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Crescendo com a voz

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Ramon Ribeiro
Repórter

Surfando na mesma onda da boa fase da música potiguar, está cada vez mais fácil encontrar artistas mirins na cena local. Inspirados por diversos programas de talentos, como o The Voice Kids, cantoras de novelas mirins, como Larissa Manoela, e aquelas surgidas a partir do Youtube, como a MC Melody, meninas e meninos têm se lançado no sonho de ser intérprete no Rio Grande do Norte.
Aniele Costanho, coralista e estudante de piano
Servindo como plataforma para que crianças de 8 a 14 anos deem seus primeiros passos na música, o show de talentos “Solte a Voz Kids” tem movimentado as tardes de domingo no Partage Norte Shopping, na Zona Norte de Natal. A primeira fase do concurso mirim se encerra no dia 16 deste mês, quando serão confirmados os oito candidatos que disputarão as semifinais, no dia 23. A grande final acontece no dia 30 de outubro, com cinco participantes.

Assessora de comunicação do shopping, Michelle Phiffer comenta que primeiro foi feita uma edição com cantores adultos. A boa recepção e o interesse por parte de pais que queriam uma edição voltada para crianças motivou a organização a promover o concurso kids. “O resultado de público tem sido ótimo. Provavelmente deve sair uma segunda edição no próximo ano”, diz. O sucesso também entre os candidados, pois foram mais de 100 inscrições. “Natal não dá muitas oportunidades de apresentação para jovens talentos. Para eles, o concurso pode ser o primeiro passo de uma carreira”. O Solte a Voz Kids dá acompanhamento de produção musical para os participantes. “Há três ensaios por semana. São as crianças que escolhem as músicas que vão apresentar. Elas passam o som com a banda e criam como vai ser no palco”, explica Phiffer. A premiação do concurso dará um iPhone 6S para o primeiro colocado; para o 2º, um iPad; e o terceiro, um notebook. A comissão julgadora é formada por profissionais da área e o campeão terá uma música reproduzida na 96 FM.
Bia Vilar, cantora
Aperfeiçoando
Já classificada para a semifinal, Bia Vilar tem experiência de palco desde os nove, quando começou a se apresentar em Natal, em buffets e desfiles infantis. Sem nenhum músico na família, partiu dela o interesse por cantar, isso aos cinco anos, depois que uma professora da escola notou que ela era bastante afinada. A mãe Carol Vilar conta que no início a filha tinha certa timidez no palco, mas hoje está mais solta. “É o sonho dela. Quando se apresenta a gente vê o quanto ela gosta do contato com o público”, comenta a mãe.

Bia faz aula de canto há um ano com a professora e cantora lírica Hilkelia Pinheiro. Hilkelia conta que em suas aulas as crianças aprendem sobre afinação, a respirar corretamente e desenvolver a presença de palco. “São os mesmos cuidados que temos com os adultos, mas trabalhamos de forma lúdica”. Ela percebe que entre o segmento infantil a maior procura é para aulas de canto. “A gente vê que as crianças estão mais interessadas em cantar. Programas de tv acabam criando o estímulo. As crianças também se espelham muito nesses novos artistas que estão surgindo”, comenta.
Lourdinha: Coral infantil do IFRN incentiva talentos
Professora do Instituto Waldemar de Almeida e coralista Sabrina Fernandes também reforça a importância das aulas como estímulo pra o desenvolvimento das crianças. “elas aprendem a usar a voz de forma correta desde cedo, cantar com naturalidade, precisão, aprendem a respirar, usar a voz de uma maneira saudável. É preciso assumir a própria voz e não imitar a de algum artista. Isso pode ser prejudicial”, diz.

Há dois meses Sabrina dá aulas de canto para Jhennifer Cunha, artista mirim de 11 anos. Jhennifer não participou do Solte a Voz Kids, mas se apresenta em eventos da cidade com frequência, mostrando seu repertório musical infantil. Seu sonho é ser cantora e atriz, por isso se dedica em aprender o quanto que pode. Além das aulas de canto, estuda violão e dança, sem deixar que tantas atividades prejudiquem seu rendimento na escola, ela garante.

Mais oportunidades
Hilkelia acredita que há muitos talentos jovens espalhados pela cidade. Para ela, se o ensino da música fosse melhor, poderíamos estar vendo bem mais artistas. “Os espaços para uma criança apresentar seus talentos ainda são poucas. Mas acredito que futuramente o mercado vai criar oportunidades”.
Elizaldo Alves, cantor
Para Sabrina apesar de tudo, é preciso não pressionar as crianças. Elas estão apenas se descobrindo em uma área, o que pode mudar no futuro. A voz, por exemplo, muda com a idade e é preciso saber lidar com essas transformações naturais do corpo. “A vida é uma grande arte. Independente de qualquer coisa que elas venham a se tornar, a música é um meio de autoconhecimento. Saber cantar, assim como no esporte e outras áreas, exige disciplina e outros valores”, diz. “Tanto quanto grandes artistas, a sociedade precisa de bons cidadãos”.

Escola em São Vicente e ensaio em Jucurutu
Natural de São Vicente, Elizaldo Alves encantou todo o país com sua voz ao participar do reallty The Voice Kids 2016, da Globo. Com 14 anos, o artista tenta seguir a carreira de cantor com uma agenda de shows pelo interior do estado. “Participar do programa foi algo muito novo pra mim. Não estava acostumado aquela estrutura. Nunca tinha cantado sozinho num palco. Não dava para imaginar tudo aquilo que aconteceu comigo”, conta Elizaldo. Ele começou a cantar aos 8 anos, quando tentou participar do coral da igreja e a professora disse que sua voz era boa.
Sabrina: Assumir a própria voz em vez de imitar outros artistas
Hoje sua rotina é ir a escola pela manhã e estudar canto no horário da tarde. Os ensaios são sempre as segundas-feiras, em Jucurutu, cidade próxima. “No começo foi difícil me adaptar a essa rotina. Mas já estou lidando melhor”, conta. Elizaldo está trabalhando num projeto musical novo, uma banda de sertanejo universitário, um dos ritmos que gosta de cantar, assim como MPB. Mas o projeto ainda está em fase inicial.

Do coral para o piano erudito
A partir do canto, crianças também tem pegado gosto por outras áreas da música. É o caso de Aniele Sara Costano, de 14 anos. Fruto do Coral Infantil do IFRN Cidade Alta, a adolescente acaba de ser aprovada no curso técnico em piano erudito da Escola de Música da UFRN.
Hilkélia: Há poucos espaços para dar oportunidade ao jovem
A ligação de Aniele com a música começou por volta dos 3 anos, quando passou a cantar na igreja. Aos 8 pediu a mãe para aprender música e passou a frequentar a aulas de música da professora Maria de Lourdes Medeiros, a Lurdinha, maestrina e criadora do coral infantil do IFRN. Com a professora, além dos primeiros passos no canto, aprendeu flauta, partitura e teclado.

Ela conta que sua principal motivação hoje é a música, mas não descarta outras profissões. “A música é minha paixão, ela consegue abrir a nossa visão para um mundo diferente a cada dia. Mas não sei como vou me dividir, são coisas que amo. Quero estudar, fazer o curso técnico, faculdade, mestrado, doutorado, só não sei se na música ou no direito”, comenta.

ONDE ESTUDAR CANTO
Hilkelia Espaço Musical (Rua Engenheiro Antônio Lira, 1750, Tirol)
Com a professora Hilkelia Pinheiro. Aulas de técnica e performance vocal, teoria musical, musicalização infantil, sensibilização musical para bebês, dentre outros. Tel.: 99925-5848

Cantare (Rua Trairi, 516, Petrópolis)
Com a professora Sabrina Fernandes. As aulas de canto são para crianças a partir dos 7 anos. Tel.: 3211-0748 | 98713-7800

Instituto de música Waldemar de Almeida (Fundação José Augusto)
Curso de iniciação infantil para crianças. Dá uma geral nos instrumentos e no canto. Tel.: 3232-5357

Escola de Música Severino Cordeiro (Escola Municipal Ferreira Itajubá)
O projeto oferece aulas de iniciação musical para crianças e adolescentes, como canto e coral, além de vários instrumentos.

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