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Das coisas eternas

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Quando, numa manhã, muito longe daqui, desembarquei de um grande navio branco no cais de Istambul, fiquei diante da Mesquita Azul. E espetei a carne dos olhos nos minaretes que azulavam à distância, sentindo a profunda sensação da insignificância humana. Como naquela tarde em que andei sobre os ladrilhos da Abadia de Westminster, pisando nos nomes tão cheios de glória: reis e imperadores, poetas e escritores, santos e heróis desconhecidos de um aprendiz.
Maior, só a sensação do sublime que senti perto do infinito ao cruzar a grande nave da Basílica do Vaticano, naquela Roma cristã, um anagrama de amor, como escreveu o grande Afonso Arinos. Alisei com os olhos as colunatas de bronze do Baldaquino secular, nascidas das mãos de Bernini para guardar o túmulo de Pedro; a porta do tesouro; a caveira, sobre a portada lateral, símbolo da finitude da vida, tão pobre é a condição humana diante das coisas eternas.
Ora, o que seríamos diante de mais de dois mil anos da glória de Deus e da Igreja, não fôssemos feitos à sua imagem e semelhança, a revelação humana das coisas divinas? Naquela hora, pensei em Cioran, o filosofo romeno Emil Cioran, um cético feroz e invencível. Que pena dos que não acreditam, por mais respeitosos que sejam o ateísmo de uns e o agnosticismo de outros. Quem negou a seus olhos tão sábios e tão eruditos o belo e inenarrável mistério da fé?
Sentado num banco, perto de Pedro, e rezando a oração que aprendi com a minha mãe, fiquei depois olhando uma mulher que parecia italiana a murmurar suas orações. Quem a fez assim, tão cheia de fé, se estávamos ali e poderia ser apenas para a contemplação da beleza material e arquitetônica do mais impressionante monumento da vida cristã? Se tínhamos, diante dos olhos, a Pietá de Michelangelo, a sustentar nos braços de mãe a dor de um Jesus morto? 
Já andei pelo mundo, Senhor Redator. Algumas vezes. Não tantas que me fizessem ter a sensação de conhecê-lo. Ouvi o canto Gregoriano em Westminster; rezei como um pecador no Vale de Los Caídos; caminhei nas ruínas de Éfeso, comunguei em Notre Dame; e descansei o corpo fatigado depois de subir a colina para olhar de perto a Acrópoles. Ali, no mesmo lugar em que esteve o grande Henrique Castriciano, às lágrimas, diante do amigo Afrânio Peixoto. 
E depois de andar Seca e Meca, contadas as descobertas e somados todos os espantos, ergueu-se ainda mais viva na alma a certeza da fé. Não foi à toa que herdei do meu avô e do meu pai a herança mariana que carrego comigo. E em verdade, em verdade, declaro: jamais  negaria a minha fé, nem diante do homem mais poderoso do mundo, se posto à sua sombra, por artimanhas da vida ou do destino. Devoto que sou da Sereníssima Mãe dos filhos de Deus.
Palco

BRASÃO – A governadora Fátima Bezerra certamente não cometerá a omissão de esquecer a professora Anadite Fernandes, sua colega, para a solenidade, dia 7, do brasão original do RN.   
HISTÓRIA – É da professora Anadite, e somente dela, o mérito de ter percebido a distorção no desenho original de Corbiniano. E foi este colunista que divulgou sua percepção técnica. 

ALIÁS – Anadite é autora de um livro sobre os brasões, escudos e bandeiras dos municípios do Rio Grande do Norte que publicou com seus próprios recursos. Sem qualquer ajuda oficial. 

LIVRO – O padre José de Freitas Campos, Padre Campos, pároco de São Sebastião, a antiga Baixa da Beleza, já trabalha na revisão final da biografia que escreveu do Padre Miguelinho. 

HERÓI – Miguelinho não é só o grande herói, ao lado de Frei Caneca, na Revolução de 1817. É o único herói do RN, aquele que não negou a sua assinatura diante do Conde dos Arcos.
FEIO – Hoje, no obelisco erguido nos 100 anos, em 1917, e diante do qual falou Henrique Castriciano, as placas de bronze não existem mais. Foram roubadas. E ficou por isso mesmo. 
AGONIA – Por falta de concurso, a Emater já tem hoje cerca de 140 estagiários substituindo técnicos de nível médio e superior. Neste RN, com 90% de sua área encravada no semiárido.  
TIRO – Do profeta do Grande Ponto provocando esta coluna por ter defendido a tese de que há um maniqueísmo na política: “Sem ter Bolsonaro e sem Lula a sua imprensa viveria de quê?”.  
Camarim

ATENÇÃO – Natal promove a 32ª Jornada de Ginecologia e Obstetrícia, de 8 a 10 próximos. Na pauta, a discussão científica de vários temas, como o novo padrão de beleza da genitália feminina e os casos de indicação cirúrgica para as correções anatômicas ou embelezadoras. 

CRITÉRIO- O release enviado a este cronista informa que a cirurgia plástica ou ninfoplastia, principalmente para corrigir a estética dos pequenos e grandes lábios, só é recomendável a partir dos 18 anos. Até lá, feios ou bonitos, atraentes ou comuns, a medicina nada pode fazer.
FILO – Não é novidade. É bom lembrar aos lascivos, quase sempre bons usuários da beleza, mas descuidados com a filosofia, que a estética busca entender os fundamentos do belo diante das emoções nascidas da fragilidade humana. Emoções fortes ou fracas. Depende de cada um. 
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