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Cuida de mim

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João Mariano Sepúlveda
Cardiogeriatra/www.medicareclinica.com.br #drmariano_sepulveda @no_formol

Terceira idades não prescindem de pessoas que cuidem ou acompanhem, é quase regra ou norma que um geronte ao atingir avançada idade, que é variável e individual, venha a necessitar de apoio terceiros.

Os cuidados podem ser desde a institucionalização dos pacientes em lares geriátricos, até uma simples verificação sobre o uso, frequência e adesão a tratamentos, e/ou consumo alimentar. Dependendo do grau de fragilização e dependência de cada pessoa. A idade pesa mas não é o fator determinante.

Cuidar é se permitir ser cuidado, e conceder a outrem “poderes” para decidir por você. Ângulo do que motiva os cuidados.

Cuidar e tentar interferir pouco no livre arbítrio, convencer! Visão daquele que exercerá os cuidados.

Convencer uma pessoa independente, lúcida e com pequenas limitações aceitar um Cuidador, ou um supervisor é tarefa muito ingrata.

Normalmente ocorre  somente após o primeiro ou segundo eventos. Quedas, fratura, traumas, episódios repetidos de tonteiras, fragilidade…. ufa!!

Quando o fator causal da aceitação do Cuidador, é brando menos mal, o drama é quando só é aceito pós problemas devastadores, como fraturas, quedas, ou AVC com comprometimento da mobilidade e necessidades amplas.

Cuidar de qualquer pessoa é tarefa extenuante, vejam as babás que acompanham crianças. Os que auxiliam os pós cirúrgicos.

Cuidar de idosos é uma tarefa muito mais complexa, quando totalmente dependentes dão trabalho porque tudo deve ser inspecionado, hora do banheiro, da agua, do banho de sol, dos medicamentos, variação de cardápio. Etc…

Quando ainda tem arbítrio ou parte dele a situação piora, porque entram em cena as prevalências das vontades, das concessões que algumas vezes podem ser prejudicial,  entra em cena a capacidade de convencimento do cuidador, seja ele familiar ou profissional.  

O Cuidador familiar eu comparo a mártir eleito por familiares ou que se entrega em auto emulação para essa árdua tarefa, filhos, cônjuges, irmãs, sobrinhos ou até mesmo antigos amigos e/ou servidores que se afeiçoam tanto a seus objetos de cuidar que se transformam em reféns de seus sentimentos.

Parafraseando  o Padre Fabio, “ você não entende mais nada, não fala mais coisa com coisa, me dá um trabalho de Hércules, não presta pra mais nada, não pode mais fazer nada por mim, mas eu não sei viver sem você….”

Isso é uma forma de amor incondicional, absurdo em escala gigantesca. O Cuidador familiar muitas vezes se anula, perde sua identidade deixa de ser uno para ser nós, eu e esse apêndice que carrego.

A óptica do idoso dependente também deve ser levada em conta, imagine alguém que sempre foi autônomo e independente de repente necessitar pedir água a cada instante, ou pior solicitar ajuda para se erguer de sua cadeira, ou cama.

Muitas vezes para ir ao banheiro ou simplesmente chegar a janela, fazer compras, ir ao supermercado…

Vestir uma roupa. Colocar um perfume, calçar um sapato.

Extremos,  até para respirar necessitar de alguém, deve ser muito difícil.

O Cuidador profissional da mesma forma é pessoa de bem com a vida, abnegado, você já trocou fraldas de bebês? Sentiu enjoos com o processo, imagina trocar as de adultos…

Escovar os dentes, limpar remelas, região genital, aspirar secreções, as famigeradas escaras, ulceras venosas, cheirosas…

Trocou toda uma roupa de cama urinada até 3 vezes em uma noite, sozinho,  tendo de mobilizar o paciente sobre a cama sem deixa-lo úmido e fedendo?

Quando o paciente é pesado então?

Quando é enxerido?

Quando não quer companhia de ninguém e manda embora o seu anjo da guarda. Quando o acusa?

Quando um familiar questiona a qualidade do que se esta fazendo, na maioria das vezes, de parte daquele que não se envolve com nada nessa labuta. Visitante especulador.

Enfim a arte de cuidar é artigo para pessoas bem resolvidas com capacidade de doação quase infinita.

Resiliente o bom Cuidador se molda e  se adapta.

Quanto trabalho, é dos mais difíceis de se realizar, com necessidades de treinamento e atualização diária, tanto no aspecto técnico, como mobilizar com segurança um idoso dependente, quando no aspecto humano no que se refere a tolerância as manias, reações e picuinhas diárias criadas por quem recebe os cuidados.

A demanda por esses profissionais mediante ao envelhecimento populacional será contínua e crescente, arregimentar vocações e valoriza-las será o objeto de politicas e posicionamentos institucionais.

“Nossa Senhora me de a mão, cuida do meu coração…  cuida de mim!”

Um Bom Domingo e que Deus cuide de dar a todos um bom Natal e ótimo ano de 2017.

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