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‘Defendo as prévias para a escolha do candidato’

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Anna Ruth Dantas – Repórter

Pré-candidato a presidente da República pelo PSDB, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, desembarca hoje em Natal, defendendo prévias internas no partido para escolha do candidato e pregando as reformas política, tributária e previdenciária. O chefe do Executivo mineiro participará de um seminário sobre Educação promovido pelo PSDB, partido que no Rio Grande do Norte tem um novo presidente:  o deputado federal Rogério Marinho.Aécio Neves elogia alguns avanços do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas destaca que é preciso “refundar a federação”. Para ele, um dos grandes problemas está na “conta” desproporcional do Produto Interno Bruno ter aumentado 27% nos últimos seis anos, enquanto a máquina pública cresceu 80%. “Essa é uma conta que não fecha. Ela não é positiva para população brasileira”, afirmou o governador de Minas Gerais. De Minas Gerais, o governador Aécio Neves concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA DO NORTE.

Aécio Neves, governador de Minas Gerais e pré-candidato a presidência República pelo PSDB

Os eventos que o PSDB tem realizado em várias capitais brasileiras, como esse que ocorre hoje em Natal, funcionam como prévia dessa disputa interna na escolha do candidato a presidente?
Acho que é mais do que isso. Desde o ano passado defendi que o PSDB fizesse esses encontros pelo país, porque mais importante do que definir, nesse momento, quem será o candidato, é definir qual a proposta que esse candidato vai apresentar. Definir o que tratar na questão da Educação. Essa é uma oportunidade do PSDB ir construindo o discurso. Mais importante hoje é as pessoas olharem para a candidatura do PSDB, qualquer que seja ela, e perceberem nela novas oportunidades para o Brasil crescer mais, ter uma administração de mais qualidade, do ponto de vista da gestão pública, com políticas de desenvolvimento regional, que nos permitam superar a questão da guerra fiscal. Políticas que incluam aquelas regiões que precisam mais do apoio do Estado e tratem da Educação e da questão ambiental de forma mais central. Então, os encontros permitem que o PSDB construa o seu discurso para que, após a definição desse discurso, passemos a definir qual será o candidato.

Torna-se mais difícil construir esse discurso contra um governo que aparece com quase 80% de aprovação?
Eu respeito muito a força do presidente Lula e a capacidade que ele terá de melhorar a posição da candidatura do PT. Mas o presidente não é o candidato. E nós sabemos que no Brasil, tradicionalmente a, transferência de votos é algo que tem um determinado limite. Acho que nós não temos que estar montando nossa estratégia em função da estratégia do governo. Sou o primeiro a reconhecer que o PSDB trouxe avanços para o país desde o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando veio a estabilidade econômica, o início dos programas sociais. O presidente Lula trouxe avanços importantes. Mais do que a competição do que quem fez mais ou quem fez o que, as pessoas querem saber o que ficou por fazer, qual a agenda pós-Lula que nós podemos oferecer. E passa até por reconhecer que o governo do presidente Lula, beneficiado por um momento da economia internacional, manteve do ponto de vista macroeconômico, com muita responsabilidade, os pilares que o PSDB havia construído. O governo seguiu a carteira do PSDB. Avançou nos programas sociais. Temos que reconhecer isso. Mas acho que o PSDB tem que olhar para o futuro e dizer para população brasileira, até com a experiência que nós temos nas administrações atuais, que vamos enfrentar as reformas que não foram enfrentadas pelo governo do presidente Lula, no campo político, tributário e previdenciário, que permitirão o Brasil crescer a uma taxa não de 4% ou 5%, mas de 10% e nós temos potencial para isso. Essa é minha contribuição, buscar construir uma nova convergência política no Brasil para que as reformas possam ocorrer e o Brasil possa avançar com muito mais velocidade do que está avançando hoje.

Essas reformas citadas seriam seus principais pilares como pré-candidato a presidente?
Uma questão que me parece fundamental é a reforma do Estado brasileiro. No governo do presidente Lula, o PIB cresceu 27% nos últimos seis anos, o custo do Estado, da máquina pública, cresceu quase 80%. Essa é uma conta que não fecha. Ela não é positiva para população brasileira. A reforma do Estado é muito importante. Outra questão que desejo incorporar no discurso do PSDB de forma muito vigorosa e clara é a refundação da federação no Brasil. Estamos vivendo o período de maior concentração de receitas nas mãos da União da nossa história republicana. A consequência disso é a fragilização dos Estados e municípios. Hoje mais de 70% de tudo que se arrecada no Brasil está concentrado nas mãos da União, gerando desvio, ineficiência. Enfim esse é um processo gerencial extremamente equivocado. Refundar a federação e fortalecer os Estados e municípios, introduzir a prática da boa gestão pública, como nós fazemos nos nossos Estados, além das reformas política, tributária, previdenciária, uma visão mais rigorosa sobre a questão ambiental, são as principais bandeiras que acredito que o PSDB deve levar ao Brasil no próximo ano.

Como o PSDB escolherá entre Aécio Neve e José Serra? Que critério deve ser usado?
O PSDB tem um dilema que provavelmente qualquer outro partido político gostaria de ter: mais de um nome hoje em condições de ocupar a Presidência da República. O governador Serra é um nome extremamente qualificado. Se for ele o nome escolhido pelo partido, terá meu integral apoio. O que eu defendo é que essa não seja uma escolha centralizada, da cúpula partidária, seja uma escolha que passe pelas bases do partido. Por isso continuo defendendo as prévias como melhor instrumento para o PSDB definir o seu candidato e as bandeiras. Acho que a escolha sendo feita pelas bases do partido, o candidato, qualquer que seja ele, terá muito mais legitimidade e força eleitoral. Nessa escolha além dos indicadores de pesquisa que são sempre importantes, serão incorporados outros fatores, como a possibilidade de incorporar outras forças políticas, além dos Democratas e do PPS, que estão no núcleo do nosso projeto, e a capacidade de ter um discurso de um olhar para frente, que renove a esperança e a confiança das pessoas. Nós devemos fazer essas discussões e no mês de dezembro devemos ter a definição de qual será o processo de escolha.

Qual a leitura que o senhor fez da última pesquisa Ibope (a candidata Dilma Roussef e Ciro Gomes estão empatados com 14%, José Serra lidera com 34%)?
A estratégia do governo do presidente Lula, por quem tenho respeito e até amizade pessoal, mas tenho divergências em relação à questão administrativa, sempre foi a da polarização entre PT e PSDB, confiando muito na sua força eleitoral. Essa última pesquisa demonstra que começa a haver no campo do governo alguma divergência. Hoje o mais provável é que tenha mais de uma candidatura no campo do governo. Eu não vejo isso como algo negativo para nós. O que a pesquisa mostra é que há uma enorme indefinição, como ainda também no campo da oposição. Eu, naturalmente, até pelo fato de não ter disputado uma eleição nacional tenho nível de conhecimento menor, mas as pesquisas mostram potencial de crescimento, de agregação de força, importante na eventualidade do meu nome ser o indicado. Se for o meu nome indicado pelo partido, vou buscar ampliar a nossa aliança, incorporando a ela inclusive algumas forças políticas que estão na base do presidente Lula, mas que não estarão necessariamente em apoio a candidatura do PT. Há espaço para construir isso.

O senhor espera trazer o PMDB para o palanque do PSDB em 2010?
Eu tenho muitos amigos no PMDB. Militei boa parte da minha vida no PMDB. Mantenho boas relações, mas o que percebo hoje, em relação ao PMDB, que é possível que as diferenças regionais prevaleçam. Isso significa dizer que o PMDB irá construir seus palanques regionais prioritariamente. Até porque a força do PMDB vem das suas bancadas, tanto na Câmara quanto no Senado. Essas bancadas derivam das alianças que o PMDB faz em cada Estado, algumas conosco, outras com o PT. Isso é o que vai prevalecer. Não tenho condições de analisar se o PMDB estará no palanque do presidente Lula, mas percebo que em vários Estados há uma proximidade do PSDB do que com o PT.

Chapa puro-sangue está descartado no caso do PSDB ou pode ser?
Não acredito nisso (na por uma razão muito clara: seria uma certa presunção do PSDB, em um quadro partidário tão plural quanto é o brasileiro, o partido achar que solitariamente pode compor uma chapa e vencer as eleições. Acho natural que a candidatura a vice-presidente seja de um dos partidos que conosco esteja coligado.

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