quinta-feira, 28 de março, 2024
33.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Delegacias condenadas ao caos

- Publicidade -

Yuno Silva
Repórter

Diz a lenda dos policiais civis do Rio Grande do Norte que, em 1937, uma senhora abastada da alta sociedade natalense, acusada de mandar matar o marido, resolveu financiar a construção do sobrado onde até hoje funciona o 1º Distrito Policial, na Cidade Alta, para não ficar presa em uma penitenciária. O imóvel, tombado pelo patrimônio histórico nacional, fica na esquina das ruas Padre João Manoel e Expedicionário Rodoval Cabral – por trás da Igreja de Santo Antônio (do Galo); e, apesar de estar localizada no centro da cidade, a 1ª DP atende, na prática, os bairros de Tirol e Petrópolis.

Sede da 1ª DP, na Cidade Alta, tem parte da estrutura interditada pela Defesa Civil
Sede da 1ª DP, na Cidade Alta, tem parte da estrutura interditada pela Defesa Civil

#SAIBAMAIS#Entre as delegacias mais antigas do Estado, e a primeira na lista da Polícia Civil do RN a receber equipes de auditoria e fiscalização, o 1º Distrito reflete sem rodeios a precariedade em que se encontra toda a rede: goteiras, infiltrações e paredes mofadas em todos os cômodos; portas e janelas quebradas; ambientes sem uso por causa da insalubridade; e improviso dos servidores para que as portas não fechem por completa falta de condição de trabalho.

Para piorar o quadro, há cerca de três anos a caixa d’água da 1ª DP foi interditada devido o risco de desabamento – sem água encanada nas torneiras, o uso da cozinha e dos banheiros é restrito e funciona na base do balde.  “Por ser a 1ª DP da capital, simbolicamente, era para estar melhor cuidada. Pelo menos uma situação mais satisfatória para os servidores, e para quem procura nosso atendimento”, disse o delegado Marcel Gouveia, há pouco mais de dois meses no cargo de titular do 1º Distrito, que trabalha em uma sala cuja porta de entrada ostenta um cartaz da Defesa Civil onde se lê a palavra “Interditado”.

Com sete anos de delegacia, o chefe de investigações Severo também chama atenção para o déficit agudo de pessoal: “Para uma distrital funcionar a contento, teria de ter ao menos 10 agentes. Aqui estamos em quatro, e o serviço de investigação acaba não sendo executado por causa de outras atribuições que temos como dar apoio ao Ministério Público do RN na entrega de intimações, por exemplo”. Além do delegado e dos quatro agentes, o 1º Distrito Policial também conta com o trabalho de quatro recepcionistas (dois por turno), dois escrivães e um estagiário.

As unidades da Polícia Civil são responsáveis pela investigação de crimes, elaboração de Boletins de Ocorrência de qualquer natureza, expedição de atestado de antecedentes criminais, registro de porte de arma de fogo e de alvarás de produtos controlados, mais auxílio às atividades do MPRN. Atualmente no RN, apenas 2% dos crimes de homicídios são elucidados.

“Nosso efetivo para investigar crimes é mínimo, um dos mais baixos do País. Temos o efetivo líquido mais baixo da região Nordeste: apenas 23,03% do pessoal necessário”, informou Pauolla Benevides Maués, delegada e presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol-RN).

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas