Marcio Delgado
Especial de Londres
Estilistas apostam na criatividade para enfrentar a manobra política que deverá afetar o setor
“Esta edição da semana de moda coincide com um momento difícil na política. Mas deixando a política de lado e a possibilidade de sairmos da União Européia sem um acordo, nós sabemos que os designers londrinos são fantásticos. E em tempos de adversidade, a criatividade fica ainda mais forte” – acredita Caroline Rush, presidente do Conselho de Moda Britânico.
Durante a abertura do evento, na sexta-feira 13, Caroline, lembrou que eventos como a semana de moda de Londres servem para mostrar novas coleções à compradores e a imprensa internacionais e que o foco é mostrar também que Londres está aberta ao comércio internacional, independentemente do Brexit.
“A imagem não é a de que a indústria da moda esteja fechada. O poder da moda e cultura é mostrar que continuamos abertos enquanto país. São indústrias como a da moda que podem mostrar que somos grandes colaboradores e precisamos deixar claro que queremos continuar a trabalhar e negociar com outras nações.” – defende a profissional que está a frente do conselho há 10 anos.
Otimismo, no entanto, talvez não ajude muito caso o Reino Unido realmente venha a deixar a União Europeia já que, segundo pesquisa da Associação Britânica de Moda e Têxteis realizada em 2018 e divulgada no início de setembro, se o país adotar as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), isso irá custar à indústria da moda entre 850 e 900 milhões de libras.
Sentar na primeira fila
Pela primeira vez em sua história de mais de 30 anos, a semana de moda de Londres ofereceu a oportunidade para que qualquer pessoa, independente do seu setor de atuação, pudesse ver de perto alguns dos desfiles da temporada primavera/verão 2020.
House of Holland e Alexa Chung estiveram entre as grifes que desfilaram nos dias 14 e 15 de setembro como parte de uma nova série, aberta ao público, e com ingressos a partir de £135 (aproximadamente R$ 650 Reais).
Os cobiçados assentos da primeira fila, quase dentro da passarela, também foram disponibilizados para a venda, possibilitando meros mortais a ver os desfiles em posições de destaque geralmente reservadas apenas à celebridades ou editores de conceituadas revistas de moda. Porém, quem quis ter o mesmo privilégio de Anna Wintour, a britânica que está a frente da revista Vogue desde os anos 80 e que inspirou o filme ‘O diabo veste Prada’, teve que gastar um pouquinho mais: ingressos para a primeira fila foram vendidos a £245 (R$ 1.200,00) para cada show.