Rio – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta crescimento da economia brasileira acima dos 5% apenas a partir de 2010. A meta foi prometida pelo governo para 2008. O Ipea, vinculado ao Ministério do Planejamento, projeta crescimento gradual da economia nos próximos anos, puxado por uma forte expansão dos investimentos, de 8% ao ano, até 2010. Assim, o País alcançaria crescimento de 4,8% e taxa de investimento recorde de 23,8% no fim da década.
Os dados foram divulgados ontem, junto com a revisão de 3,6% para 3,7% da estimativa de crescimento do PIB em 2007. “O crescimento ficará aquém do cenário previsto no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas é de melhora progressiva”, disse o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC) do Ipea, Fábio Giambiagi. Ele explica que o maior desafio não é exatamente alcançar o patamar dos 5%, mas criar as condições necessárias para isso. O aumento da taxa de investimentos é uma das principais. Esta taxa patinou entre 18% e 20% do PIB entre 1995 e 2005, mas deve ter superado esta barreira ano passado e alcançado 20,5%. Para 2007, o instituto projeta taxa de 21,4% sobre o PIB.
As estimativas são de que o investimento na economia crescerá 8% este ano – acima dos 6,3% em 2006. O outro fator de estímulo ao crescimento vai ser a expansão estimada em 5% do consumo privado. Giambiagi explica que os investimentos crescerão mais este ano por causa de efeitos do PAC e da redução dos juros. O Ipea avalia que há espaço para reduções da taxa Selic de 0,25 pontos porcentuais a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ao longo do ano, até se chegar a 11,25% em dezembro. Com base na produção de máquinas e equipamentos e na evolução da construção civil, o Ipea estima que os investimentos cresceram 10,6% em janeiro. O Ipea alerta, contudo, para a necessidade de conter o crescimento dos gastos correntes, para abrir espaço ao investimento público, e melhorar o “ambiente regulatório”.
Para os próximos anos, as projeções do Ipea são de crescimento do PIB de 4% em 2008, 4,4% em 2009 e de 4,8% em 2010. Caso isso se confirme, o País terá condições de chegar ao fim da década com uma relação dívida líquida do setor público sobre o PIB na casa dos 40% (nos últimos anos a taxa ficou por volta dos 56%) e uma dívida externa líquida até negativa.
Giambiagi estima que é possível imaginar o Brasil com uma dívida externa perto de US$ 150 bilhões e reservas no mesmo patamar ou pouco acima. Segundo o economista, as projeções do Ipea para o crescimento do PIB este ano poderão ser revisadas. Ele não descarta que um eventual novo ajuste aproxime a estimativa de crescimento do PIB do patamar de 4%. Comentou também ser cedo para estimar impactos da volatilidade das bolsas mundiais dos últimos dias. “Esse baque ajuda a colocar os pés no chão”, afirmou.