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Da rua para os palcos

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Entrevista – Mark Johnson
Diretor do Playing For Change

Cinthia Lopes e Tádzio França

Se for para mudar o mundo para melhor, que seja com boa música. É o princípio do projeto Playing for Change, que incluiu Natal em sua turnê internacional de lançamento dos novos CD e DVD. Em apresentação neste sábado, no Teatro Riachuelo, às 21h, o show “Playing for Change 3 – Songs Around the World” trará a formação multiétnica da banda para tocar música de vários sotaques. Em entrevista ao VIVER,  Mark Johnson, criador do PFC, fala sobre a diversidade sonora, Keith Richards, e as ideias por trás do projeto. Todos entendem a linguagem da música.
Mark Johnson - Diretor do Playing For Change
O Playing é um projeto de música “global”. Quais informações musicais vocês absorveram da música brasileira. Há alguma canção em português?
O PFC faz sua música a partir da música de raiz e que vem do coração de cada uma das diferentes culturas onde gravamos nossos vídeos. Do Brasil nós aprendemos muito com o samba e o maracatu e também a com as influências africanas e europeias que formam a música brasileira. Nós gravamos e filmamos muitos instrumentos tradicionais do Brasil e esses sons se tornaram uma grande parte do projeto. Atualmente trabalhamos numa versão de “Aquele Abraço” de Gilberto Gil unindo brasileiros de várias partes do Brasil.

Como é elaborado o repertório do Playing For Change?
Cada CD/DVD tem uma sonoridade baseada nos países onde gravamos. No PFC 1, nós focamos mais na música Zulu e na música de periferia da Africa do Sul. No PFC 2 focamos mais no blues, na música de Bali e na Africa Ocidental. Já agora, com o PFC 3, estamos focando muito na música do Congo e na maneira como ela envolve a salsa e outros ritmos latinos. No entanto, nós sempre incluímos a música de Granpa Elliott que representa essencialmente a música de rua. Também, gravamos muito reggae que tem uma abrangência mundial e faz as pessoas dançarem enquanto escutam importantes mensagens sobre o mundo em que vivemos como por exemplo, “Get up stand up”, de Bob Marley.
 
Os artistas que tocaram no disco também fazem parte da banda? 
Todos os membros da banda PFC participaram das gravações pelo mundo. A formação atual da banda tem 12 membros de 10 países diferentes. Roberto Luti, Grandpa Elliott, Mermans Mosengo, Tula, Clarence Bekker e os demais participaram de todos os álbuns do projeto.

Há planos para um futuro concerto gratuito e a céu aberto? 
Nós adoraríamos fazer concertos do tipo. O PFC tem suas raízes nas ruas e adoraríamos levar a nossa música de volta pras ruas onde tudo começou, com a música nas ruas das pessoas para as pessoas. Nosso trabalho é levar música e esperança para todas as pessoas do mundo.
 
Como foi a participação de Keith Richards na banda? Ele trouxe alguma influência de seu estilo para vocês?
Keith Richards escutou nossa versão de “Gimme Shelter” em nosso último álbum e me convidou para uma reunião que resultou em sua participação no PFC3. Keith canta e toca guitarra  em sua música “Words of wonder” e em “Get up, stand up” de Bob Marley. Eu me lembro ainda de Keith Richards me dizendo, “Playing For Change, é a maneira que a música deveria ser”.

Como será a apresentação aqui?

O repertório do PFC tem evoluído ao longo do tempo e nessa turnê,  temos muita novidade, especialmente canções do novo álbum PFC3 “Songs around the world” incluindo  Get up stand up” e “A better place” uma canção original do PFC. Será uma mistura do canções famosas e originais.
 
Quais são as histórias que lhe marcam ao trabalhar junto com tantos músicos e lugares diferentes?
Durante as gravações do PFC3, nós visitamos o Congo, um país muito pobre mas tão rico em história, música e talento. Lá nós vivenciamos algumas das maiores inspirações musicais de nossas vidas e presenciamos tanta alegria num povo que vive com praticamente nada. Nos demos conta de que não importa o que você tem mas sim como você vive com o que você tem. E mais, que algumas das melhores músicas e arte vêm dos lugares mais pobres. Música é a chave. (ou música é a saída ?)

De quais projetos sociais e culturais o PFC participa? Algum no Brasil?
A Fundação PFC foi criada em 2008 como uma forma de dar retorno para as comunidades que visitamos nas gravações ao redor do mundo. Hoje temos 10 programas de música no mundo envolvendo 700 alunos e milhares de pessoas envolvidas na construção, desenvolvimento e sustentabilidade desses programas. Atualmente, estamos trabalhando na primeira escola de música projeto do PFC no Brasil, em Curitiba. Brasil é o coração do Movimento PFC e estamos muito ansiosos com a construção da escola e dessa parceria que contribuirá com as próximas gerações por muitos anos por vir.

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