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De Godard a Marighella

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No rastro do sucesso (de público e da crítica) do filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura, produzido em 2019, exibido no exterior e somente agora lançado no Brasil, encontrei na gaveta dos papeis desarrumados duas cartas de críticos natalenses falando de outras coisas do cinema. São cartas dos anos de 1980: uma de Bené Chaves, a outra de Francisco Sobreira. O filme de Wagner Moura é inspirado no livro do jornalista e escritor Mário Magalhães, “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”. Tem nada a ver com “Je vous salue Marie”, mas é cinema e as censuras que os dois filmes sofreram e sofrem tem parecenças.  Vejamos, por exemplo, a carta de Bené Chaves, escrita em papel timbrado da Fundação Legião Brasileira de Assistência, maio de 1986:
“Meu caro Woden:

Vi o filme de Godard. Vi ‘Je vous salue Marie’. Um belo momento cinematográfico. Assisti aqui mesmo em casa, tive o privilégio de ficar uns dias com uma cópia (pirata) trazida por Moacy Cirne, do Rio.

Apesar da precariedade da mesma, deu pra sentir que a fita tem instantes de rara beleza. A Igreja é que fez tremenda babaquice impedindo sua exibição. Nada de mais, inclusive Godard preserva a virgindade. Além de tudo, achei o filme respeitoso. E a modernidade não significa desvalorização dos dogmas religiosos. Significa novos tempos, mentalidade nova. Na tela grande certamente que daria uma v visão bem melhor das belas imagens apresentadas.

Os diálogos são perfeitos, inclusive Godard faz uma apologia ao nome de Maria, quando diz que ele (o nome) significa AMOR.

E é isso aí, meu caro. Puro conservadorismo de uma ala que se diz dona da verdade, bitolada e pseudo-moralista. Palmas para Godard que enxerga longe e não tem medo de ideias repressoras e alienadas, ideias carcomidas pelo tempo.

Eu vos saúdo Godard!
Um abraço, Bené Chaves”
A carta de Francisco Sobreira não tem data e tem como mote a volta do “Cinema de Arte” no Rio Grande. Vamos lê-la:

“Prezado Woden:

Com satisfação, li em sua coluna de hoje que poderão voltar as sessões de Cinema de Arte, no “Rio Grande”. Como co-patrocinadora da promoção, a Fundação José Augusto bem que poderia lutar para que a direção daquele cinema pudesse oferecer melhores condições ao espectador, seja na parte da projeção, seja no que se refere às poltronas. Mais do que a seleção dos filmes, esses dois problemas crônicos vêm afugentando cada vez mais as pessoas do “Rio Grande”.

Outra coisa. Seria ótimo que se programassem também realizações de países marginalizados do circuito comercial e que possuem atualmente um cinema muito elogiado pela crítica (Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Nova Zelândia, Argentina, Espanha, entre outros). Para esse fim, penso que se poderia solicitar a ajuda de Moacy Cirne, por exemplo.

Por fim, acredito que o sábado seria o melhor dia para as sessões.

Um abraço do Francisco Sobreira.”

Na Academia 
A solenidade comemorativa dos 85 anos da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, noite de terça-feira, 16, contou com a presença de apenas 14 dos 38 acadêmicos vivos. Há ainda duas vagas para fechar a casa dos 40.
Destaque para a apresentação da Filarmônica Onze de Dezembro, da cidade de Carnaúba dos Dantas, sob a regência do maestro Márcio Dantas de Medeiros. Carnaúba dos Dantas é a terra do compositor e maestro Tonheca Dantas, patrono da cadeira 33, homenageado nos 150 anos do seu nascimento.
Outras homenagens 
Na sessão também foi celebrado o centenário de nascimento dos imortais Aluízio Alves, João Wilson Mendes Melo, José Hermógenes, Nestor dos Santos Lima, Oriano de Almeida e Veríssimo de Melo. Discurso do acadêmico Armando Negreiros. Comes e bebe, depois. Bons papos. Da classe política apenas uma representante: o deputado Hermano Morais.
Pedro Velho 
Para não esquecer:  sábado que vem, 27, é o aniversário de nascimento (1856) de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão. Médico, educador, jornalista, político. Abolicionista, proclamador da República no Rio Grande do Norte, seu primeiro govenador republicano, fundador do jornal “A República”, deputado, senador.  Tocava piano e gostava de cantar modinhas populares. Natalense nascido no bairro da Ribeira, canguleiro da gema. 
Festa do Boi 
A Festa do Boi, encerrada ontem no Parque Aristófanes Fernandes, além de reunir expositores de vários estados, contou, também, com a presença de uma equipe da TV-ABCZ, sediada em Uberaba, Minas Gerais, que transmitiu o evento, ao vivo, para todo o país. A emissora inaugurada em maio deste ano tem seus estúdios instalados no Parque de Exposição Fernando Costa, na cidade mineira, também sede da Associação Brasileira de Criadores de Zebu.
De Uberaba vieram ainda o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior e o ex-presidente Arnaldo Manuel de Souza Andrade, na companhia de outros criadores mineiros.  Prova eloquente do prestigio de nossa Festa do Boi, incluída entre as mais importantes exposições agropecuárias do país.
Prêmio Oceanos 
Seis brasileiros (as) estão entre os dez finalistas do Prêmio Oceanos 2021 (Literatura em Língua Portuguesa): Cristovão Tezza, Santiago Nazarian, Edimilson de Almeida Pereira, Jeferson Tenório, Maria José Silveira e Thais Lancman. Fecham a lista, dois portugueses: Gonçalo M. Tavares e Pedro Eiras, o moçambicano Mia Couto e o timorense Luís Cardoso.
Foram inscritos ao Prêmio 1835 candidatos de nove países de língua portuguesa. O nome do vencedor   será anunciado em dezembro. 
Chuva 
Três semanas seguidas de chuva no Ceará, principalmente na região do Cariri. Mas a maior chuva (de domingo, 14, até sexta, 19) aconteceu, de uma tacada só, em Icó, município da região Jaguaribana: 130 milímetros. Icó faz limites com São Miguel e Venha-Ver, do Oeste potiguar. No Cariri as maiores chuvas (acumuladas) foram em Várzea Alegre, 166 mm, Crato, 116, Carius, 87, Ipaumirim, 80, Barro, 76, Juazeiro do Norte, 54.
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