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Da vida, sim – (fim)

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Vicente Serejo

coluna cupido
Não há como negar, Senhor Redator. Não é fácil enfrentar um amigo que domina o saber das palavras quando fala da arte de amar. É imperdoável no seu ceticismo e dele não escapam o homem e a mulher. Velho leitor de Arthur Schopenhauer, leitura caída de moda nesses tempos modernos, nem por isso deixa de ter na estante as obras completas que conhece com olhos minuciosos de velho artesão, de quando os homens vigiavam a vida.

Quarta-feira, dia sem graça que parte ao meio o correr da semana, ligou horrorizado com o furor do presidente Trump em quem enxerga intervencionismo eleitoreiro. Mas, na verdade contestou o que tem saído aqui sobre o amor. Para ele, não há sintonia de desejos entre homem e mulher. Os corpos de entendem, as almas não, para citar o poeta Manuel Bandeira. Fez uns segundos, e atirou firme: “As carnes não se desejam ao mesmo tempo”.

Como assim? Perguntei. E ele, indo buscar lá longe, no mais fundo da sua memória de ferro: “Os doutores renegaram Schopenhauer”. E atiçou: “Virou um démodé no mundo acadêmico, de modismos estéreis, soprados por alguns mestres e doutores em rios teóricos, buscando as distopias nas utopias, quando não enveredam por um inventado lugar da fala. Vivemos não do saber, mas de fórmulas que moldam abstrações conceituais pedantes”.

E explicou, afiando a navalha: “O homem e a mulher vivem ciclos diferentes no sexo”. Como é médico, para ele o amor romântico é invenção. “Quem leu Schopenhauer sabe que a excitação do macho e a da fêmea ocorre por força do desejo e sua química”. E afirmou: “O homem deseja até possuir o objeto do desejo. A mulher passa a desejar depois de possuída”. E a fidelidade? Provoquei. E ele: “Se for por crença ou disfunção biológica”. 

Ainda tentei falar, mas ele lançou a frase de Schopenhauer para lembrar que ninguém pode olhar o ser humano como algo perfeito, ainda que a cultura cristã o tenha banhado com os santos óleos da semelhança divina. Para ele, o filósofo pode até ter sido mais cético do que o razoável, mas suas verdades não podem ser postergadas. “Lembre-se da sua lição de que o homem não é digno de ser invejado”, atirou sem a menor piedade. 

Quando a conversa amainou, ele pediu desculpas – “foi abuso arrancar um amigo de sua paz”. E renovou o convite para vencer qualquer tarde dessas com um velho Rémy Martin que não deixa faltar na mesinha da varanda. E os charutos que recebeu de presente no Natal. “Não saio mais de casa. A não ser para ir a bancos, médicos ou almoçar com os amigos. Avise. Espero vê-lo no dia manso de um futuro muito breve”. E rápido, desligou.

AVISO – É muito mais fácil, a essa altura, a mudança do prefeito Álvaro Dias para o PDT do prefeito Carlos Eduardo Alves do que sua permanência insegura no seu já velho MDB.

ALIÁS
– Pelas normas internas do PDT, os detentores de mandatos com direito à reeleição não podem ser vetados na convenção partidária. Só se por motivos graves e superiores.

RESTA – Saber se, não podendo ser candidato a prefeito, Carlos Eduardo Alves apoiaria a chegada de Álvaro Dias. Ai passam dois rios. O de águas calmas e o outro, das caudalosas. 

CONTA – O governo precisa avaliar os efeitos da redução do preço do querosene para a aviação. O resultado final pode não ter sido tão promissor. Mas não fazê-lo teria sido pior.

DÚVIDA – A proposta da governadora Fátima Bezerra, uma socialista assumida, manterá isenção de previdência para quem ganha até um salário mínimo ou vai já fixar nos 11%?

MAIS – Outra dúvida: até quando vai a contribuição de 11% do trabalhador? Até atingir a três salários mínimos? Quem pagará entre 16% e 18%? Será maior sobre grandes salários?

AINDA – A quem, desta vez, a Assembléia irá representar? De quem vai cobrar a alíquota maior? Qual a faixa? A decisão é dos deputados, mas governo tem uma maioria absoluta.

PERIGO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, sobre os perigos do desejo: ‘Os olhos, amestrados pela força dos bons costumes, aprenderam a esconder os desejos’.

PROEDI – É possível que a governadora determine um ajuste no Proedi para garantir uma forma de incentivo a quem contratar facções industriais no interior gerando mais empregos diretos. A boa idéia, informa um deputado consultado, é incentivar a criação de empregos.

CLARINS – Os gauleses, saudosos da juventude e temendo que velhas nuvens sombrias da intolerância desabem outra vez sobre o Brasil, vão espantar com alegria os maus agouros numa festa, dia 08 de fevereiro, das 17h às 21h, no 294, Av. Deodoro.  A banda vai tocar.

FOLIA – No dia 15, às 16h, os gauleses estarão concentrados no 294 para um desfile entre suspiros poéticos e saudades. Passam na Letra & Música, na Manuel Dantas; vão andando e frevando, e desaguam no largo do Atheneu. No estandarte, o traço vivo de Flávio Freitas.

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