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Curiosos de ontem evoluem e se especializam no futebol

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DESPROVIDO - O time do América, campeão estadual de 1956, não tinha ainda  preparador físico

Everaldo Lopes – Repórter e Pesquisador

Quando surgiram os primeiros clubes no futebol do RN – ABC FC, América FC, Centro Esportivo Natalense, Natal Esporte Clube e Alecrim FC, a preocupação dos dirigentes era tão somente a de arregimentar pelo menos 11 jogadores titulares e meia dúzia de reservas. Nem a figura do técnico preocupava, até porque quem escalava a equipe era o diretor técnico. O primeiro dirigente a assumir a função de responsável pela equipe e efetivamente com o nome de técnico foi o então ponta direita Vicente Farache, já nos anos 40. Antes, Farache era considerado o diretor técnico do clube, função que exercia muito mais por força de uma inconteste liderança no grupo, do que, propriamente, entender de futebol.

E não dava pra ter conhecimentos, se na época o rádio ainda engatinhava, os  jornais do Sul eram uma raridade numa única banca de revistas existente em Natal, nem livros, simpósios ou coisas parecidas chegavam às mãos dos diretores desejosos de treinar seus times. Nesse ponto, Farache levava vantagem pelo fato de ter feito seu curso de Direito no Rio de Janeiro, onde o futebol evoluiu muito cedo. Somente no começo dos anos 30 é que o profissionalismo chegou ao futebol brasileiro, com o detalhe de que, ao contrário dos dias atuais, foram os principais futebolistas em sua maioria eram rapazes da melhor sociedade. Se no Rio e São Paulo os primeiros profissionais surgiram em 1933, no  Nordeste somente a partir de 1945 os bons jogadores começaram a receber ofertas, mas de salários ainda pequenos Os militares que vieram residir e servir ao Exército no começo da 2a. Guerra Mundial, na grande maioria soldados, cabos e sargentos, jogavam de graça.  Os clubes mais procurados eram  ABC, América FC, Clube Atlético Potiguar e Alecrim FC. No máximo, esses jogadores de fora recebiam algum dinheiro para o transporte ou lanche.

Um começo de organização só veio a despontar no futebol da capital depois dos anos 30. Já se falava na criação do cargo de treinador, despontando a figura de Vicente Farache no ABC e Arari de Brito, no América, enquanto as demais equipes prosseguiam orientadas por autênticos curiosos. O Atlético, por exemplo, tinha como treinador Djalma Maranhão, naquela época professor de educação física do Atheneu. Maranhão nunca foi um bom jogador de futebol, mas treinava o pequenino Atlético. Com o tempo,  após o Mundial de 1938 e a chegada de jornais e revistas do Sul, a tendência foi buscar o aprimoramento na área do futebol. Surgiu a figura do massagista e do médico. O cirurgião José Tavares, que foi grande presidente dos abecedistas em vários mandatos, era quem atendia os jogadores do ABC e às vezes até familiares  dos atletas, no consultório ou no antigo Hospital Miguel Couto (hoje Onofre Lopes).

Se o ABC tinha José Tavares e, posteriormente, dr. Manoel Victorino como médicos,  no América os jogadores eram atendidos pelo dr. João Tinoco, na juventude um vigoroso zagueiro rubro. Ninguém ganhava nada. A maioria dos jogadores pagava pra jogar, sendo responsável pela compra do material de jogo. Os primeiros profissionais realmente dedicados ao futebol dos clubes, no RN, foram José Alfran, no ABC, Pedro Selva no Alecrim FC, Antônio Aladim substituindo José Alfran no futebol do ABC posteriormente, quando chegou e se encontra até hoje  o fisiatra Roberto Vital, atividade que divide com a de médico titular das seleções brasileiras paraolímpícas. Enquanto isso, no América há praticamente 35 anos, Maeterlinck Rego tem também grandes amigos nos principais clubes brasileiros,  expresidente da Federação Brasileira de Medicina Desportiva. Depois das figuras do técnico, do massagista e do médico de clube, foi a vez dos supervisores, e o primeiro a revelar vocação para o posto foi o hoje falecido Alberto Amorim,  dividindo suas atividades com a de funcionário da Assembléia Legislativa,  secretário do ABC e supervisor do futebol. Àquela altura, o América também ganhava seus supervisores, que eram Garibaldi Mendes (Lu) e Manoel Galvão (Lelé), sobrando ainda tempo para ajudar nas categorias de base do clube rubro.

As últimas  funções que chegaram ao futebol nesta capital foram as de preparador físico e treinador de goleiro. Vale lembrar que, sem disporem os clubes de fisicultores saídos das universidades, a função cabia aos próprios treinadores, muito mais na base do que haviam aprendido quando jogadores. Nessa linha de aprimoramento do futebol dos clubes surgiram os professores (com nível superior), Geraldo Serrano,  Roque José da Silva, Armando Lima, Armando Viana, Carlomagno Huguenin e José Maria Pinto. A quase totalidade dos clubes apelava para ex-jogadores, quando não era o próprio treinador quem fazia a preparação física do elenco. Nesse campo, sobressaíram-se Ferdinando Teixeira (posteriormente, treinador laureado, campeoníssimo em títulos estaduais, Alberto Lima (Betinho), Arthur Ferreira Neto (Arthurzinho), Eloy Simplício, “Vereador”, Ítalo Ânderson,  Quanto aos treinadores de goleiros, trata-se da última “inv enção” adotada pelos clubes, sempre desempenhada por antigos goleiros. E não podia ser diferente. Os nossos mais conhecidos são Hélio “Show”, Zé Luiz, Eugênio, Índio e Sérgio Maria. Claro, todos ex-goleiros.  

 

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