domingo, 12 de maio, 2024
25.1 C
Natal
domingo, 12 de maio, 2024

Decacampeonato ganho quase com o mesmo elenco

- Publicidade -

DECACAMPEÕES - Com o elenco da foto, o ABC sagrou-se campeão do RN dez vezes, de 1932 a 41

Everaldo Lopes –  Repórter e Pesquisador

Apenas dois clubes brasileiros ostentam o título invejável de decacammpeão de futebol estadual: o ABC FC no Rio Grande do Norte, de 1932 a 41, e o América Mineiro, de 1916 a 25. O Alvinegro potiguar chegou a essa façanha numa época em que imperava o puro e romântico amadorismo, acumulando 10 campeonatos seguidos lançando mão de apenas 50 jogadores, todos eles amadores, até porque o profissionalismo somente  chegou ao RN no começo dos anos 50. A maioria dos jogadores era constituída de rapazes pobres, que,  talvez, recebessem alguma ajuda material de diretores e às vezes até colegas do próprio elenco. É sabido que, nos primórdios do futebol nesta capital muitos jogadores do ABC, Santa Cruz (já extinto) e América eram de famílias abastadas.

No decampeonato do Alvinegro há detalhes que seriam praticamente impossíveis hoje, salvo um ou outro caso de excepcionalidade, como ocorre com o goleiro Rogério Ceni, atuando no São Paulo desde 1991. Nos 10 anos do ABC os maiores exemplos de amor ao clube foram dados pelo goleador Xixico e o volante Simão (únicos realmente decacampeões, de 32 a 41), Nezinho e Dorcelino, com nove anos dos 10 campeonatos, Hermes (de 35 a 1940), Mário Crise (de 32 a 39), e ainda outros campeões que variaram suas participações com menos tempo de clube. São os casos de Mário Mota (38 a 41), Adalberto (32 a 36), o goleiro Edgar  em temporadas alternadas de 35, 36, 40 e 41, provavelmente por estar fora de Natal.  Como curiosidade registrar que nos 10 títulos consecutivos o ABC contou com seis goleiros entre reservas e titulares, revezando-se nas 10 temporadas.

Outro fenômeno no deca campeonato abecedista foi a presença única do treinador Vicente Farache, um misto de diretor de futebol (na época tratado como diretor técnico) e treinador durante os 10 anos. Farache tinha sido apenas um esforçado ponta direita, um jovem advogado formado no Rio de Janeiro, com apenas 27 anos quando chegou para o clube. Logo cedo pendurou as chuteiras e passou a dedicar sua vida ao clube do seu coração. Quando casou com Maria Lamas Farache,  os dois participavam na faina diária dentro do clube.  A loja de calçados de Farache, na rua doutor Barata, Ribeira, era uma espécie de quartel general do clube. Dois balconistas da loja eram jogadores ABC.  Farache continuou treinando o ABC, somente parando quando notou que a idade já não permitia “se entregar” ao clube como fazia quando era mais jovem.

Mesmo tendo em alguns  tetracampeonatos seus feitos maiores, o América  teve também alguns jogadores que quase se perpetuaram defendendo a camisa vermelha. Na era Juvenal Lamartine os mais conhecidos foram  Renato  Magalhães, Gerin, Rossini, Leônidas Bonifácio, Gilvandro, Dieb, Pernambucano. Na fase Castelão/Machadão, ninguém superou Ivan Silva, com seus mais de 10 anos somente vestindo a camisa do América, ora como ala, outras vezes zagueiro central, até parar com a  bola. O que se vê, hoje, é o jogador demorar de três a seis meses num clube, logo trocando de clube na próxima oferta maior.

Além do fiel elenco dos anos 30, o ABC contou com outros jogadores de extremo amor ao clube, como Jorginho, de 45 a 65, 20 anos de ABC, Gageiro, Biró, Ribamar, Cadinha, Paulo Isidro, Albano, Tidão, Ney Nadrade, Ereivan, Piaba, Otávio, o próprio Alberi, de 68 a 75 com rápidas saídas para o Rio Negro e, posteriormente América e Alecrim, Noé Soares, Danilo Menezes, entre outros.

Conheça todos que ganharam o deca

Os  50 decampeões pelo ABC FC, de 1932 a 41 são estes: goleiros, Tarzã, Diógenes, Edgar, Nené, Daniel, Nunes e Jônatas, e demais posições os titulares e suplentes Bicudo, Zé Maria, Pedrinho, Albano, Mário Mota, Pageú, Vilarim, Nezinho 1o., Nezinho 2o. , Netinho, Cesário, Neguinho, Nenéo, Gageiro, Joãozinho, Zé Lins, Tico, Saravotti, Enéas, Barbalho, Paulino, Elias, Xixico, Dorcelino, Adalberto, Pereirão, Augusto Lourival, Mário Crise, Soldado, Romano, Arlindo, Zeca, Hermes, Acácio, Valter, Teixeira, Osvaldo, Edvard, Nepó e Novinho.  Técnico, Vicente Farache  nos 10 títulos.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas