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De Natal para o mundo

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PELO MUNDO - Cosme Gregory deve voltar em setembro para Portugal

Reza o ditado popular que um cavalo não passa selado duas vezes na frente de alguém. É quase a mesma lengalenga do raio que não cai duas vezes no mesmo lugar. Há quem despreze a receita que vem do povo há gerações. Outros assumem a crença com um ou até os dois pés fincados atrás.

Contra o tempo, o ditado permanece atual no mar aberto da modernidade. A diferença está no chamamento. Quem se arriscaria, hoje, a perder uma boa oportunidade? Que a cultura potiguar vez por outra exporta talentos não chega a ser novidade. A maioria vai pelo próprio esforço (leia-se bolso). No entanto, já faz alguns anos que os olhos de fora passaram a mirar aqui para dentro.

Há um mês, a TRIBUNA DO NORTE publicou uma reportagem sobre a ida da jovem bailarina Mirela de França, que vai integrar, a partir de 31 de julho, a equipe da Escola de Teatro Bolshoi, com sede em Joinville. As experiências recentes de talentos locais em outras praças mostram que a bailarina não é exceção neste quadro.

No mesmo passo de Mirela, o bailarino Cosme Gregory, 18 anos, montou no cavalo com vontade. Ele acabou de voltar de uma temporada com a Kmusuna Ballet Company, de Portugal.

O convite partiu do renomado bailarino belga Marc De Graef, que veio a Natal em 2005 ministrar um curso na área.  “Já tinha recebido um outro convite antes, mas não deu muito certo. Aí veio esse agora. Foi diferente do que esperava porque o bailarino brasileiro tem fama de indisciplinado. Na companhia mesmo tinha um de Recife que dava muito trabalho para o diretor. E por conta disso fiquei um pouco de lado no início. Tive que mostrar meu potencial e tirar a imagem ruim que eles tinham da gente”, conta.   

A evolução no tratamento dispensado a ele foi numérica. Na primeira das quatro apresentações de Gregory com o grupo formado por 16 bailarinos de várias nacionalidades, a presença dele no palco durou apenas 28 segundos. “Foi rápido também porque além desse problema da indisciplina, cheguei já com o espetáculo montado. Mas, na segunda, vez já ganhei um solo de 45 segundos e fui conquistando a confiança do diretor. Na terceira, fechei o espetáculo numa apresentação de três minutos e na última entrei várias vezes no palco”, recorda ele, que deve voltar em setembro para Portugal.

“Oportunidade” é a palavra da vez no dicionário do músico Diogo Guanabara, 19 anos. Agarrado ao cavaquinho desde cedo, se decidiu pelo bandolim há dez anos. A idéia era mudar a imagem de quando o público o conheceu ainda pequeno solando clássicos como “Brasileirinho”. O resultado foi além disso. “Eu gosto da palavra pluralidade. Antigamente meu trabalho estava voltado mais para o choro e perdia um pouco com isso. Nunca gostei dessa coisa de rótulo e abri minhas influências. Sou da música instrumental brasileira. Da mesma forma que a MPB é tudo, a música instrumental também é”, analisa.     

O amadurecimento dele e os contatos no meio lhe renderam um convite do cantor, compositor e diretor de teatro, Oswaldo Montenegro. A idéia era ficar 90 dias. Mas só depois de oito meses o músico potiguar conseguiu voltar. “Quando o Oswaldo me chamou para participar do espetáculo que ele estava montando no Rio de Janeiro pedi que ele esperasse eu fazer apenas uma provinha na faculdade e fui embora. Era um projeto de três meses que acabou durando quase um ano. Não gosto muito de chance nem de falar em realização de um sonho. Chamo isso de oportunidade. E vou aproveitando todas que aparecerem para mim”, afirma.

Grandes palcos não intimidam

Sabe aquele jargão comum no futebol de que o jogador treme quando entra no Maracanã pela primeira vez? Pois se a coisa vem mudando no campo, dá os mesmos sinais na arte.

A experiência recente de Diogo Guanabara e Cosme Gregory em outras praças mostra que o palco das casas de shows mais tradicionais do País e do mundo vêm perdendo a pompa.

Depois de mais uma apresentação com a trupe de Oswaldo Montenegro, no Rio de Janeiro, Diogo Guanabara guardou o bandolim no carro, parou num boteco para tomar uma cerveja e disparou para um pagodão em Ipanema.

A cena era igual a qualquer fim de apresentação não fosse a primeira vez do músico na casa de shows mais tradicional do Rio: o Canecão. Pelo jeito, o momento não deixou seqüelas no garoto. “Eu não gosto de pensar assim. Acho sempre que o melhor ainda estar por vir. O Canecão tem aquele glamour, mas não intimida. Sei que um dia vai o Gil, noutro vai outro artista consagrado. Mas encarei de forma normal. Era inclusive a festa dos 50 anos do Oswaldo. Toquei e fui para um pagodão. A vida da gente é assim: acaba o show e todo mundo aplaude, tem gente que vai falar com você no camarim… mas no dia seguinte ninguém sabe quem você é na rua. Então, não fico imaginando coisas”, desabafa.         

O motivo da desmistificação desse “bicho de sete cabeças” pode estar tanto no profissionalismo do artista como na visão simples de que público é público em qualquer lugar do planeta. Embora a estada recente do bailarino Cosme Gregory na Europa tenha sido um pouco mais deslumbrada, a necessidade de provar ao diretor seu valor amenizou o impacto de pisar o palco do moderno Teatro Camões, em Lisboa. “O teatro é lindo, tem uma arquitetura moderna. Deve ser dez vezes maior que o Teatro Alberto Maranhão. Mas na minha primeira apresentação fiquei apenas 28 segundos no palco. Estava mais preocupado em chamar a atenção do diretor para conquistar espaço no espetáculo. Depois desse dia, ganhei dois solos e uma participação no final da peça”, conta.    

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