do setor de Recursos Humanos do hospital Josué Rodrigues, relata que a maior parte do déficit está concentrada no departamento de enfermagem e nas áreas administrativas. De acordo com ele, seriam necessários mais 36 enfermeiros e 120 técnicos em enfermagem apenas para poder fechar a escala. Ele disse que, em média, a unidade tem 600 empregados e que não teria como especificar o número atual de enfermeiros e técnicos em enfermagem em atividade, porque depende da finalização do levantamento para identificar os que estão em vias de aposentadoria ou afastados. 

“Nós temos um grande número de servidores ausentes, de atestado, e isso gera um déficit. Isso é concentrado principalmente no departamento de enfermagem. Vivemos uma realidade na qual temos que tirar pessoas de um canto e acabamos sufocando outro, porque simplesmente não há gente suficiente”, disse Josué.

Ele aguarda a convocação de 553 servidores do concurso público realizado pela Saúde Estadual em 2010 (Edital nº 001/2010 – SEARH-SESAP), cuja nomeação ficou autorizada em audiência de conciliação no Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça do RN, em junho deste ano. As nomeações deverão ocorrer em até 30 dias após a homologação judicial em cada um dos processos. Servidores dos hospitais temem que os 553 servidores que deverão ser chamados não sejam suficientes para sanar o número de técnicos de enfermagem e enfermeiros necessários. 

Em estado de calamidade pública há 30 dias, a saúde do Estado possui déficit não apenas em pessoal, como em vagas, insumos e abastecimento: até a manhã desta segunda-feira (3) eram 177 pacientes em macas dispostas em corredores e outros locais inadequados. .Para sanar a crise, e ter capacidade de convocar os servidores necessários, a pasta aguarda um aporte de recursos de R$ 50 milhões do Governo Federal. A dívida da Secretaria com insumos e medicamentos desde 2016 já atinge a marca dos R$ 15 milhões.  Os R$ 35 milhões restantes irão quitar serviços terceirizados.

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