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Deficiências do ensino brasileiro

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Ivan Maciel de Andrade – escritor

Há dados estatísticos – já bastante conhecidos – que confirmam amplamente o baixo, insatisfatório, frustrante nível de desempenho do sistema educacional brasileiro. As falhas aparecem sobretudo nos ensinos fundamental e médio (deixemos de lado o superior, embora esteja muito distante dos padrões de excelência). Apesar de se reconhecer que a educação é decisiva para que sejam alcançados coeficientes respeitáveis de desenvolvimento socioeconômico e, em consequência, para melhorar os índices de qualidade de vida da população, ela nunca foi encarada no Brasil (e não há nenhum indício de que venha a ser em futuro próximo) como a máxima prioridade nacional. Há carências e distorções inconcebíveis. Por exemplo, as graves deficiências na transmissão de conhecimentos e no próprio conteúdo das informações transmitidas. Faltam professores qualificados, para isso contribuindo a péssima e desestimulante remuneração paga ao magistério. E o problema é agravado pela ausência, precariedade ou inadequação de instalações destinadas ao funcionamento das escolas públicas. Uma desastrosa conjugação de fatores.

Além disso, as autoridades responsáveis pela administração e supervisão das atividades educacionais contribuem o quanto podem para desacreditar e, algumas vezes, aviltar o desejado padrão de qualidade dos ensinos fundamental e médio. Há um episódio recente que é sintomático dos desacertos que causam profundos danos à educação, vista numa perspectiva unificada, que hoje constitui a tônica das políticas postas em prática pelo MEC (de que é exemplo o Enem). Assim é que gerou estarrecimento e indignação em todo o país a indesculpável demonstração de desleixo e incompetência dos dirigentes da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro: foram distribuídas apostilas a alunos do ensino fundamental com erros grosseiros sobre capitais de Estados nordestinos (Pernambuco capital Belém, Paraíba capital Manaus) e sobre aspectos elementares de matemática. Os erros foram corrigidos – se é que realmente o foram – mediante a distribuição de “errata” circular às escolas. Recomendou-se adicionalmente (o clímax da desídia e da desfaçatez!)  aos professores que corrigissem eles próprios os erros que fossem, por acaso, descobertos.

 Há muita gente que, numa ocasião como esta, lembra que o Programa Nacional do Livro Didático do MEC, não faz muito tempo, sugeriu, através de uma publicação, a 485 mil estudantes que usassem a “língua popular”. E que, para tanto, desafiassem o “preconceito linguístico” comunicando-se através de expressões como “os nossos livro”, “nós pega os peixes”. Os teóricos do MEC entendem que não passa de “mito” a ideia de que só há uma forma correta de escrever ou falar. Será que eles tentam com isso justificar o português estropiado de Lula, que se revelou de tanta eficácia em sua oratória política? Mas, convenhamos, é uma intransponível contradição ensinar português errado e exigir no Vestibular português castiço. Infelizmente, o despreparo, a inépcia e a falta de espírito público podem levar o ensino brasileiro a um estado de falência.

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