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De ex-judoca a produtor cinematográfico

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Yuno Silva
de Gramado-RS

O diretor e produtor de cinema Carlos Vinícius Borges tem uma história curiosa. Em Gramado acompanhando o longa-metragem “Riscado”, que está na mostra competitiva, Cavi Borges entrou de cabeça no ramo por acaso: ex-atleta de judô, sofreu um acidente às vésperas das Olimpíadas de Atlanta nos Estados Unidos (1996) e resolveu montar o próprio negócio. Há catorze anos abriu uma locadora de vídeo, a Cavídeo, no bairro carioca de Humaitá, especializada em filmes independente e de arte, local que acabou se transformando em ponto de referência para cinéfilos, estudantes de cinema e amantes da sétima arte.
De dono de locadora a produtor de cinema. A história de Carlos Vinícius Borges se assemelha a do famoso diretor americano Tarantino
Com um acervo diferenciado de curtas-metragens, animação e longas, a Cavídeo acabou ampliando seu negócio e há pouco mais de sete anos passou a ser, também, uma produtora e distribuidora de filmes. Com espírito empreendedor, montou um cineclube e tem no currículo a produção de dezenas de curtas e uma dúzia de longas. Exemplo de empreendedorismo, o realizador, que esteve no concorrido festival de Cannes (França) e colaborou com a realização do curta “Nas pegadas de Zila”, do potiguar radicado no Rio de Janeiro Valério Fonseca, conversou com a reportagem do VIVER entre uma sessão e outra do Festival de Cinema de Gramado 2011 sobre seu processo de produção e as possibilidades que encontrou para conquistar espaço no mercado cinematográfico:

#SAIBAMAIS#
Cavi, você comentou que o ritmo de produção da Cavídeo é frenético. Qual o balanço de 2011 até agora?

Este ano já lançamos seis longas-metragens, destes, quatro estão no Festival de Cinema do Rio. Mas nenhum foi feito em 2011, foram filmados em anos anteriores e finalizados agora. Em sete anos já produzimos 60 curtas metragens e 12 longas, e a coisa está crescendo em uma velocidade tão frenética que às vezes esqueço de um ou outro de tanto filme que a gente tem. 

A Cavídeo acaba sendo parceira em que âmbito?

Na verdade a Cavídeo é um ponto de encontro, como uma cooperativa, onde a galera tem um roteiro e ajudamos a materializar as coisas, as vezes já tem o filme pronto e quer finalizar, as vezes não tem nada e iniciamos a produção. As pessoas se ajudam. O filme “Riscado”, por exemplo, eu produzi um filme do Gustavo Pizzi (diretor do “Riscado”) ele produziu meu curta e está editando meu novo longa. A gente tenta um ajudar o outro e tentar com isso viabilizar as produções, realizar, em vez de ficar esperando por editais, leis de incentivo. Vai fazendo, aprendendo. Na Cavídeo você faz o seu filme, participa do filme de outro, então vai aprendendo muito na prática. 

Os recursos então são diretos?

Variado. O “Riscado”, por exemplo, entramos com R$ 10 mil nossos, mais R$ 40 mil da parceria que fizemos com o Canal Brasil. Pegamos alguns prêmios que eu tinha de outros curtas em serviço e colocamos no filme. E vamos aproveitando isso: ganhamos um prêmio e fazemos mais um ou dois filmes vamos fazendo, usando todas as possibilidades.

E como faz para estas produções entrarem no circuito?

Viramos uma distribuidora também: conforme vai surgindo a necessidade, vamos ampliando o negócio, aprendendo a lidar com essas várias etapas. Vamos nos adaptando. Mas nosso objetivo principal é fazer filmes. A maioria dos filmes são todos digitais. Quando precisamos é que passamos para película. Inclusive, criamos um método próprio, mais barato, que chamamos de ‘tosco-transfer’. Depois dos filmes prontos perguntamos: ‘e agora, o que a gente faz?’ Então juntamos uma galera só para fuçar onde tem festivais para podermos inscrever. O primeiro momento é distribuir para os festivais, o segundo momento é lançar no cinema.

Como funciona essa distribuição criativa? Recentemente a TRIBUNA DONORTE entrevistou Isabelle Cabral, que está distribuindo o documentário “Filhos de João” e ela também falou desse sistema alternativa de distribuição.

Exatamente. Nos juntamos com a  Isabelle Cabral (potiguar de Parnamirim) da Pipa Filmes para lançar nossos primeiros longas, desenvolvemos junto com ela. Agora a Pipa cresceu, está distribuindo outros filmes, mas começou distribuindo os nossos. Mas quando precisamos lançar os filmes em DVD, criamos a “Original”, uma distribuidora que atende locadoras. Ou seja, construímos nosso próprio jeito de realizar de maneira que não precisamos depender de editais. Estamos conseguindo quebrar essa dificuldade do mercado cinematográfico. 

Quais os longas que levam sua assinatura como diretor? Algum novo chegando na área?

Comecei com “L.A.P.A.”, sobre Hip Hop no Rio de Janeiro; o segundo foi “Vida de balconista”, inspirado nas histórias que vivi na minha locadora. O papel principal foi do Mateus Solano (no ar na novela da TV Globo “Morde & Assopra” como o cientista Ícaro), que na época nem era famoso. Fiz recente “Vamos fazer um brinde” com uma galera lá do Vidigal (favela carioca) e agora estou com um novo chamado “A dois passos do paraíso”, com as músicas da Blitz. Eles (da banda) não participam, mas me autorizaram a usar as músicas. É com o Tonico Pereira – como não tínhamos grana para pagar trocamos em locação de fita lá da locadora. Vamos usando nossas armas que temos para fazer.

* O repórter viajou a convite do 39º Festival de Cinema de Gramado



Trailer Riscado



Trailer L.A.P.A.



Trailer Vida de Balconista


Programa Sem Frescura (Canal Brasil), de Paulo César Pereio, entrevista com Cavi Borges – parte 1

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