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‘Decisões locais estão subordinadas ao projeto nacional’

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O ex-ministro da Casa Civil e fundador do PT, José Dirceu confirmou ontem, em Natal, que a estratégia do partido para as eleições de 2014 terá como prioridade as alianças nacionais. Os interesses dos petistas nos Estados estarão subordinados a esse projeto. Ele participou de evento promovido pelo PT do Rio Grande do Norte, que marcou os dez anos do partido no comando do Governo Federal. Réu condenado no processo do Mensalão, José Dirceu afirmou que recorrerá da sentença do STF e garantiu que poderá ir, inclusive, a tribunais internacionais. “Sou inocente”, reafirmou o ex-ministro. Sobre a aliança com o PMDB, ele disse que o ideal seria a manutenção da chapa Dilma Rousseff para presidente e Michel Temer para vice. No entanto, ele ponderou que isso também depende do PMDB. Já sobre a política local, José Dirceu acenou com a possibilidade do PT ter candidato próprio ao Governo, mas também não descartou a deputada federal Fátima Bezerra se lançar ao Senado.
Quando transitar em julgado e sair a sentença, aí vamos analisar com os advogados se recorremos ou não à Corte Penal Internacional ou de Direitos Humanos
Antes de chegar à Assembleia Legislativa, José Dirceu esteve no Palácio Felipe Camarão, onde foi recebido pelo prefeito Carlos Eduardo (PDT). Hoje ele se reunirá com a vice-prefeita Wilma de Faria (PSB). Antes do ex-ministro chegar à Assembleia, um grupo de cinco jovens protestou contra a corrupção, mas José Dirceu não se encontrou com os manifestantes, porque preferiu usar a entrada alternativa para ingressar no Palácio José Augusto, sede do Legislativo estadual. Veja os principais trechos da entrevista que o ex-ministro concedeu, pouco antes de começar a palestra para os petistas.

Palestras no país

“Estamos discutindo e debatendo esses 33 anos do PT e os dez anos de Governo. Nada mais do que isso. O povo brasileiro reconhece o partido, tanto que elegeu o PT três vezes para governar o país. Queremos comparar os oito anos de Governo de Lula com os oito do PSDB. Tenho percorrido o país tanto para expor essa história, porque faço dela, fui presidente do PT sete anos, como também quando demandado para me defender do julgamento do qual fui um dos réus”.

Recurso do Mensalão

“Os recursos existem no Código de Processo Penal. Faz parte da democracia brasileira que você tenha o direito de recorrer. Portanto, vou fazer uso de todos os recursos que são os embargos declaratórios e infringentes. Quando transitar em julgado e sair a sentença, aí vamos analisar com os advogados se recorremos ou não à Corte Penal Internacional ou de Direitos Humanos em Washington e San José da Costa Rica, porque não houve obediência à dupla jurisdição. Como eu não tenho foro privilegiado, não era nem ministro e nem deputado, tenho direito a essa questão. Mas isso é para depois. Eu ainda espero que o Supremo Tribunal Federal me faça justiça, sou inocente. Vou usar do direito que tenho de entrar com os recursos”.

Punição

“Essa é uma questão interna do Supremo (a declaração do ministro Joaquim Barbosa que disse executar a pena do processo do Mensalão ainda esse semestre). Não posso opinar sobre isso, até porque sou réu. Existe um Código de Processo Penal. Evidentemente que os ministros do Supremo, a partir dessas duas bases legais, vão no prazo que for possível concluir o julgamento”.

PMDB aliado do DEM no RN

“É natural, há muitas diferenças regionais no Brasil. Mas o PMDB é o principal partido de sustentação da presidente Dilma, como foi do presidente Lula. A aliança foi reafirmada na convenção do PMDB, independente de questões regionais. Tenho certeza de que vamos marchar com o PMDB em 2014 e vencer as eleições. O povo brasileiro dará mais um mandato para a presidenta Dilma, até pelo trabalho que ela tem feito. Ela está cumprindo o que disse,  ao povo brasileiro, nos comícios e no programa”.

Prioridade do PT

“Depende muito (definir a prioridade do PT nacional para o Rio Grande do Norte em 2014). Podemos apoiar uma candidatura própria, até porque temos nome para isso, como pode se aliar. O objetivo do PT é a questão nacional sempre, que é mais importante para nós. Tanto é que, em 2010, priorizamos a eleição de senador, porque o grande problema do presidente Lula no segundo mandato foi o Senado. A estratégia nos Estados tem autonomia, mas sempre vai ser guiada pela questão nacional. 2013 não é ano de eleição, é ano de governar o Brasil, fazer o país crescer. Aprovar no Congresso a renegociação da dívida externa, resolver a questão do fundo de participação, dos royalties, a reforma do ICMS, viabilizar mais recursos para prefeituras, através de série de medidas que o Governo tem adotado, fazer com que as grandes obras sejam concluídas, enfrentar o controle da inflação, avançar na educação. O PT está absolutamente convencido de que esse não é ano eleitoral. Nos obrigaram a dizer que a presidenta era candidata à reeleição, porque foi lançada a candidatura do Aécio, outras candidaturas como da Marina e a provável candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Mas não estamos em campanha”.

Dilma-Temer

“Seria o desejável (manter a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer), mas depende do PMDB, das circunstâncias”.

Fátima Bezerra 

“Ela tem todos os méritos para ser candidata ao Senado, pelo mandato que exerceu, pela história dela de dedicação ao Estado, por tudo que tem feito. Mas isso é uma questão que ela e o PT decidirão em torno da aliança e da sucessão presidencial.  O Rio Grande do Norte estaria muito bem representado com Fátima Bezerra no Senado”.

PSB e PT

“O PT não está rompido com o PSB. É natural que o PSB queira ter candidato a presidente. Não podemos vetar. Lógico que gostaríamos de manter a aliança, mas isso é a vida”.

PT de olho em 2014

“Não (está focado apenas em 2014). Estamos absolutamente voltados para retomada do crescimento, acelerar investimentos em infraestrutura, melhorar a educação brasileira, investir em tecnologia… Basta ver os atos e a ação do Governo Federal. A presidenta diariamente está envolvida em grandes obras de infra-estrutura. Veja todo esforço que ela fez no Congresso para aprovar o “Brasil Maior”. Toda política do dia-dia do Governo está voltada para questão do país”.

PT e Carlos Eduardo

“Essa (a decisão do PT de Natal de não participar da administração de Carlos Eduardo) é uma questão local, não vou comentar”.

País quebrado
“Recebemos o país quebrado duas vezes, com uma dívida externa, mas não pagamos? Não recebemos o país com o desemprego nas alturas? Não é contraditório reconhecer o que Fernando Henrique Cardoso fez. O Brasil mudou em oito anos. Erramos em muitas frentes, temos muito mais o que fazer, mas fizemos uma obra no país e estamos mostrando isso”.

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