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Da fina flor musical

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VALÉRIA:

Sem muito alarde, a música potiguar ‘bota as manguinhas de fora’ e ganha o país a bordo do CD “Imbalança”, da cantora e compositora Valéria Oliveira. Recém relançado pela gravadora carioca Deckdisc, o trabalho permanecia inédito no Brasil até então. Com direito a participações luxuosas de feras como Edu Lobo, Marcos Suzano (percussão), Carlos Malta (flauta, sax e clarineta) e o arranjador Mário Adnet (ex-Boca Livre), o disco já havia sido apresentado ao mercado japonês em 2004 pelas  mãos do produtor Kazuo Yoshida — também responsável pelos outros dois CDs  de Valéria lançados na Terra do Sol Nascente anteriormente: “Valéria Oliveira” e “Canto Livre”.

Apostando em um lado mais — digamos — ‘pra cima’, Valéria mostra sua faceta de intérprete em versões personalizadas de um repertório que reúne, entre outras pérolas, “Jack Soul Brasileiro” (Lenine), “Avião” (Djavan), “Chegança” (Edu Lobo e parceiros), a música título “Imbalança” (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), “Coração vagabundo” (Caetano Veloso), “Estação Derradeira” (Chico Buarque), “Hoje é dia de festa” (Jorge Benjor). Das 14 faixas registradas no CD, duas são da potiguar: “Fogo do Inverno” e “Flor da Felicidade”.

“Tudo foi muito de repente e confesso que fui pega de surpresa. Tínhamos (Valéria e o produtor Yoshida) feito contato com a Deckdisc em 2004, pouco antes do lançamento do disco no Japão, mas o projeto acabou ficando na gaveta. Esse lançamento foi uma coisa entre gravadoras”, explicou a cantora, que gravou a maior parte do disco no Rio de Janeiro. “Toda a base gravei no Rio de Janeiro, inclusive as participações de Suzano e Malta. Em
Natal gravei só algumas coisas”, esclarece Valéria.

Suzano já havia participado dos outros dois álbuns lançados pela cantora no Japão, e Malta apenas em “Canto Livre”: “Nesse terceiro, foi a primeira vez que conheci pessoalmente os músicos. Nos anteriores as gravações tiveram as gravações diluídas em estúdios do Rio, Natal e Japão”, lembrou. “Imbalança” foi o único que não contou com show de lançamento.

“Já estive três vezes no Japão, em 2002 passei três meses circulando pelo país com ‘Canto Livre’. Na época cheguei a trazer alguns discos na bagagem, mas era inviável pensar em distribuir os discos aqui no Brasil”, esclareceu.

Ainda sem saber direito qual será a estratégia de divulgação e lançamento planejada pela Deckdisc, Valéria espera poder lançar o disco com shows no Rio de Janeiro, São Paulo e em Natal. “Estou passando por um momento muito fértil na carreira, e ainda não parei para pensar em como dedicar tempo para conciliar este lançamento com a produção do próximo CD. Por outro lado, esse lançamento é muito importante para se chegar a outros lugares do Brasil. Como não quero ver o CD parado nas prateleiras, é totalmente válido um lançamento no eixo Rio-São Paulo”, acredita.

Além dos 3 lançamento nipônicos, Oliveira já materializou “Impressões” e “Lanterna do Futuro”. Atualmente trabalha na pré-produção do próximo disco. Nas suas andanças pelo mundo, também participou da gravação de uma música (“Me deixa em paz”) para o disco da banda de Yoshida — que pende para o lado do ‘jazz com sotaque brasileiro’. “Os japoneses são fascinados pela música brasileira, e o Yoshida tem um grupo inspirado no chamado jazz brasileiro”.

Valéria Oliveira, um nome em ascensão na chamada nova MPB

Sempre atenta ao que anda acontecendo de bom na chamada “nova MPB”, Valéria sintetiza com propriedade a evolução e a busca pela qualidade almejada por qualquer artista. Sem receio de aprender com as próprias dificuldades — leia-se crescimento como instrumentista e como cantora/compositora —, a potiguar transita com maestria tanto pela ‘cena underground’ natalense como pelos palcos e estúdios mais conceituados da cidade. Invariavelmente acompanhada por músicos de primeira linha, Valéria Oliveira costuma lançar mão de possibilidades fundamentadas em pesquisas, que remontam desde a brasilidade de Jackson do Pandeiro até os experimentos de Lenine.

Envolvida com o novo show “Anúncio de Antiquário”, que em breve deve voltar em nova temporada, Valéria Oliveira colhe os frutos de seu talento: o texto intitulado “Fragmentos que tocam a alma”, do produtor Josenilton Tavares, publicado em seu blog, exprime a sensação e as impressões sobre o novo show, que esteve em cartaz na Casa da Ribeira entre novembro e dezembro do ano passado: “O domingo é o dia ideal para descansar, deixar passar o tempo sem maiores preocupações à espera da segunda-feira. (…) Quem foi à Casa da Ribeira, no domingo dia 27/11, fugiu do lugar comum e teve a sensação de que a semana seria mais contemplativa. O show de Valéria Oliveira e banda proporcionaram sensações e reflexões que não estavam programadas para o dia. Acompanhada de uma excelente banda, uma segurança técnica peculiar e letras fortes construídas com sensibilidade poética e pluralidade, a intérprete demonstrou muita segurança em ótimas performances”.

Já o produtor Zé Dias, reponsável pela programação do projeto SeaWay Cultural e pela carreira da cantora Khrystal, acredita que este lançamento deverá servir de lição a outros artistas potiguares que saem em turnê por outros estados e países. “Era uma tristeza o potiguar não ter acesso aos lançamento japoneses da cantora. Espero que o exemplo de Valéria sirva de lição aos artistas independentes, que devem começar a levar a gravação master (material que serve para fazer outras cópias) para produção de tiragem nos lugares onde se apresentam.

Quanto à ‘Imbalança’, só digo uma coisa: se Edu Lobo está envolvido no projeto é sinal de que as coisas estão indo muito bem, sem dúvida um grande disco”, finaliza.

Lançamento do CD “Imbalança” (Deckdisc), de Valéria Oliveira: Informações no blog da cantora http://valeriacanta.zip.net/, ou no site da gravadora www.deckdisc.com.br.

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