Yuno Silva – repórter
Em tempos de espetacularização da violência e maus exemplos que influenciam toda uma nova geração, o filme “De Menor”, da diretora paulista Caru Alves de Souza, caiu como uma luva na sessão de abertura da 1ª Mostra de Cinema de Gostoso que segue com programação até a próxima terça-feira (26). Ao abordar a delinquencia juvenil, com responsabilidade e sem o glamour que pode acabar confundindo a cabeça dos mais jovens, a produção falou para um público eclético que lotou a primeira noite de exibições à beira mar.
#saibamais#Estreia da diretora paulista Caru Alves de Souza em longas, “De Menor” foi selecionado para a mostra Horizontes Latinos do Festival de San Sebastián, principal evento de cinema da Espanha. O filme também faturou o prêmio de Melhor Longa de Ficção na mostra Première Brasil no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro este ano. Inclusive, pela primeira vez na história do evento, o prêmio foi dividido por dois filmes: o outro destacado foi “O lobo atrás da porta”, de Fernando Coimbra, que também será exibido em São Miguel do Gostoso.
Declaradamente contra a redução da maioridade penal, Caru afirma que gostaria que o filme fosse um elemento no debate sobre o tema. Nada de críticas ferrenhas à sociedade ou ao sistema penal, a produção tem uma pegada de história pessoal muito forte e intenções implícitas. “Quero que o filme sirva para se construir uma visão mais humana e menos preconceituosa sobre o adolescente”, afirmou a diretora. Para ela, “De Menor” toca sutilmente no tema dos adolescentes ricos e de classe média que cometem infrações, onde o adolescente pobre e negro que comete infração é tido como bandido e o branco “está confuso”.
O filme de Caru aponta para três vertentes: a institucional, através dos bastidores da justiça para menores; a social, pelas condições em que se flerta com o crime; e a subjetiva, pelo sofrimento dos envolvidos, ou seja, o próprio garoto e sua família. O tom dominante é o de vontade de compreensão que não renuncia à compaixão.
Terror
Entre os filmes da mostra competitiva deste sábado está o ecoterror capixaba “Mar Negro”, de Rodrigo Aragão. A sinopse diz o seguinte: “Uma estranha contaminação atinge uma pequena vila de pescadores. Quando peixes e crustáceos se tranformam horrendas criaturas transmissoras de morte e destruição, o solitário Albino luta pelo grande amor da sua vida, arriscando a própria alma em uma desesperada fuga pela sobrevivência.