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Cultura para quem precisa

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CÊNICAS - Artistas e estudantes em frente à sede do Operart

O turismo é a pedra fundamental da cultura.  A tese defendida como projeto de conclusão de curso há quatro anos pela então estudante Ana Patrícia Sousa e Silva, virou referência para 1500 pessoas cadastradas no projeto Operart – iniciativa cultural do Instituto FAL  com o patrocínio da Cosern pela renúncia fiscal através da Lei Estadual Câmara Cascudo, que oferece cursos nas áreas de dança, música, teatro, artes plásticas e artesanato em Natal e outros cinco municípios do Rio Grande do Norte para crianças, jovens e adultos. O serviço é gratuito.

O instituto funciona hoje como parceiro de 36 entidades, que oferecem o espaço físico em troca de material humano e de trabalho. Os recursos chegam através da lei estadual de incentivo à cultura Câmara Cascudo. Na época, a Cosern foi a única que topou a parada. “Fiz o projeto e fui na Cosern. Eles já estavam patrocinando o `Circo da Luz´, mas insisti tanto que acabaram pegando. Hoje temos 58 profissionais que prestam o serviço para a gente. Fomos reconhecidos recentemento como entidade filantrópica pelo governo federal e estamos entrando em contato com o Conselho Nacional de Assistência Social para poder oficializar e assinar a carteira de trabalho de todos os prestadores de serviço”, disse Ana Patrícia, ex-estudante e agora diretora executiva do Instituto FAL.  

O coroamento das atividades do Operart neste primeiro semestre será marcado pela apresentação do espetáculo “Retalho Nordestino”,  hoje, a partir das 19h, no Teatro Alberto Maranhão. As senhas poderão ser trocadas na hora por cupons fiscais. “O espetáculo envolve exposições das entidades que abrigamos além da peça criada pelos alunos. A produção desse espetáculo tem 77 pessoas. O pessoal que for ao TAM amanhã (hoje) vai poder ver outras apresentações e uma feirinha de artesanato”, conta.

Ela admite que o início nasceu na própria academia. “curso de turismo tinha duas cadeiras que falavam da cultura popular do Brasil e do Estado. Adorava as disciplinas e coloquei na cabeça que tinha de fazer alguma coisa nesse sentido. Apresentei o projeto na faculdade e o diretor encampou”, lembra fazendo referência a Faculdade de Natal (FAL) que apoia o projeto arcando com o salários dos diretores embora o instituto funcione de forma independente”     

Dos tempos de estudante,  Ana Patrícia ainda mantém o sonho de abrir espaços para os talentos escondidos. “É uma forma de dar oportunidade para as pessoas. Tem o caso da Associação dos Moradores e Amigos de Cauã (AMAC) formado por mulheres que costuravam, faziam crochê mais de forma medieval. Descobrimos e levamos um pessoal especializado.

A Tolli (empresa do ramo de confecções) descobriu do trabalho e começou a doar peças que sobravam do estoque, algumas porque estavam com defeito. E hoje, a empresa já pescou três peças da produção da entidade e reproduziu em grande escala para comercializar”, relata.

Atualmente, o Operart ainda vem desenvolvendo um trabalho único no Estado com portadores de deficiência. Através da técnica universal da musicografia (interpretação dos sons), alunos cegos, surdos e mudos estão aprendendo a tocar violão. “Tem um músico na cidade que perdeu a visão e sensibilizou dois professores do instituto, que passaram um ano e meio aprendendo a técnica para ensinar aos alunos. Descobrimos uma demanda muito grande desse serviço. Mas nossa capacidade hoje é de apenas 12 alunos”, disse.

Fal mantém projetos culturais no interior

O conceito de interiorizar a arte com a construção das Casas de Cultura Popular pelos municípios do Rio Grande do Norte atraiu o Instituto FAL. Ainda assim, a decepção com a falta de  apoio e movimentação cultural nas cidades já causou até a debandada do projeto de um dos municípios.

A diretora executiva do Instituto FAL, Ana Patrícia de Sousa e Silva, conta que a intenção e a vontade de trabalhar continuam. Mas a visão precisa melhorar.

A TRIBUNA DO NORTE publicou uma reportagem há duas semanas mostrando a situação de inércia de algumas CCP´s do Estado. Sem programação cultural definida nem atrativo para o público, a maioria dos espaços estão sendo alugados para empresas privadas que nada tem a ver com a arte.                 

Patrícia conta que chegou a abandonar o projeto na Casa de Cultura de Macau pela falta de organização. “Tentamos muito, mas não deu. Os agentes de cultura destacados pela Fundação José Augusto não tinham nada a ver com  a coisa. Faltava vontade”, disse.

Ela destaca a CCP do município de Campo Grande como modelo de funcionamento. Mas ressalta que a interferência do instituto e da empresa Boticário foram fundamentais. “Não fosse a gente e o Boticário não sei o que seria da Casa. O pessoal chegou a ligar para pedir dinheiro para comprar material de limpeza e de escritório”, afirmou.    

Patrícia acredita que a FJA deveria rever o projeto de construção das 20 CCP´s em outros municípios do Estado. “Acho que em vez de pensar em construir, a Fundação podia tentar dar uma movimentada nas Casas que já existem. Apenas construir não resolve o problema”, disse.

Serviço:
Espetáculo “Retalho Nordestino”, hoje, a partir das 19h, no Teatro Alberto Maranhão; Entrada: 10 cupons fiscais valem um ingresso. Contato: 3201-1221 (Instituto FAL)

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