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Defesa pedirá exame de sanidade

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Ricardo Araújo
Repórter

Os advogados de Guilherme Wanderley Lopes da Silva, servidor do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) que na sexta-feira (24) atirou contra membros da instituição na sala da chefia da Procuradoria Geral de Justiça, irão requerer ao Poder Judiciário que ele seja submetido a exames de sanidade mental. A partir da análise dos resultados dos testes, que deverão ser feitos por dois médicos psiquiatras para que os laudos possam ser comparados, os advogados irão traçar a linha de defesa do atirador. “Iremos deflagar o requerimento do incidente de sanidade mental para que o juiz determine que um perito médico avalie a capacidade e a incapacidade do Guilherme”, declarou o advogado Jonas Antunes, que divide o processo com o advogado José Maria Rodrigues Bezerra.
Jonas Antunes disse que defesa solicitará separação de Guilherme Wanderley dos presos comuns
Ainda não se sabe, contudo, quando o pedido será protocolado junto à 3ª Vara Criminal de Natal, onde tramita o processo de prisão preventiva contra Guilherme Wanderley Lopes da Silva. Isso porque a família dele ainda não decidiu qual psiquiatra irá realizar a anamnese – procedimento que deverá identificar as causas que culminaram no comportamento de Guilherme Wanderley na sexta-feira passada. A carta deixada por ele deverá ser usada como objeto de estudo no processo de avaliação psiquiátrica ao qual deverá ser submetido. No documento, deixado em cima da mesa do procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, minutos antes de atirar contra esse e o procurador-geral de Justiça adjunto, Jovino Pereira Sobrinho, e o promotor Wendell Beetoven Ribeiro Agra, o servidor elencou os motivos do ato. O inconformismo funcional é a motivação mais provável para a tentativa do triplo homicídio. 

A partir do pedido do teste de sanidade mental e aprovação desse pela Justiça, o processo criminal aberto contra o servidor do MPRN ficará suspenso até que os resultados dos exames sejam apresentados ao juiz Ricardo Procópio, titular da 3ª Vara Criminal. Em testes que medem o nível de sanidade mental de um indivíduo duas perguntas devem ser respondidas pelos responsáveis pelo estudo: se a pessoa é capaz de entender o caráter ilícito do ato ou se ela parcialmente capaz de entender o caráter ilícito do ato. Com base nas respostas a tais questionamentos, o juiz pode optar pela inimputabilidade do acusado/réu ou determinar que seja levado a júri.

“Nós (os advogados) ainda não temos linha de defesa enquanto não houver um laudo médico. A defesa está preocupada em exercitar seu direito de forma responsável, respeitando a dor das vítimas”, declarou Jonas Antunes. Indagado sobre o atual estado emocional do cliente, o advogado preferiu não detalhá-lo. “Eu não posso detalhar a questão psicológica. Não posso dar detalhes sobre esse ponto. Até porque, esse assunto será da alçada exclusiva da Medicina”, frisou. Os advogados deverão pleitear, ainda, a mudança de local da prisão de Guilherme Wanderley, hoje custodiado no Centro de Detenção Provisória (CDP), na Ribeira, zona Leste de Natal.

“Ele deveria estar num ambiente separado dos presos comuns, em obediência ao artigo 84 da Lei de Execução Penal, que garante ao funcionário da administração da Justiça Criminal a permanência em dependência prisional separada dos presos comuns. Fato este facilmente perceptível pelo caos do nosso Sistema Penitenciário, o que levará à transformá-lo em alvo fácil em caso de rebelião”, disse o advogado Jonas Antunes. Ele e o advogado José Maria Rodrigues Bezerra não articulam, pelo menos por enquanto, entrar com pedido de habeas corpus em favor do cliente. “Não será feito nenhum pedido para soltura, por enquanto”, disse Jonas Antunes. O objetivo é que Guilherme Wanderley seja transferido para o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Tirol.

Desabafo

O promotor Wendell Beetoven Ribeiro Agra foi atingido por um tiro nas costas e ficou internado num leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até ontem. O promotor, que atua como coordenador Jurídico Administrativo do MPRN usou as redes sociais pela primeira vez após o ocorrido e comentou o atentado do qual foi vítima.

Veja o que escreveu o promotor:

“Sobrevivi à tentativa de homicídio. Um criminoso vil, traiçoeiro e vulgar tentou me matar com um tiro pelas costas, em pleno local de trabalho, em razão da minha correta atuação no Ministério Público. O mal novamente não triunfou. Estou me recuperando e o bandido na cadeia, onde espero que permaneça por muitos anos. Reafirmo, agora, o compromisso de 20 anos atrás, quando tomei posse como promotor de Justiça. Em breve voltarei ao trabalho, ainda com mais determinação e, se Deus quiser, mais forte. Se a intenção era me derrubar, deu errado”.

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