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De portos, navios e livros

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O empresário Abelírio (Bira) Rocha tem uma opinião definitiva sobre as possibilidades do Porto de Natal vir a ser tornar economicamente importante para o crescimento do Estado: impossível. E ele aponta as razões: a) o porto está instalado dentro do perímetro urbano, quase sem área para ser ampliado (a remoção da favela do Maruim pouco acrescenta ao espaço vital que um grande terminal requer); b) não há engenharia de trânsito que encontre soluções para o necessário acesso viário de grandes cargas à Ribeira; c) mesmo que tenha um calado maior, o rio Potengi não tem largura suficiente para as manobras de atracagem dos super navios. Portanto, Bira afirma que o Porto de Natal continuará a ser o que é, a despeito dos recursos que estão sendo gastos com ele.

E porque eu estou lembrando as teses de Bira (sempre polêmicas), quando deveria estar falando de livros? Porque ontem chegou à Redação um belo exemplar do livro Navios e Portos do Brasil nos cartões postais e albuns de lembranças (220 páginas. R$ 138,00. Solaris Edições Culturais), o novo trabalho da dupla João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo. Com a curiosidade e uma pontada de nativismo capcioso, a primeria coisa que procurei entre as centenas de fotos do livro foi alguma do Porto de Natal. Afinal, em um livro anterior dos mesmos autores (Lembranças do Brasil),  há vários postais e fotos da Natal do início do século XX, incluindo algumas fotos raras do Porto do Salgado (no Passo da Pátria) e de uma festa na Guarita… Procurei e não encontrei. Nem fotos nem referências. Sobre Recife tem muita coisa, inclusive a afirmação de que “é o porto mais oriental do Brasil e o mais próximo da Europa”. O Porto de Natal não tem nenhuma importância. Não tive como não lembrar a tese de Bira…

Mas não é por ter ficado com meu bairrismo ferido que deixei de admirar o livro de João Emilio e Carlos Cornejo. O primeiro é engenheiro químico, administrador de empresas, desenhistas, pintor, fotógrafo e colecionador de cartões postais. O segundo é jornalista, escritor e produtor gráfico. Juntos, eles são responsáveis por uma vasta pesquisa icnográfica da história e da cultura brasileira que, desde 1999, vem aparecendo em forma de livros-albuns com fotos e cartões postais. Os três primeiros volumes enfocaram São Paulo ( A Capital Paulista, ed. 1999; O Litoral Paulista, ed. 2001 e O Interior Paulista, ed. 2003). Em 2004, eles lançaram o já citado Lembranças do Brasil, reunindo postais de todas as capitais brasileiras e, no ano seguinte, As Ferrovias do Brasil. Navios e Portos vem com a data do ano passado, mas só agora começa a ser distribuído pela editora.

A grande atração do livro está, sem dúvida, nas imagens. São 520, entre cartões postais e fotos, cobrindo um período que vai de 1900, aproximadamente, até a época de ouro da nevegação transatlântica, encerrada na década de 1960. Há textos descritivos e de apoio, que situam o leitor no contexto da história da navegação fluvial, costeira e oceânica no Brasil. Todo o material está dividido em capítulos e, além do enfoque na construção e no papel que os portos desempenharam para a integração e o crescimento econômico do país, também é dada atenção às grandes companhias de navegação, nacionais – como a Companhia Nacional de Navegação Costeira – e estrangeiras –  como a Hamburg-Südamerikanische. Um capítulo especial é dedicado à Marinha do Barsil, com imagens de famosos navios da esquadra nacional e, um outro, às grandes catástrofes marítimas que comoveram a opinião pública nacional. Navios e Portos, pelo formato (23×32 cm) e pela beleza, parece um daqueles livros para ser exebido na mesa da sala. E é mesmo! Só que também merece ser lido e folheado. Mais de uma vez.

Tango argentino

Manuel Puig estreou na literatura em 1968. Um ano cruel para o Brasil, mas ainda de relativa democracia na Bacia do Prata. Dois anos depois, ele teve que se exilar na Europa para fugir das ameaças de morte feitas pela Aliança Anticomunista Argentina. A Traição de Rita Hayworth (304 páginas. R$ 43,00. Jose Olympio Editora) é seu primeiro romance, a história, semi-autobiográfica, do dia a dia em um pequeno vilarejo argentino, entre os anos 30 e 40, influenciado pelo cinema. Não é um livro tão político quanto o Beijo da Mulher-Aranha, mas também chegou a ser censurado.

Policial durão

Um policial da pesada! A definição é a mais adequada para todas as histórias de Lee Child, um britânico que escreve como um norte-americano. Entre seus admiradores está o mestre do suspense, Sthepen King, que o considera um dos autores mais cinematograficos da atualidade. Dinheiro Sujo (479 páginas. R$ 49,00. Bertrand Brasil), é o romance de estréia de Jack Reacher, o mais conhecido personagem de Child. Tipo sujeito “durão”, Jack Reacher está prestes a aparecer nas telas em histórias que, para os leitores de quadrinhos adultos, fazem lembrar a série Sun City.

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