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Delator aponta pagamento ao PT

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Curitiba (AE) – O dono da UTC Engenharia Ricardo Pessoa afirmou em depoimento na Justiça Federal em Curitiba, que o ex-diretor de Serviços Renato Duque o encaminhava ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari para pagamento de propina. O delator afirmou que fez depósitos oficiais em contas do partido. Pessoa é um dos principais delatores da Lava Jato e ainda não teve sua delação premiada tornada pública.

Este foi o primeiro depoimento público do delator. Ricardo Pessoa, no entanto, não aparece nas imagens da audiência na Justiça Federal. Desde o início dos processos da Lava Jato, os depoimentos são gravados em vídeo e áudio. A defesa de Ricardo Pessoa pediu para que seu rosto não fosse mostrado. Durante a audiência, o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, instruiu o delator para que ele não citasse políticos com foro privilegiado durante o depoimento.
Ricardo Pessoa presta o primeiro depoimento depois do acordo de delação premiada
Ricardo Pessoa afirmou que seu primeiro contato na Diretoria de Serviços da Petrobrás foi Pedro Barusco, então gerente de Engenharia e braço-direito de Renato Duque. “Depois, o próprio Duque me procurou e começou a dizer que eu tinha que fazer contribuições políticas que essas contribuições teriam que ir através do Vaccari.”

O juiz Sérgio Moro perguntou “Essas contribuições eram como parte do acerto de propina?”. “Sim, como parte, mais claro impossível”, respondeu o empreiteiro. “Eu depositava oficialmente numa conta do Partido dos Trabalhadores.”

O juiz insistiu. “Essa contribuição vinha do acerto de propinas para a Diretoria de Serviços?” O empreiteiro respondeu. “Sim, para mim eu estava pagando a Vaccari, a mesma coisa.”

O delator falou à Justiça como testemunha de acusação no processo em que são réus o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e executivos ligados ao grupo. Presidente da UTC Engenharia, ele é apontado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal como o presidente do ‘clube vip’ das empreiteiras que se apossaram de contratos bilionários da Petrobrás entre 2004 e 2014. Questionado pelo Ministério Público Federal se havia feito pagamento de propina a funcionários da estatal, o delator confirmou.

“Sim. Eu paguei para o Pedro Barusco (ex-gerente executivo da Petrobrás). Renato Duque sempre me encaminhou para o senhor João Vaccari. Eu nunca dei propina na mão dos senhor Renato Duque. Era sempre encaminhado o assunto para o senhor João Vaccari”, afirmou Ricardo Pessoa.

Ricardo Pessoa contou que os valores-base para pagamento de propina era de 1% para a Diretoria de Serviços, comandada por Duque, e para a Diretoria de Abastecimento, liderada por Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato. “A referência inicial era para a Diretoria de Serviços 1%, para a Diretoria de Abastecimento 1%. Mas isso era só referência. Caberia a negociação depois de cada um. Eu, por exemplo sempre negociei o máximo que eu pude.”  Pessoa foi preso em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato.

Ex-presidente da Eletronuclear é denunciado
O juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, sua filha Ana Cristina da Silva Toniolo, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, o ex-presidente da empreiteira Rogério Nora de Sá, o executivo da empresa Flávio David Barra, contra sócios da Engevix Engenharia e mais 7 investigados. Othon Luiz está preso desde o dia 28 de julho, quando foi deflagrada a Operação Radioatividade, desdobramento da Lava Jato. Este processo é o primeiro fora da Petrobras após delação de executivos.

“O caso é um desdobramento dos crimes de cartel, ajuste de licitação e propinas no âmbito da Petrobras, sendo identificadas provas, em cognição sumária, de que as mesmas empresas, com similar modus operandi, estariam agindo em outros contratos com a Administração Pública, aqui especificamente na Eletrobrás Termonuclear S/A – Eletronuclear”, afirmou Sérgio Moro.

“A conexão entre os crimes é óbvia, já que o mesmo cartel de empreiteiras que teria atuado na Petrobras, estaria atuando na Eletronuclear praticando crimes similares.”

PF indicia Vaccarezza e dois deputados
Brasília e Curitiba (AE) – A Polícia Federal indiciou os deputados Vander Loubet (PT-MS), Nelson Meurer (PP-PR) e o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), investigados na Operação Lava Jato, por recebimento de propina oriunda de contratos da Petrobras. O inquérito aponta indícios de corrupção passiva dos três políticos.

Segundo o documento, Cândido Vaccarezza teria recebido em seu apartamento, em São Paulo, valores do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, a mando do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, para a campanha de 2010.

O inquérito da PF concluiu, com base em provas documentais e testemunhais, que houve corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo deputado Vander Loubet. Segundo a PF, em razão do cargo de deputado federal, o parlamentar teria recebido R$ 1 milhão de Youssef a mando de Pedro Paulo Leoni Ramos.Segundo a PF, uma parte dos valores teria sido entregue em Campo Grande (MS) e outra parte teria sido depositada em contas de terceiras pessoas, que teriam dado suporte a Vander Loubet em sua campanha eleitoral de 2010.

O inquérito aponta ainda que Nelson Meurer recebeu 2 parcelas de R$ 250 mil como propinas para campanha eleitoral de deputado federal em 2010. Os valores teriam sido travestidas de doações eleitorais feitos pela empreiteira Queiroz Galvão, ordenadas por Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho – executivos da construtora, indiciados por corrupção ativa – a pedido de Costa, também indiciado por corrupção ativa. Os repasses para Meurer ocorreram, segundo a PF, por orientação do doleiro Alberto Youssef. De acordo com a Polícia Federal, Nelson Meurer recebeu entre meados de 2008 e abril de 2013 – enquanto Costa era diretor da Petrobras – propina “oriunda de contratos da diretoria de Abastecimento mediante comparecimento pessoal no escritório de Youssef em São Paulo”.

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