DA FOLHAPRESS
BRASÍLIA, DF – O Ministério do Trabalho divulgou ontem estudo feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) que revela que, de cada 100 trabalhadores, 55 não chegaram a completar nem um ano com o mesmo empregador em 2013, no Brasil.O número cresceu em relação a 2003, quando essa relação era de 42 demitidos para cada 100 trabalhadores. E é próximo aos registrados em 2011 (54,6) e 2012 (55,2).
Para reduzir a rotatividade no mercado de trabalho brasileiro, uma das causas dos gastos crescentes com seguro-desemprego no país, o governo estuda medidas. Os setores de construção civil, agricultura e call centers, que têm as maiores taxas de rotatividade, vão receber atenção especial de grupos de trabalho do governo, que vão estudar a dinâmica desses setores e avaliar formas de conter a rotatividade.
Uma das medidas estudadas é a mudança do regime de registro dos empregados desses setores, que naturalmente demitem e contratam com muita frequência. Segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, um trabalhador da construção civil, por exemplo, quando demitido de uma obra já pronta e contratado por outra logo na sequência, não teria seu contrato suspenso. A ideia está sendo avaliada pelo governo, disse.
Qualificação
Para o ministro Manoel Dias (Trabalho), qualificação profissional é prioridade nesse esforço de reduzir a taxa de rotatividade. A baixa qualidade dos postos de trabalho justifica a alta taxa no país, diz Lúcio. “Você tem uma cultura e dinâmica de liberdade de demissão, em razão de uma dinâmica econômica de baixo valor agregado. Assistentes, ajudantes, serventes geralmente compõem o grosso dos que rodam.” Outros sistemas de proteção ao emprego estão sendo estudados pelo governo.
Centrais sindicais estiveram com técnicos do Ministério da Fazenda há algumas semanas para discutir a redução de jornada e salário para evitar demissões em tempos de crise econômica. A discussão em torno dos gastos em demitir um trabalhador tem ganhado importância neste período de transição.
Em seu esforço de cortar gastos nos próximos anos, o governo tem indicado que redução no pagamento de seguro-desemprego será uma das prioridades.
Uma das apostas é a modernização dos sistemas de registro do trabalhador. A versão eletrônica da carteira de trabalho (um cartão digital com código de barras que vai substituir a atual versão, de papel) será oferecida em todo o país até o primeiro semestre do ano que vem. Com o sistema informatizado, o governo espera criar mecanismos mais ágeis de intermediar mão de obra recém ociosa com vagas disponíveis.
RAIO-X DO MERCADO
Dados do mercado de trabalho de 2004 a 2013
18,7% foi o crescimento do número de pessoas em idade para trabalhar (16 anos ou mais) de 2004 a 2013, no Brasil.
13,6% foi o crescimento do número de pessoas que estavam empregadas ou à procura de trabalho (os chamados economicamente ativos) de 2004 a 2013
16,5% foi o crescimento do número de pessoas empregadas de 2004 a 2013
30% foi o crescimento do número de pessoas inativas —ou seja, fora do mercado de trabalho—, de 2004 a 2013
153 milhões era o total de pessoas em idade para trabalhar em 2013
102 milhões era o número de pessoas que estavam empregadas ou à procura de trabalho em 2013
95 milhões era o total de pessoas empregadas em 2013
51 milhões era o total de pessoas inativas em 2013
% de trabalhadores informais
2004 54,3
2013 42
% de trabalhadores informais com idade entre 16 a 24 anos*
2004 61
2013 44,8
% de trabalhadores informais com mais de 60 anos de idade*
2004 80,4
2013 69
Rendimento dos trabalhadores formais, em R$
2004 1.705
2013 1.921
Rendimento dos trabalhadores informais, em R$
2004 720
2013 1.093
*Faixas etárias com maior nível de informalidade
Fonte: IBGE