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Cultura da vila abre passagem para a cidade

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Ações culturais que são individuais e ao mesmo tempo  representam um sentimento coletivo, podem informar, mudar mentalidades, e divertir na mesma medida. A Vila de Ponta Negra, onde o badalado bairro praieiro nasceu, é um desses lugares que possuem todo um movimento próprio dentro da vida na capital. Variadas iniciativas culturais atuam naquele pedaço de Natal, e vão juntar forças neste fim de semana: sábado será realizada a primeira ação do projeto Viva Vila, um circuito que mostra o que a vila tem de melhor em suas manifestações culturais, do folclore à gastronomia, da dança ao teatro. Das 9 às 21h, várias formas de ver e saborear a velha Ponta Negra.
Projeto quer atrair público para a Vila e mostrar os atrativos, dissipando estigma de violência no bairro
“O circuito é uma forma de vivenciar a vila com o que ela tem de melhor. Sabemos que é um lugar estigmatizado, mas a violência e a pobreza não têm fronteiras, e não é uma exclusividade local. O Viva Vila quer desconstruir os clichês sobre essa parte do bairro, exibindo a nossa cultura”, explica Ricelly Souza, uma das idealizadoras da iniciativa. O roteiro programado pelo projeto terá sinalizações para que os visitantes possam circular entre os pontos e participar um pouco das atividades de cada um. Atividades paralelas também compõem o circuito.

Passeio na horta
O primeiro ponto matinal do Viva Vila será o espaço verde do Casulo Amarelo, com um bate-papo sobre permacultura, compostagem, hortas e árvores, das 9 às 12h. O quintal é a sala de aula, com pés de macaxeira, mangueiras, ubaia, alfazema, etc. A partir das 14h terá um bazar com roupas e acessórios artesanais, e a exposição “Negras nossas raízes”, com fotografias e pinturas sobre personagens e mitologia negra. O Casulo existe há um ano, e já trouxe de performances a festas. “A interação com o público é fundamental. Nossas ações independentes mostram outras perspectivas da vila. Não somos só o Morro do Careca”, diz a produtora Júlia Monteiro.

#SAIBAMAIS#Ainda pela manhã terá ação na praia: o grupo Coco no Pé, que em todo terceiro domingo do mês se reúne para tocar coco aos pés do Morro do Careca, fará uma edição especial neste sábado, tocando das 8 às 10h. Às 10h terá ainda um mutirão de limpeza na escadaria dos pescadores. À tarde, a partir das 14h, todos os espaços culturais estarão funcionando. No arejado ambiente da Varanda Espaço e Movimento, o clima lúdico vai imperar. Começará com um bate-papo sobre o “sentido dos sentidos”, a Cia CasaMellada apresentando teatro de bonecos, exibição do filme Cine Holliúdy, o grupo de teatro Evoé com a performance “Com vida”, sarau poético, e um desfile de moda artesanal. Segundo Laura Maria, proprietária desse espaço, a Varanda surgiu pela falta de espaços úteis de convivência na vila. “Aqui é um lugar de consciência corporal e educação teatral. Desde março, recebo grupos que desejam fazer seus cursos por aqui”, diz. Ela acredita que a vila é um espaço de resistência. “A vila representa todo um estilo de vida, de cultura popular, de comer, de se vestir, de viver. E há também a natureza. É um privilégio morar aqui”, afirma.

A Casa das Artes, um dos espaços culturais mais antigos da vila, terá conguinhos de calçola às 17h, sessão de danças circulares, Cia Nawar de dança do ventre, e estará com seu espaço Chat Noir aberto para degustações; tem pizzas caprichadas, caldinhos, vinhos, e bebidas destiladas. A Casa é um espaço bucólico, arejado, idealizado pela atriz Maria Di Lia. O local oferece sessões de cinema de arte às quintas-feiras em seu galpão. “Temos um bar, mas aqui o principal é estar envolvido com arte”, diz.

Moquecas da vó
A Tapiocaria da Vó será o ponto gastronômico por excelência do Viva Vila. Contará até com uma promoção das moquecas de peixe e camarão. As tapiocas continuam como carro-chefe da cozinha: elas levam recheios de camarão, lagosta, bacalhau, presunto, queijo, coco, carne de sol, frango, e ginga – além das doces. No local também haverá uma exposição das rendeiras de bilro, além da mostra fotográfica “Retrospectiva – Processo Evolutivo”, do italiano Furio Cordini.

Às 17h30 haverá um cortejo, saindo do campo do Bota-fogo, que fará o trajeto por todos os espaços culturais. Na praça da igreja, às 16h, estará montada a Feira Feito na Vila, que expõe produções de artesanato, gastronomia e cultura realizadas por artistas do bairro, e mostra o potencial criativo e comercial de quem mora ali. Já o projeto Vir-A-Vila, no conselho comunitário e praça da igreja, terá às 15h contação de contos africanos e oficinas de máscaras e um jogo de xadrez com peças gigantes.

Segundo Ricelly Souza, o Viva Vila é uma iniciativa independente que pretende construir uma cultura de paz, num lugar onde muitos problemas acontecem. “Aqui é um dos poucos lugares em Natal que possuem uma noção de comunidade. Não podemos perder isso”, conclui.

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