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Das sucupiras em flor

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Vicente Serejo
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Ao longo do ano inteiro, se vistas daqui, de bem de longe, são invisíveis. São Verdes. Como verdes são todas as árvores que cobrem os morros. Só depois dos agostos, chegando aos setembros, começam a perder as folhas. Caída a folhagem, ficam tão secas e esturricadas como se fossem morrer. E então iniciam uma primavera anônima. Se cobrem de uma floração quase diáfana que vai ficando mais lilás, lilás, depois desaparecem. São as sucupiras em flor.

Diria a ciência, num jeito tão sem graça, que tudo isto nada mais é do que a floração sazonal das árvores da família das farbáceas, muito comum nos trópicos, principalmente na Mata Atlântica que se estira sobre as dunas e os tabuleiros costeiros. Não duvido. O que não é justo, por uma certa frieza dos cientistas, é que alguém se arvore de árvore – e perdoem esse trocadilho infame – e faça sua beleza prisioneira de um mundo tão miseravelmente banal.
Aliás, pra ser sincero, só sei que são farbáceas, porque está em dois belos volumes que há anos vivem aqui com o registro da flora da Mata Atlântica. E depois, francamente, o que pode atestar um pobre leigo que apenas a tem como dádiva para os olhos? Nada. Nadinha. Nonada. O que sei e o que passo aos outros é apenas esse relatório sucinto e sincero de toda a beleza que explode nos morros, entre amarelos e rosas dos ipês avisando que o verão chegou.

Alguma alma pragmática há de dizer, não sem razão, que uma crônica sobre a florada das sucupiras não serve pra nada. É verdade. Não serve. Mas também não é justo que se cobre de um cronista de província a utilidade que nunca prometeu. Acreditem, não custa nada: um cronista não tem serventia. A não ser para ele mesmo, afinal vive disso e, tanto pior, não sabe fazer outra coisa. Outros – numa paráfrase ao soneto magistral de Ledo Ivo – viriam lúcidos.

Não sabem os leitores que muitas vezes as desrazões são mais imprescindíveis do que as razões. Imagino que deve ter sido o inútil o que levou a alguns dos maiores escritores portugueses, entre eles Eça de Queiroz, a fundarem a Confraria dos Vencidos na Vida. Não sei se esse nada ter sido credencia um cronista a fazer parte. Sei que não venci, se vencer é gozar de algum poder feito da glória material. Nem por isso, sou menos feliz que os outros.

O que cabe a mim, e faço com prazer, é avisar que começou a florada das sucupiras. Majestosas e belas da beleza efêmera de alguns poucos dias, enquanto não chegam as chuvas de verão que espantam o calor como se afagassem os maturís que amanhã serão cajus. Elas encantam este pequeno mundo daqui e já preparam os olhos para a festa das flores. E, assim, advertem que apesar de tudo é preciso viver intensamente a alegria do verão que vai chegar.

SINAL – Dos tempos: nas redes sociais a imagem de uma mulher bonita suspendendo a blusa num movimento sensual. No lugar do peito, aparece uma pistola. É o mundo que vai se acabar.

REAÇÃO – Não ficou bem na fotografia o deputado Ezequiel Ferreira ao apoiar, sem por em discussão aberta, a aprovação do Proedi. Ele viu a reação, alegou compromisso e se retirou.

ALIÁS – Na visão de um prefeito em conversa com este cronista, o Poder Legislativo não tinha o direito de ser o parceiro secreto de uma decisão sem debater. Acabou virando um cúmplice.

PIADA – A emenda de Nélter Queiroz que estendia o mesmo aumento de 16% para todos os servidores públicos, é dita como inconstitucional. Para o TJ, MP, TC e os procuradores, não é.

PRAÇAS – Acredite: o governo apropriou-se, na gestão Robinson Faria, das praças André de Albuquerque, Sete de Setembro e Padre João Maria. Nem reforma nem devolve à Prefeitura.

CENÁRIO – As duas mais antigas estão cercadas por tapumes e sem prazo de devolução aos natalenses. E a Padre João Maria, que pode ser considerado um santo, abandonada totalmente.

PIOR – O prefeito Álvaro Dias já pediu a devolução e a governadora Fátima Bezerra sequer responde. As praças, antes prisioneiras do descaso, agora são escravas de um capricho oficial.

JET – De Nino, o filosofo melancólico do Beco da Lama, sobre a injustiça contra os servidores: “O Jet é governista, mesmo o governo sendo do PT”. E sapecou “Só é solidário a ele mesmo”.

ESTILO – Nísia Floresta veste rosa no novo livro da professora Constância Duarte. As lacunas de sua história permanecem como na biografia formal. Se há pecado, é a escolha do título que acabou parecendo chamada de ordem unida. O feminismo é sempre açodado e louvaminheiro.

FIM – O Banco do Brasil avisou à direção da ECT que encerra de vez a parceria do banco com os Correios dia 15 de dezembro. Desta vez não por questão de segurança. O BB não quer mais. A idéia do Dr. Paulo Guedes é jogar idosos da previdência e bolsa-família no caixa eletrônico.

EFEITO – O fim do contrato seria justificável, em nome da economia, se a rede de agências da ECT não fosse muito maior e mais pulverizada, inclusive nos lugares mais profundos do Brasil, suprindo a ausência de banco. Agora exigirá o deslocamento para receber o salário ou a bolsa.

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