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Das lendas

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Vicente Serejo

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Povo bom e trabalhador, mas rendido às suas próprias invencionices, sem líderes e sem heróis – só Miguelinho arcabuzado em Recife ao defender a liberdade – somos o que somos e já não somos mais o que fomos ontem. Vivemos de mascar o fumo de velhas e falsas lendas, como se bastasse ao pobre amor-próprio que nos foi dado ter. Enganamos uns aos outros na toada de vaidades que a letargia foi desbotando nesses dias e noites de provincianismo bocó.

Afastemos nomes para dotar de impessoalidade a pobreza cultural e política, e vejamos o que nos resta: quase nada para dizer tudo. Uns poucos que resistem ao palor de uma palidez, para ser redundante, na monótona repetição de figuras e idéiasque apenas se revezam no andor. Não temos  infantaria que nos ergam as paliçadas da defesa do território nesta Capitania que ficou sem dono desde que doada de presente a João de Barro e aqui nunca veio conhecer.

O que fomos está no passado, sob a liderança de Pedro Velho que sendo um chefe de oligarquia aristocrática, e talvez por isso mesmo, proclamou a República e elegeu governantes que fizeram os últimos grandes anos do século dezenove e os primeiros do século vinte. Até a República Velha, com José Augusto Bezerra de Medeiros e Juvenal Lamartine. Veio o fragor da Revolução de 30 e, entre tenentes, resistimos sem conquistas chefiados por interventores.

Depois de 46, com a Constituinte, feita da promessa de varrer os vícios e renovar os hábitos, vieram os anos cinquenta e, neles, o surgimento dos dois últimos líderes de verdade: Dinarte Mariz, que governou entre 1955 e 1960; e depois Aluizio Alves, que fez uma revolução pelo voto entre 1960 e 1965, dando magnitude à ação política. Dos governos biônicos nasceu Cortez Pereira que ampliou nossas fronteiras econômicas, encerrando o ciclo das inovações.

Dai pra frente, caímos na mesmice de idéias e ações ao longo de governos que pouco inovaram. Por isso mesmo, não promoveram grandes avanços. Nos primeiros vinte anos,deste novo século, o vinte e um, inauguradores do terceiro milênio, o que temos, saído das urnas, não nos acende o ânimo. Queiram ou não os belos príncipes do otimismo, somos até garbosos na elegância das vestes, mas não ocupamos espaços que nos levem a um futuro melhor para todos.

A esperança, de preferência sem cores ideológicas, não há de fenecer nos nossos corações e mentes, mas do jeito que vai o andor temos poucos grandes frutos nas gavetas dos poderes. Salários ainda atrasados que deveriam ter sido pagos em 2018, lutas por piso salariais miseráveis e ainda assim negados; uma ausência absoluta de grandes ideias que se transformem em grandes obras, e uma falência que nos ronda feitoum lobisomem. Contestar, quem há de?

MISSÃO – Para a governadora Fátima Bezerra e o presidente da AL, Ezequiel Ferreira, o ideal mesmo é o deputado Raimundo Fernandes na relatoria da comissão da reforma da Previdência. 

ESPAÇO – Raimundinho não é esquerda, nunca foi e não tem semelhança ideológica com o PT, mas hoje é deputado de trânsito livre junto ao governo Fátima. Vai relatar aparando arestas.

MAS – O desejo do governo não para aí. Quer seu líder, George Soares, na presidência. Caso a solução venha a ser imposta, com o apoio do presidente Ezequiel Ferreira, a oposição se retira.

ALIÁS – É nessas horas, quando o Legislativo revela-se o maior aliado do governo, que é falsa a firmeza de oposição de alguns poucos deputados que se anunciam e depois caem no silêncio.

CINCO – A oposição rejeitou a comissão deapenas três membros. Não haveria nem discussão. Nasceria 2 a 1 para o governo. Com cinco, aprova, mas discute e solta seus fogos de artifício.

VICE – Ninguém duvide se o médico Kleber Morais sair candidato a vice de Álvaro Dias pelo PDT se a aliança majoritária contar com presença de Carlos Eduardo Alves. Até o PV apoiaria.

PONTO – Na entrevista Pedro Lopes, controlador do Estado,revelou: o RN pagou dois meses atrasados reduzindo a despesa com pessoal em 2%. Portanto, é um mito ser impossível reduzir.

BIGODE-De Nino, filósofo melancólico do Beco da Lama, sabendo da atuação de Raimundo Fernandes na tal comissão da previdência: “De besta só tinha o bigode e assim mesmo já tirou”. 

ÍCONE – Natal sepultou ontem, aos 85 anos, Genardo Lucas da Câmara, primeiro violonista clássico da cidade com recitais no Teatro Alberto Maranhão, quando era Carlos Gomes, e em Recife, no Santa Isabel. Considerado um grande virtuose e que a cidade nunca homenageou.

SAÍDA – A prefeita Rosalba Ciarlini foi buscar sua cunhada, Isaura Rosado, para fazer aquilo que não fez ao longo de três anos: a mobilização cultural da cidade. Uma tarefa que Isaura sabe fazer muito bem. Aliás, foi Isaura quem fez da ação cultural a maior marca dos mossoroenses.

HISTÓRIA – Vem ai um dos mais credenciados e históricos depoimentos sobre a vida política de Djalma Maranhão antes, durante e depois de prefeito de Natal: o livro de Roberto Furtado, ex-secretário de Djalma, que será lançado no dia 18, às 18h, nos salões do Solar Bela Vista.

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