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Da boniteza

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Vicente Serejo
Não pergunte, Senhor Redator, quem danado enviou o endereço ou se tudo começa com os algoritmos. O que sei é que de uns tempos para cá tenho recebido, com absoluta pontualidade, os lançamentos das melhores marcas francesas de tudo quando é maquiagem. Não saberia nem grafar os nomes dos produtos, mas sei, por analogia simples, que ali está toda a engenhosidade humana criada em favor da beleza de homens e mulheres, entre toques e retoques magistrais. 
É uma pena que este cronista, nascido bonito – segundo o depoimento suspeitíssimo da sua mãe – tenha ficando a cada ano tão mais feio, a ponto de hoje não servir como cliente, muito menos modelo, para essas grandes marcas. Depois, sendo homem do interior, não seria capaz de aturar o embelezamento artificial. São os tais defeitos de fabricação, embora as revistas já mostrem a vaidade dos homens, até competindo com a maquiagem e os adereços das mulheres.  
Não discordo da utopia humanamente compreensível de que há outras belezas, além da física. Mas, convenhamos, ser bonito é meio caminho andado. Como dizia Antônio Maria – até já lembrei aqui – o feio só sabe que é feito no colégio religioso, no dia da procissão. Vai lá no fim, no meio dos outros. Por isso os feios, exatamente por serem feios, em geral, são humildes. Já os bonitos, não. Ostentam o abre-alas, a comissão de frente, com a beleza a reluzir sua magia.  
Meu pai, embora nascido numa aldeia de pescadores, era livre de certos preconceitos, embora religioso de rezar o terço e seus mistérios. Aluno interno durante anos e anos, carregou a forte influência dos Irmãos Maristas. Mas, gostava de dizer que a beleza não podia ser negada. Para ele, se um homem era bonito que fosse reconhecido. Ter medo de dizer era insegurança, ainda que não fosse necessário exibir opinião. E ele era um homem calado, no mais das vezes. 
Nada é tão justo como elogiar a beleza. Pode ser negada pela inveja, isso pode, mas nem assim é possível esconder de quem a tem. Nas mulheres, elogiar a beleza, hoje, é perigoso – corre-se o risco de ser visto como assédio se algumas não sabem tê-la. E há aquele tipo que sabe da beleza e ostenta, com antipatia. Mas, também as naturalmente bonitas. Tenho comigo que a beleza é plena quando é tocada de um certo encanto, da graça a vestir uma bela harmonia.
E há – pra que negar? – a beleza súbita que passa a vida inteira escondida dos olhos. Mas, está ali. Todos os dias. Como se fosse invisível. Uma hora, quando menos os olhos esperam, irrompe o milagre da revelação. Primeiro, vem em traços suaves, quase invisíveis, como um terno raio de luz a eliminar as sombras que antes a escondiam. Até que venha, de algum lugar – e nem se sabe de onde – uma inesperada sensação de encantamento. E, quando vem, é fatal.
AVISO – Fica provado, para todos os efeitos, sejam cívicos ou não, que o Covid 19 não teme o bastão dos generais. Nem aqui, às margens do Ipiranga, nem do Sena ou até do Danúbio Azul. 

MERMOZ – Para lembrar: sábado próximo, dia 16, no Sebo Vermelho, na Av. Ri Branco, às 10h, lançamento de ‘Jean Mermoz’, de Roberto da Silva. A biografia que marca o ano literário. 
PRÉ – A nossa bibliografia ganha um título singular: ‘A Pré-História do Rio Grande do Norte’, de Valdeci dos Santos Júnior, ele mestre e doutor em arqueologia pela Federal de Pernambuco. 

VALOR – Edição Brazil Pulishing – Paraná, 2020 – o livro revela a importância dos principais sítios arqueológicos do Estado com gráficos, ilustrações e informações nunca publicadas antes. 

DESTINOS – O sino que o poeta Diógenes da Cunha Lima fazia tocar em Pirangi vai ser levado para os jardins do Baobá, na Rua São José, e posto no alto de um tronco de ipê com nove metros.  

LENDA – Foi lá, segundo o poeta, não no Senegal, que Saint-Exupéry sentiu a inspiração para escrever ‘O Pequeno Príncipe’. Se a lenda agrada mais do que a verdade, publique-se a lenda.

VITRINE – A Cooperativa do Campus reuniu numa vitrine toda a obra de Clarice Lispector e faz uma promoção de descontos para marcar os cem anos da escritora hoje lida no mundo todo. 
ILHA – De Nino, olhando a pobreza do panorama político do Estado, enquanto as nulidades pontificam: ‘Vivemos na escassez absoluta de líderes e cercados de chefes por todos os lados’.  

ATRASADO – A fonte desta coluna pode ter errado ao informar que a governadora Fátima Bezerra pagaria até junho as duas folhas atrasadas. O débito, herdado do governo anterior, Robinson Faria, pode ser quitado antes, já que paga agora a primeira parcela do 13º salário de 2018. 
ESPAÇO – A produtora cultural Jussara Santos aprovou a Calicot Galeria Virtual no edital da Fundação José Augusto. Natal vai ter uma galeria virtual em plataforma digital com a projeção de obras de arte em três dimensões. Seu link:  https://calicotrio.com.br/calicot-galeria-virtual
ESTILO –  De Janio de Freitas em ‘Os sonhos dementes do Poder’, na Folha: ‘Está claro: um poder enlouquecido de autoritarismo, ambição e desumanidade, se não for enfrentado e vencido cedo, será cada vez mais autoritário, ambicioso e desumano’. É o jornalismo em alta voltagem. 
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