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Dá e passa…

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Vicente Serejo
E se é para malbaratar a vida, como diriam os doutos, é bom lembrar aos bolsonaristas – não aos normais, mas aos empedernidos – que o protagonismo é como a coceira – dá e passa. Mas, como também reza a tradição popular, para coçar é só começar. O presidente perde muito do seu protagonismo desde que iniciou sua louca jornada em favor da cloroquina que chegou a mandar fabricar nos laboratórios do Exército com o verde e amarelo do eufórico patriotismo.  
Jornalista não foi feito para opinar sobre os efeitos de remédios, sejam quais forem. Seria tão precário quanto médicos quando opinam sobre o que deve ou não um jornalista. O jornalismo reflete a realidade. Essa divisão, com opiniões, convicções e até pesquisas, de um lado e outro, pró e contra a cloroquina, ivermectina, hidroxocloroquina e que tais, já deixou muitas vítimas, no campo de batalha, e, com certeza, até o mito Jair Bolsonaro, e nem ele mesmo parece notar.
Por conveniência – nem diria cegueira, os bolsonaristas não percebem que da guerra que se travou ao longo de mais de um ano, quem perdeu foi Bolsonaro. Se nutriu o debate, como forma de mobilização da polarização, pode ter perdido um espaço de protagonismo na medida em que deixou que o tema fosse uma tarefa sua. Se não é médico, poderia ter posto nas mãos dos cientistas defensores, ao invés do discurso dúbio e desgastante que assumiu fortemente.
Guardo até hoje o recorte da análise da jornalista Flávia Lima publicada em 22 de março de 2020, pela Folha de S. Paulo, no espaço do Ombudsman, há mais de um ano. Ela demonstra os excessos retóricos do presidente. Alegava ‘o mito’, que depois do grave risco da facada que sofreu, não seria uma ‘gripezinha’ a meter-lhe medo ou abater. Foi como se acreditasse na pobreza de força da sua ‘gripezinha’, quando já estávamos diante de uma peste terrível e mortal.
Ali, o presidente começou a dividir seu protagonismo com a Covid, mesmo com os dois decretos que o Congresso aprovou declarando o estado de calamidade e o orçamento de guerra. Imune às cobranças no uso urgente do dinheiro, investiu em equipamentos no Sistema Único de Saúde, abasteceu financeiramente estados e municípios, assumiu o auxílio-emergencial criado pelo Congresso, mas partiu para o bate-boca, estéril e histérico, que ainda dura até hoje.
Pode não ser causa forte do sensível desgaste de Bolsonaro mas, com certeza, influencia. A polarização que liderava é a mesma, e em igual intensidade, mas agora no outro polo está a força popular de Lula, com a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular os processos. Era bem mais fácil, com ele preso, transformá-lo em símbolo do mal atestado pela Justiça. Livre, e lutando nas ruas, não será fácil derrotá-lo. Mas é útil quando afasta aquele ‘tertius’ libertador’. 
AJUSTE – Fica cada a dia mais difícil distinguir quem é oposição e quem não é no plenário da Assembleia. Não vale falar contra. Nem a favor. Vale o dentro e o fora do Palácio José Augusto.   
PRONTO – Já regulamentadas as atividades off-road, fora das estradas, nas veredas da Aldeia de Felipe Camarão. Agora falta regulamentar as atividades anti-Covid. Mas não precisa pressa… 
JOGO – A inscrição de Cadu Xavier, secretário de tributação do Estado, é vista pelos petistas como um reforço para a nominata do partido, com chance de tê-lo no plenário da Assembleia. 
MAS – A partir de agora, o secretário que transformou a árdua tarefa de fiscalizar e multar com isenção, corre o risco de suspeição do interesse político acima do público. É um grande desafio. 
FÉ – A chapa com Robinson Faria pra governador, seu próprio filho, deputado e ministro Fábio Faria para vice, prova que a política, acusada de ser fria e calculista, às vezes é questão de fé.
CIÚME – Hilariante, exatamente por ser verdadeiro, o artigo de François Silvestre mostrando que a Proclamação da República naquele 11 de novembro de 1889, foi o resultado de um chifre.
HOJE – O Sebo Vermelho lança, amanhã, sábado, das nove ao meio-dia, dois ensaios que acaba de publicar do historiador Olavo de Medeiros Filho, membro do Instituto Histórico Brasileiro.    
PERDA – De Nino, filósofo melancólico do Beco da Lama, sobre a semelhança entre a política e o amor: “O político e o amante sofrem com o amor perdido. Amor e poder vivem do tesão”.   
OLHO – O prefeito Álvaro Dias quebra seu silêncio e faz duas declarações: cumprirá o mandato de prefeito até o fim; e não tem compromisso político com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, ele que é a voz determinante no tucanato como a mais expressiva liderança do PSDB em Natal. 
RAZÃO – Como em política toda causa é remota, essa distância começa quando Dias foi pedir seu apoio. Carlos impôs um único nome: Aila Cortez para vice-prefeita. E ameaçou de forma velada que o veto significaria a retirada do seu apoio. Dias, cabreiro, aceitou. E foi ao combate.
EFEITO – Não basta registrar que a atuação de Carlos, na campanha, foi de nenhum empenho. Pode ter sido um erro. As urnas consagraram o protagonismo de Dias e hoje ele é determinante para um candidato a governador. Mas, não é impossível. Nada é impossível na política. Nada.    
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