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Currais Novos: mina vai produzir duas toneladas de ouro por ano

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Luiz Henrique Gomes
Sílvio Andrade

Uma reserva de ouro antiga e importante no Brasil, mas pouco explorada, pode recolocar o Rio Grande do Norte no mapa mineral do Brasil. A área de 29,07 km², equivalente a quatro campos de futebol, localizado na região do Seridó, a 160 quilômetros de Natal e 30 quilômetros a leste da cidade de Currais Novos, foi adquirida pela Cascar Brasil Mineração para ser explorada, a partir do final de 2020, e ganhou nome de Projeto Borborema.

Mina tem 29,07 km² - cerca de quatro campos de futebol. Estudos serão concluídos em novembro
Mina tem 29,07 km² – cerca de quatro campos de futebol. Estudos serão concluídos em novembro

#SAIBAMAIS#Os estudos realizados entre 2009 e 2014 pela empresa, um braço da australiana Big River Gold, estimam, por ano, uma extração de 2 milhões de toneladas de minério bruto e a produção inicial de 1,8 a 2,1 toneladas de ouro a cada ano, durante os próximos 12 anos. Mas o diretor-presidente da Cascar, o australiano Andrew Richards, já pensa na continuidade e produção em outras áreas. “Existe a intenção da empresa de buscar o aumento da produção depois da operação inicial”, afirmou Richards em visita ao Brasil na última semana.

O presidente e os outros diretores da empresa evitam transformar a estimativa de produção de ouro em dinheiro devido à oscilação dos preços dos minérios no mercado. Mas, de acordo com a média histórica recente, um quilo de ouro equivale a 44,9 mil dólares. Se o preço se manter o mesmo nos próximos 12 anos—um cenário imprevisível, mas uma simulação— , a Cascar pode movimentar cerca de 97 milhões de dólares por ano com o Projeto Borborema. No mercado de minério, o preço do ouro é um dos menos oscilantes.

Os investimentos iniciais necessários para construção das estruturas, preparação dos acessos, diques, edificações e condicionantes ambientais são avaliados em R$ 200 milhões, ou US$ 60 milhões de dólares. Diretamente, a operação vai gerar entre 300 a 400 empregos diretos na primeira fase do projeto. A intenção, segundo externaram os diretores da Cascar às autoridades estaduais, é gerar empregos para brasileiros.

Para conseguir o financiamento, a Cascar vai em busca dos bancos mundiais a partir de novembro, quando finaliza o estudo final sobre a mina. A intenção é iniciar as obras de instalação para exploração a partir do primeiro semestre de 2020 e começar as operações 10 meses depois disso. “Queremos que tudo ocorra o mais rápido possível”, continuou Richards. A empresa recebeu dia 22 de abril deste ano a licença de instalação emitida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema).

Na avaliação do geólogo Alexandre Rocha, professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), alguns fatores da região contribuem para a expectativa do presidente da mineradora. Currais Novos viveu o apogeu da mineração nas décadas de 70 e 80 e ainda tem uma tradição forte no setor, facilitando a qualificação da mão de obra e estrutura (como rodovias) para a mina. “Uma mina dessas é importante, mas ela não seria viável se ficasse no coração da Amazônia”, avaliou o professor. “Temos minas no Maranhão que não são exploradas porque é preciso todo um trabalho na região. Aqui temos uma tradição da mineração que facilita muito.”

A própria área adquirida pela Cascar já foi explorada nas décadas de 80 e 90 pelas empresas Mineração Xapetuba e MGP Mineração e Agropecuário LTDA. “Mas na época a produção foi paralisada porque havia uma baixa recuperação mineral obtida e o preço do mineral estava baixo”, conta Rocha.

Esse conhecimento prévio da mina despertou o interesse da Big River Gold, empresa focada na produção do ouro, que adquiriu a área em 2009 e investiu mais de 20 milhões de dólares em pesquisas. Essas pesquisas foram necessárias não somente para ter dimensão da quantidade de ouro, mas também para o desenvolvimento de projetos de reuso d’água, já que a mina está situada numa região do semiárido, e do empilhamento de rejeitos, evitando a construção de barragens de rejeitos — na última década, duas barragens de rejeitos de mineração se romperam no Brasil e deixaram mais de 250 mortos.

Com toda bagagem consolidada do Projeto Borborema, que é o principal da empresa, Andrew Richards não exita em afirmar que a mina é a maior de ouro no Rio Grande do Norte e está entre as mais importantes do Brasil, mas não a maior — esse título fica com a Mina de Paracatu, no interior de Minas Gerais, com uma produção estimada de mais de 12 toneladas de ouro esse ano. “Ela não é a maior produção, mas certamente ela é significativa”, afirmou. “Você tem mina que até produzem mais, mas não são lucrativas. Então, a intenção é ter uma produção adequada para ter uma boa rentabilidade, para produzir por mais tempo”.

Questionados se essa reserva pode colocar o Rio Grande do Norte novamente entre os Estados mais importantes para a mineração no Brasil, a representante da Cascar no RN, Jucieny Barros, é clara: “a ideia é justamente essa”.

Produção

Ferro

Produção bruta 2017

Brasil 585.337.085 toneladas
Minas Gerais: 406.877.966 t
Pará: 168.495.286 t
Mato Grosso do Sul: 5.020.295 t
São Paulo: 4.850.498 t
Maranhão: 45.237 t
Bahia: 36.459 t
Amazonas: 5.913 t
Ceará: 3.613 t
Rio Grande do Norte: 1.818 t

Ouro
Produção em áreas de garimpo beneficiados – Bruta

Brasil 92.206.502 toneladas
Goiás: 36.037.863 t
Minas Gerais: 33.371.797 t
Pará: 13.313.709 t
Bahia: 3.273.576 t
Mato Grosso: 3.076.811 t
Amapá: 3.021.802 t
Paraná: 79.893 t
Tocantins: 18.537 t
Rio Grande do Norte: 12.513 t

Produção beneficiada

Brasil: 79.771 kg
Minas Gerais: 28.897 kg
Pará: 20.059 kg
Goiás 10.301 kg
Mato Grosso: 8.457 kg
Bahia: 6.241 kg
Amapá: 4.329 kg
Rondônia: 1.065 k
Paraná: 334 kg
Rio Grande do Norte: 34 kg
Amazonas: 32 kg
Tocantins: 22 kg

Fonte: Anuário Mineral Brasileiro – 2018
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