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Curiosidades sobre a origem dos sobrenomes

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João Maria de Lima
Professor
São diversas as curiosidades sobre a origem dos sobrenomes mais comuns no Brasil. O interessante é que cresce, cada vez mais, o número de pessoas que estão pesquisando suas genealogias, seja na busca por suas origens, seja somente pelo desejo de conhecer e aprender. Há até “sites” e dicionários especializados no assunto, como é o caso do “Dicionário das Famílias Brasileiras”, de Carlos Barata e Cunha Bueno.
Um fato relevante é que, para fugir da inquisição, muitos judeus e muçulmanos que viviam em Portugal e Espanha, nos séculos 15 e 16, converteram-se ao catolicismo. Eles mudaram seus sobrenomes para coisas da natureza, como Leão, Carneiro e Pinheiro – embora essas nomenclaturas não sejam exclusivas deles. 
Para os índios canibais que viviam na época do Brasil colônia, sobrenome era uma questão de aquisição: eles iam agregando os das pessoas que comiam; portanto, colecionavam ao longo da vida – a quantidade era motivo de orgulho e ostentação.
A família imperial brasileira sempre teve nomes quilométricos. Quando nasceu, em 12 de outubro de 1798, o primeiro chefe de Estado do Brasil independente, dom Pedro I, recebeu 15 sobrenomes. Seu filho e herdeiro da Coroa, Pedro II, 14. Esse excesso de sobrenomes era uma forma de homenagear os antepassados mais próximos e, também, um hábito da nobreza portuguesa, que gostava de incorporar o nome de pais, tios e avós aos novos membros da família.
Apesar da profusão de substantivos próprios legados pelos antepassados, nenhum dos dois monarcas assinava um sobrenome antigo e, hoje, convertido no mais comum do Brasil e de Portugal: Silva. A diferença entre os dois países está no acréscimo do artigo definido mais preposição adotado pelos brasileiros, que costumam ser “da Silva”.
A quantidade de brasileiros cuja assinatura carrega “Silva” é tamanha que deixou o nome escrito no mapa The Most Commom Last Nome in Every Country (O sobrenome mais comum em cada país), produzido pela empresa de crédito NetCredit, divulgado em 2019. 
No português antigo e no galego, língua falada na comunidade autônoma da Galícia – fronteira entre Portugal e Espanha -, “silva”, assim minúsculo, significava “selva”, “bosques”. Logo a palavra se difundiu pela Península Ibérica e passou a ser usada em referência a quem vivia com os recursos das florestas. Foi então que, na Europa medieval, acrescentou-se ao nome próprio, o dado no batismo, a ocupação do indivíduo.
O portal Forebears, utilizado como base de dados do mapa da NetCredit, reúne informações sobre 11 milhões de sobrenomes por todo o mundo, como a sua concentração geográfica, sua origem etimológica e um dicionário de significados. O buscador compila dados de registros civis, empresas, paróquias, censos, hemerotecas, obituários e até listas telefônicas.
Especula-se que, na China, em 2852 a.C, já havia sobrenomes. Isso porque o então Império Fushi teria obrigado aqueles sob seu domínio a adotarem um nome que os diferenciasse. No Império Romano, os cidadãos apenas possuíam até três nomes próprios, referentes a si mesmos e sua família, mas nenhum sobrenome. O poderoso Júlio César era, na verdade, Caio Júlio César, tal como seu pai.
No Brasil, cerca de 18% da população tem um sobrenome de origem germânica, italiana, japonesa ou do leste europeu. Já os sobrenomes mais comuns, além de Silva, são Santos, Oliveira, Souza e Pereira, de origem ibérica (essencialmente português ou espanhol).  Há uma pesquisa, de 2017, feita pelo economista Leonardo Monastério, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que diz que seu sobrenome pode definir seu salário. Mas essa é outra história.
* Artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade do autor
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