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Da vida

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Da vida

Não conheço, Senhor Redator, principalmente nunca vi, ninguém que tenha organizado a vida como algo sob controle. Não é possível vencer completamente o atrito com a realidade. Ele sempre vai iluminar com luzes e escurecer com sombras as dobras do caminho. Ninguém nunca será feliz de uma felicidade impossível. Ainda seja humano e até humanamente compreensível, a busca de realizar as aspirações que dançam nos abismos, entre o pesadelo, a vertigem e o êxtase.

Muito cedo, talvez pelas surpresas que assaltam a paz da carne e do espírito, descobri que só se é feliz da felicidade possível. Quem, por destino ou mania, tem elevados graus de aspiração e vive de tentar alcançá-los, ou se torna infeliz para sempre, se caído na frustração mais profunda, ou acaba nas teias da soberba. Neste caso, e, quase sempre, exposto às mais duras privações quando descobre que o poder não resolve tudo, mesmo que o dinheiro como aliado tenha seu real valor. 

A vida, se é bom lembrar, transita da prosaica lição do samba-de-breque de Billy Blanco – “mais alto o coqueiro, maior é o tombo…” –  à boutade terrível de Millôr Fernandes, esse filósofo da vida banal, quando adverte que o capitalista só sabe o limite do dinheiro quando lhe cai na mão um diagnóstico de câncer. É que a vida pode ser vivida na placidez do meio, e, às vezes, medíocre, mas também vai aos extremos, se a matéria e o espírito não encontrarem o ponto de equilíbrio. 

A vida, às vezes penso, seria certamente mais fácil se fosse como um gaveteiro e nele, nas suas gavetas compartimentadas, fosse possível acomodar o ódio e o amor, a ira e o riso, o beijo e o escarro, para quando fosse indispensável usá-los. Não é assim. A própria psicanálise admite que o ódio pode ser um amor enlouquecido, se é na boca que nasce o fel e vive o riso doce; se é verdade que essa boca que beija é a mesma que escarra, como nos versos trágicos de Augusto dos Anjos.

Vivemos, fortes e fracos, entre pedradas e afagos, mas a ninguém será concedido negar que eles dão a têmpera que galvaniza a coragem de viver. Principalmente de descobrir que tudo passa. E passa porque faz parte do ritmo inconsútil dos dias. Ninguém, nem os felizes e os infelizes, são felizes e infelizes a vida inteira. Tudo passa. Tristezas e alegrias. O segredo, se é que há segredos na arte de viver, é guardá-las como se não fossem para sempre, posto que a vida também é assim.

Tudo talvez esteja resumido na pequena história simples que Ernesto Sábato encontrou nas páginas de um jornal: uma pobre louca foge do manicômio e corre para a estação de trens. E ao tentar pôr em movimento uma locomotiva, na esperança de encontrar seu marido, é arrastada e levada ao chefe que lhe acusa da tentativa de apropriação indébita. Ela ouve em silêncio. Só depois pergunta à autoridade que então ameaça prendê-la: ‘O senhor nunca fez uma loucura por amor?”.

PALCO

LUTA – Ainda não há em pesquisas internas, da situação ou das oposições, e mesmo as sigilosas, sinais seguros de um segundo turno em Natal. O que não é imutável. Só em novembro se saberá.

CUIDADO – Embora apoiado por todas as lideranças da tradição familiar, o prefeito Álvaro Dias prefere aparecer sozinho e mostrar suas obras. Sua ideia é não cutucar a rejeição com vara curta.

XUXA – Já nas livrarias as memórias de Xuxa, a Meneguel, fartamente ilustrado e pobremente contadas, por R$ 49 reais. Muito para saber a sua história e pouco para olhar a carne da sua beleza.

SINAL – Mano Targino é um machão: acaba de comprar a película completa de ‘Paraíba Mulher Macho’, em 16mm, e um projetor em perfeito estado. Mas acha pouco e ainda convida os amigos.

SUCESSO – Por falar em Mano: sua criação do Porco Preto, casco de burro, herança velha, ainda da presença ibérica no sertão, já produziu bons filhotes que engordam sob o seu olhar sertanejo.

MOSSORÓ – A próxima pesquisa TCM/TS2 será dia 12 de novembro, três dias antes das urnas, a 15 de novembro. É um instituto novo e faz suas primeiras pesquisas sobre a sucessão municipal.

FESTA – Nos jardins da Reitora já floram as craibeiras, assim como as da Av. Rui Barbosa. O Pau-Brasil solta suas flores amarelas e miúdas e o ipê rosa cuida em silêncio da florada nos morros.

HUMOR – De um bem humorado olheiro: “Candidatos da oposição em Natal cumprem à risca o conselho da Organização Mundial de Saúde, evitam aglomeração”. E acrescentou: “Por inanição”.

CAMARIM
RISCO – O projeto do novo mercado da Redinha, parece mais para modernoso do que para a velha e pitoresca arquitetura praieira. Tomara que não substituam seu velho telhadão de telhas coloniais por aquela cobertura do mercado das Rocas. Modernoso mistura o falso original com o horroroso.  

ALIÁS – Em matéria de mercado, a arquitetura municipal não tem sido feliz. Na praça do Canto do Mangue o quiosque ficou abaixo do muro e esconde o rio. No primeiro andar do Mercado do Peixe, ninguém, sentado às mesas, tem a visada do Potengi. Há leis na PMN contra o bom gosto?

EXTRELAS – Nos ícones reunidos por Joyce Pascowitch no anúncio da nova fase virtual de sua revista de circulação nacional, na galeria de fotos, entre as maiores estrelas brasileiras, duas do Rio Grande do Norte brilham fortes: o empresário Flávio Rocha e o neurocientista Sidarta Ribeiro.

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