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Delegado aponta novos possíveis envolvidos

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Fred Carvalho – Enviado a Caicó

O advogado Rivaldo Dantas, que defende o assassino-confesso do radialista F. Gomes, pode ter envolvimento com o crime. A hipótese foi levantada em um relatório elaborado pelo delegado Márcio Delgado Varandas e encaminhado à Justiça em 23 de março passado. De acordo com o documento, obtido com exclusividade pela TRIBUNA DO NORTE, Rivaldo Dantas teria participado do “esquema de acobertamento do delito”.

Políciais conduzem suspeitos do assassinato do Radialista F. Gomes para o depoimento, ocorrido ontem, no município de CaicóEssa possibilidade, de acordo com o relatório policial, se dá pelas “incisivas ligações em horários cruciais do ‘Gordo da Rodoviária’ para ‘Dão’ no dia do crime, demonstrando a preocupação com o esclarecimento do crime, compactuando com a participação do advogado Rivaldo Dantas no esquema de acobertamento do delito”.

João Francisco dos Santos, o Dão, foi preso no dia 19 de outubro do ano passado e confessou ter matado F Gomes na noite anterior. Lailson Lopes, conhecido em Caicó por “Gordo da Rodoviária”, foi denunciado como sendo o mandante do crime.

O conteúdo do relatório causou um mal-estar ontem durante a primeira parte da audiência de instrução e julgamento. Após esse versão ter sido levantanda pela advogada de Lailson Lopes, Maria da Penha Batista, o defensor de Dão se mostrou irritado. Na saída do fórum, Rivaldo não quis conversar com a imprensa, declarando apenas que a colega Maria da Penha “é uma velha louca, maldita”.

Diante dessa possibilidade, são grandes as chances de que o juiz Criminal de Caicó, Luiz Cândido Villaça, determine que novas investigações sejam feitas pela polícia.

Além disso, o relatório de Márcio Delgado aponta indícios considerados por ele como “contundentes para apontar a autoria intectual” do assassinato de F. Gomes.

Juiz ouve testemunhas de defesa e acusação

Ontem, o juiz Luiz Cândido Villaça iniciou a audiência de instrução e julgamento. A sessão, marcada para às 9h, foi iniciada com uma hora e 12 minutos de atraso. No período da manhã, depuseram ao juiz parentes de F. Gomes e o delegado Márcio Delgado Varandas.

A viúva de F. Gomes, Maria Eliene de Queiroz Gomes; o cunado dele, Ronaldo Santiago da Silva; e os irmãos Jucileide Medeiros Gomes e Ilmo Medeiros Gomes de falaram na condição de declarantes. Já Márcio Delgado, que comandou as investigações sobre a morte do radialista, foi arrolada como testemunha.

À tarde, os depoimentos foram retomados com o soldado PM Joaci de Medeiros Lopes. Foi ele quem, minutos após a morte de F. Gomes, flagrou Dão fugindo do local do crime. Graças a ele é que a polícia conseguiu chegar ao autor do assassinato, que acabou confessando a autoria menos de 24 horas após matar F. Gomes.

Além dele, depuseram: Anna Santana Medeiros de Oliveira (mulher de Dão), Francisco de Assis dos Santos (moto-taxista), Francisco Elias Neto, Sidney Silva (radialista), Irapuan Monteiro Saldanha (amigo de Dão), Luana Karine Gomes de Lima (sobrinha de Lailson Lopes), Genildo Candido de Souza, Arginaldo Gomes de Almeida (moto-taxista), Luiz da Anunciação Lopes (pai de Lailson Lopes), Gilson Neudo Soares do Amaral (pastor evangélico, sócio de Lailson), George David Leao (delegado de Polícia Civil) e Alexsandro Santos (sargento da PM).

Por volta das 18h30, o juiz Luiz Cândido encerrou a sessão e marcou a retomada dela para o próximo dia 11. “Neste dia, vamos colher o depoimento de mais duas testemunhas e ainda fazer os interrogatórios dos dois réus”, falou o magistrado.

As duas testemunhas que serão ouvidas são o atual delegado-geral de Polícia Civil (Degepol), Ronaldo Gomes de Moraes, e o assaltante e traficante Valdir Souza do Nascimento, que seria ouvido por carta-precatória, mas será mesmo trazido da penitenciária de Alcaçuz, onde está preso, para a audiência em Caicó.

A expectativa para o dia 11 fica mesmo para os interrogatórios. Na manhã de ontem, o advogado Rivaldo Dantas disse que Dão mantém a versão de ter agido sozinho no crime. Já a advogada Maria da Penha, reafirmou que o cliente dela, Lailson Lopes, é inocente.

bate-papo – Eliene Gomes » viúva de F. Gomes

Os quase sete meses da morte de F. Gomes, foram “sofridos” para a viúva dele, a assistente social Maria Eliene de Queiroz Gomes. Ontem à tarde, em entrevista exclusiva à TRIBUNA DO NORTE – a primeira após o crime- ela falou da dor que sente até hoje e das mudanças provocadas pela perda do companheiro.

TRIBUNA DO NORTE – Como está sua vida e de seus filhos após esses sete meses da morte de F. Gomes?

São dias, meses de muito sofrimento. Não há um só dia em que eu e meus três filhos não pensemos em F. Gomes. A dor ainda é uma constante.

Como foi sua relação com F. Gomes?

Foram dois anos de namoro e 20 de casamento. Ou seja, foi uma vida ao lado dele. F. Gomes foi um marido maravilhoso, um pai atencioso. Ele se preocupava com a família, para quem se dedicava muito. É por isso que ainda não me acostumei com a ausência dele e acho que esse sentimento nunca vai passar.

Sem seu marido, a sua família passa por alguma necessidade hoje?

Financeira não. Nossa necessidade é apenas da presença dele. F. Gomes faz muita falta para mim e para os nossos filhos.

A senhora e seus filhos de mudaram para Natal. Por que?

Porque minha filha está fazendo faculdade e eu precisava reunir os meus outros dois para ficarmos todos juntos.

A senhora tem acompanhado o noticiário sobre o Caso F. Gomes?

Sempre leio jornais, blogs, assisto TV  e ouço rádio. Acompanho de perto para saber como estão as investigações e agora o processo.

A polícia e o Ministério Público apontaram dois homens como sendo o executor e o mandante da morte de F. Gomes. A senhora está satifeita com a investigação?

Sim. Confio muito no trabalho da polícia.

Nesse período todo, a senhora nunca havia se pronunciado sobre o caso. Por que resolveu conceder essa entrevista hoje?

Nunca havia falado porque não tinha condições. As pessoas me procuraram no dia do crime e em seguida no velório e no enterro, mas não tinha condições físicas e psicológicas de dizer nada. Aceitei dar essa entrevista com um único objetivo: agradecer. Eu preciso agradecer a todos que me deram forças nesse período, que é o pior da minha vida e de meus filhos. Quero agradecer a polícia pelo trabalho que foi feito. Aos bombeiros. Aos amigos. Aos parentes. A todos que tentaram falar comigo no dia do velório e do enterro. À toda a imprensa tanto daqui de Caicó como de fora, que vem acompanhando e cobrando por justiça pela morte de meu marido. Também tenho que agradecer a meus três filhos [uma moça de 20 anos e dois gêmeos de 15 anos], que têm me apoiado em tudo, inclusive nessa nossa mudança para Natal. Mas principalmente eu quero agradecer a F. Gomes por tudo que ele fez por mim, pelo amor que ele me ofereceu e pelos filhos maravilhosos que me deu.

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