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De Natal para o mundo mutante da Marvel

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Tádzio França
Repórter

Mais um traço brasileiro renovado na cena internacional de quadrinhos: Geraldo Borges, desenhista residente em Natal há vários anos, recebeu o convite em fevereiro e já está dando forma a um novo arco de histórias dos X-Men, um dos grupos de super-heróis mais populares da poderosa editora Marvel. Mesmo sendo um jovem veterano na área, com dez anos de serviços prestados à DC Comics (maior concorrente da Marvel), o quadrinista assume o nervosismo inicial de encarar alguns de seus personagens favoritos desde a infância.

Geraldo Borges desenha profissionalmente desde  1997, começando por Fortaleza até mudar-se para Natal em 2013, onde montou a escola estúdio

Geraldo Borges desenha profissionalmente desde 1997, começando por
Fortaleza até mudar-se

para Natal em 2013, onde montou a escola estúdio. Após dez anos na DC Comics, ele passa a assinar para a Marvel       

“Confesso que as duas primeiras páginas demoraram um pouco a sair. Senti o peso de desenhar personagens tão icônicos e que eu conheço desde que comecei a ler quadrinhos”, diz ele, do alto dos seus 40 anos. Geraldo afirma que a popularidade renovada desses personagens através do cinema faz com que eles não sejam apenas nostalgia de um velho fã.

“A molecada 20 anos mais nova que eu já sabe quem são os X-Men graças aos filmes, portanto, aumenta minha responsabilidade. Mas é uma missão que estou adorando cumprir. Eu me divirto mais do que trabalho”, diz.  Ele ressalta que a partir da terceira página, o trabalho ficou mais tranquilo.

Casamento mutante
Os desenhos de Geraldo Borges estão à serviço do roteirista Marc Guggenheim. Juntos, eles serão responsáveis pela série de histórias que antecederão um dos momentos mais esperados pelos fãs dos X-Men: o casamento de Colossus e Kitty Pride. Quem acompanha a cronologia do grupo mutante desde os anos 80 (ou mais), sabe que esse “caso” é antigo. As histórias sairão na revista quinzenal ‘X-Men Gold’, já em maio deste ano nos Estados Unidos. No Brasil, como há uma tradicional defasagem de tempo entre os materiais publicados, deverá sair em dezembro, pela editora Panini.

A próxima aventura X-Men terá o traço puro de Geraldo Borges, sem intervenção da editora

A próxima aventura X-Men terá o traço puro de Geraldo Borges, sem intervenção da editora

A aventura terá o traço puro do autor, sem intervenção da editora. “É o que ela quer para o  momento. Para escolher o desenhista, a editora analisa vários portfólios de referência. O meu tem que estar atualizado de três em três meses, porque essa indústria é muito ágil. O que eles querem para esses X-Men é o meu estilo de desenho. A editora não pede pra mudar nada”, explica.   

Os “olheiros” de histórias em quadrinhos já conhecem o traço de Geraldo Borges há um bom tempo. Só para a DC Comics ele desenhou por dez anos, trabalhando personagens igualmente icônicos como Superman, Batman, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, e Lanterna Verde. Para a editora Dark Horse o desenhista  atuou com “Ghost”, e até o ano passado com “Angel”, adaptação em quadrinhos do seriado de TV sobre o detetive vampiro.

Geraldo conta que já chegou a fazer um trabalho para Marvel, há onze anos, para a revista “Nova”. “Mas foi um trabalho bem pequeno. Atuei mais como ajudante do desenhista regular. Só agora posso dizer que esse é realmente o meu primeiro trabalho de peso para a Marvel”, afirma. O quadrinista cearense faz parte de uma agência, a Chiaroscuro, que põe os artistas brasileiros em contato com o mercado americano. Quando terminou “Angel”, em dezembro do ano passado, ficou disponível. E logo foi captado pela editora do Homem-Aranha e cia.

Pantera Negra

O herói Pantera Negra

Primeiros rabiscos
Assim como todo desenhista de histórias em quadrinhos, Geraldo foi – e ainda é – um voraz leitor de arte sequencial. Os primeiros contatos com a leitura levaram aos rabiscos no papel. Desenha profissionalmente desde 1997, começando em sua cidade natal, Fortaleza, com o personagem Capitão Rapadura. Entre suas principais inspirações na área estão mestres como John Romita Jr., Greg Capullo, Garcia López, Marcelo Frusin, Jordi Bernet, e, especialmente, John Byrne. “O Byrne desenhou uma das grandes fases dos X-Men, clássicos como ‘A Morte da Fênix’ têm a marca dele. A inspiração que tenho desse cara veio especialmente pra mim nessa hora”, afirma.

Na capital cearense também nasceu, em 2011, a  Quadrinhos Estúdio de Desenho, escola onde Geraldo passava seus conhecimentos à frente para turmas de garotos e garotas aficionados como ele. A escola se mudou para Natal em 2013, junto com seu fundador. Geraldo esteve à frente das aulas até 2016, quando decidiu sair para se dedicar exclusivamente aos seus trabalhos com os quadrinhos. Formado em engenharia civil, também exerceu essa função durante oito anos. “Eu tenho um carinho especial pela escola, e ainda dou aula por lá de vez em quando, mas fui obrigado a ter foco em uma das funções”, diz ele, que também lecionou na UnP. A escola de quadrinhos ainda está em funcionamento.

Geraldo ressalta que teve a sorte de ser um artista de quadrinhos em tempos de internet. “A troca instantânea de informações facilitou um processo que costumava ser muito difícil. Tive um professor que também atuou com quadrinhos internacionais, e o contato era todo à base de fax e telefone. Era um trabalho imenso, artesanal e demorado. Agora, eu termino uma página e imediatamente envio pra editora”, conta.

Os X-Men foram criados em 1963 por Stan Lee e Jack Kirby. Foram os primeiros personagens denominados mutantes: humanos que, como resultado de um súbito salto evolucionário, nasceram com habilidades super-humanas latentes, que geralmente se manifestam na puberdade. Classificados como “homo superior”, os mutantes logo passaram a despertar medo e rejeição em parte dos humanos comuns. As aventuras dos mutantes contam com personagens de diversas etnias, sendo  a revista em quadrinhos mais multicultural já publicada pela Marvel. As histórias dos X-Men têm um forte subtexto contra preconceitos e todas as formas de discriminação.

Errata
Diferente do que foi publicado no subtítulo da reportagem citada  (Viver 1, de 06.03), o desenhista Geraldo Borges assume um novo arco da série X-Men para a Marvel, que detém os direitos deste grupo de Super-herois — e não para a DC Comics, como foi citado na edição impressa. Ao lado do roteirista Marc Guggenheim, será responsável pelo traço da série de histórias do casamento mutante, na edição especial “X-Men Gold” prevista para estrear nos EUA em maio e no Brasil no final deste ano, pela Panini.

Geraldo recebeu o convite em fevereiro e já está dando forma as novas histórias dos personagens mais populares da poderosa editora. O artista radicado em Natal colaborou por dez anos para a DC Comics e este é o primeiro trabalho para a Marvel.

*Atualizada em 06/03/2018 às 23:40

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