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De craque e medo

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Rubens Lemos Filho

O sopro do vento emanando do mar era o que o meu estado emocional implorava na manhã dos primeiros dias de 2021. Confinado por expressa ordem médica a sair de casa apenas quando houver uma vacina segura, tive de fazer exames de glicose. Sou diabético e hipertenso, alcatra e maminha de churrasco no apetite do Covid-19. Ainda por cima não sei dirigir, o que nada me entristece. 
Peguei Márcio, do Uber. Márcio é formado em Administração e hoje leva e traz pessoas para sobreviver. O Coronavírus devasta a vida matando e desempregando. Feito o furo nas minhas judiadas veias, fui entornando ótimo papo com Márcio, rapaz de seus 34 anos atualizadíssimo em Covid, Bolsonaro, o Ministro da Saúde, a teimosia de Trump em aceitar a derrota, a fúria radical do PT, o desalento de haver estudado para ficar na fila dos sem trabalho. 
O Uber cumpre trecho pré-determinado e, na pandemia, o passageiro vai atrás. Eu me sinto um estagiário da NASA: saí  com aquele capacete plástico do pessoal heroico da saúde, duas máscaras, uma no focinho e outra no bolso, álcool em gel, luvas cirúrgicas e medo, muito medo. Ivermectina em escala industrial consumida e guardada para tomar de novo enquanto for preciso. 
Fiz o exame e pedi a Márcio que, se fosse possível e com segurança de Pentágono, me levasse para ver a orla marítima de Natal. Março havia sido meu último contato com as praias da cidade. Sempre de passagem, sempre em dormência e desligado de qualquer tema, somente contemplando o mar e a linha do horizonte, especulando o finito de minha vida. 
Educado, prestativo e, desconfio, também de saco cheio, Márcio fez lá os procedimentos de praxe e fomos passando pela Praia do Meio, pela estátua de Iemanjá, pela Praia dos Artistas(Natal tem mais artista do que qualquer elenco da Paramount), desviamos no antigo Clube Bandern, hoje um hotel, vimos restaurantes fechados, comentamos sobre a beleza dos prédios do PIB local, elogiamos a escadaria que une o Morro de Mãe Luíza à Areia Preta. 
Não havia uma viatura policial. Tudo transcorria em paz. Alguém comentou comigo e eu disse a Márcio, de um suposto acordo entre bandidos sindicalizados e bacanas moradores de luxo, para evitar assaltos na área em troca de vistas grossas para o tráfico de drogas. 
Um idiota esférico até tentou poetizar o arranjo como a sonhada união de classes no metro quadrado dos milionários de uma terra em que enriquecer muitas vezes é mistério pela investigação seletiva de determinados órgãos fiscalizadores. 
Distante, ali perto da praça onde surfistas dizem (chapados) de Marijoana: “É uma onda e uma onda é uma onda”. Profundidade de Aristóteles, o Grego, que disse assim, sem dar um tapa no baseado:  O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete. 
Observei um animado racha de adolescentes magrinhos, pirralhos típicos, traves feitas de sandálias japonesas. De longe, janela levantada, vi um moreninho driblar três, tocar no colega de ataque, receber de volta e meter a bola no meio das pernas do garoto da trave. 
O menino continuava a exercer o monopólio da criatividade. Ameaçava bater forte e dava o gancho, o corte seco pelo lado inverso ao esperado pelo marcador.
Até que notei uma corrente imensa no pescoço do moleque abusado. Daquelas frequentes em vídeos policiais. Seu olhar era semicerrado, quase fechado, sem olhos a arregalar. Os outros jogadores pareciam temê-lo, não lhe respeitavam.
Pedi a Márcio para terminarmos o passeio. Para voltar ao meu casulo. Pedi a Deus que o menino de rosto assustador, recebesse de Deus a proteção para não cair na trilha perversa e sem volta da delinquência.  Com um par de chuteiras, ele jogaria em qualquer time. Derrotando o mal. 
Erros repetidos 
O América terá de mudar o tratamento do técnico e escolher jogadores minimamente triviais para fazer diferente na temporada. Ora, meu bom bovino, o fiasco na Série D mostrou que o América foi testado e reprovado. 
Zé Eduardo
Zé Eduardo, atacante razoável que passou pelo América, pertence ao Cruzeiro e deve  pintar no ABC. Surreal: América tem parte do lucro em caso de venda de Zé Eduardo. O ABC vai suar para o América lucrar. Não é lindo?
ABC 
Volta o goleiro Wellington. Campeão. Há 11 anos. 
Técnico 
O novo técnico do América, Evaristo Piza, fez bom trabalho no Botafogo(PB). Foi campeão em 2019. 
Surge o gênio
15 de janeiro de 1984, desabrochava o melhor atacante do mundo. Pela Copinha de Juniores, Romário fazia dois golaços contra o Juventus(SP) no empate em 2×2. 
Santos x Palmeiras 
Será a terceira final brasileira da Libertadores. Bom seria Pelé versus Ademir da Guia. Em 2005, São Paulo venceu Atlhetico(PR) e no ano seguinte perdeu para o Inter do falecido Fernandão. 
Tevez do Boca
É do tempo de Carlos Gardel. 
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