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De Vargas a Bolsonaro

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Alcyr  Veras
Economista e professor universitário
            
Na verdade, em toda a sua história, o Brasil nunca foi capaz de implantar e fazer funcionar  um real modelo de desenvolvimento econômico auto-sustentável. Foram sempre improvisações e pseudos modelos. A tentativa mais consistente aconteceu na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas, com o modelo primário-exportador de café, que antecedeu ao chamado “modelo de substituição de importações”, em que o Brasil trocava navios de café por quinquilharias manufaturadas, de péssima qualidade. Ou seja, resumiu-se unicamente em exportar café. 
As iniciativas do governo Vargas, como a criação da CLT (leis trabalhistas), os Sindicatos, a Petrobrás, e a instalação da Siderúrgica de Volta Redonda, foram importantes realizações pontuais, mas não faziam parte de nenhum modelo de desenvolvimento.
O mesmo ocorreu com o Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek (cinquenta anos em cinco, como ficou conhecido). Realizou dois grandes empreendimentos de vulto: a indústria automobilística; e a construção de Brasília; os quais não estavam conectados entre si, e por isso não faziam parte homogênea do planejamento de um modelo desenvolvimentista. Eram díspares em suas naturezas.
O período da ditadura, dos governos militares, começou com a proposta de reformar e modernizar o Estado brasileiro, cujas ações receberam o título de Plano Nacional de Desenvolvimento (I e II). Destacaram-se a construção das rodovias Belém-Brasília, BR-101 e Transamazônica que não proporcionaram a integração rodoviária que se esperava.  Reconheça-se, porém, que a usina hidrelétrica bi-nacional de Itaipu, as telecomunicações, portos e estradas foram fundamentais para a formação da infraestrutura brasileira. Como pontos negativos, estão a peça de ficção “Milagre Brasileiro” (1968-73) com uma taxa fantasiosa de crescimento imaginário de 11.2%, que resultou na estagnação econômica, inflação alta e aumento da dívida externa, que aconteceram no ocaso do último general-presidente Figueiredo.
O oportunista-presidente José Sarney, que nunca conseguiu sobreviver longe do poder, adotou dois bizarros modelos econômicos: plano Cruzado I e plano Cruzado II. Duas tentativas e dois fracassos. Durante seu mandato, a inflação chegou à aloprada taxa de quase 2.000% ao ano. Os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres.
O governo Collor de Mello, conhecido pela alcunha demagógica de “O caçador de Marajás”, decretou dois fulminantes petardos: confiscou a poupança e os depósitos bancários de correntistas e o tarifaço das contas de energia, telefone e gás de cozinha. A seu favor, está a abertura da economia às empresas estrangeiras, com o início da globalização. Acusado de corrupção, sofreu impeachment.
O grande mérito de FHC foi, sem dúvida, o Plano Real e o combate à inflação que asseguraram a estabilidade econômica do país. Mas, os outros setores da economia ficaram esquecidos.
O povo brasileiro reconhece que o governo Lula/Dilma foi o que mais investiu em educação e outros programas sociais, mas também o condena por ter sido o governo que praticou o maior volume de corrupção, jamais visto em toda a história da economia brasileira. 
Na educação, o governo Bolsonaro tem sido um verdadeiro desastre. Os pontos positivos são: o agronegócio (grandes exportações de grãos e carnes); as obras de infraestrutura; e a retomada de ferrovias. Mesmo sofrendo os efeitos devastadores da pandemia e do descontrole da inflação, o governo deveria ter apresentado à sociedade brasileira um plano de recuperação econômica. Acho que Paulo Guedes desaprendeu o que lhe foi ensinado em Havard e se tornou aluno relapso do mestre Milton Friedman – ícone do neo-liberalismo econômico moderno! 
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