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Deles, dos cretinos

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Vicente Serejo
Aprendi com a vida, ao longo dos demorados cinquenta anos de repórter, vendo e ouvindo as vozes do mundo, de perto e de longe: só os inteligentes são cretinos. Pode existir, mas nunca vi um cretino burro. Com todo respeito, os fronteiriços não formulam essa forma tão perfeita e tão requintada do mal. É deles, dos inteligentes, Senhor Redator, essa vil capacidade de dissimulação, como se arrastassem uma refinada maldição de amar o falso para a falsidade ser como uma arte.
Oscar Wilde, vítima do escárnio intolerante e conservador da sociedade vitoriana na qual viveu, naquela Londres de um reinado frio e desumano, avisou: “Pouca sinceridade é uma coisa perigosa e muita sinceridade é fatal”. Talvez fosse melhor não ser tão claro e esconder a verdade nas costuras do avesso das batas, das togas, das pelerines. Quem sabe, a vida seria doce como um favo de mel, mas mataria por esganação o mais excitante de tudo que é o gosto forte do inesperado. 
Com o tempo, os olhos aprendem a separar as artes das artimanhas. Não para vencê-las. A vida precisa ter de tudo um pouco, mas para vivê-las verdadeiramente, sem se deixar enganar. Até os abutres, se vistos com os bons olhos perscrutadores, se justificam. É a bruta lei da sobrevivência da qual o ser humano é inseparável. E mesmo que tenha vivido o processo civilizatório dos bons costumes que tudo amaina, não apagou sua natureza violenta, a de ser capaz de matar a quem ama.
O mundo tem uma pequena teoria do cretino escrita pelo norte-americano Aaron James, depois transformada em documentário dirigido pelo documentarista John Walker. O livro nunca foi traduzido no Brasil, mas sua principal lição é avisar que ninguém nasce cretino. Um processo cultural vai formando o sentimento de cretinice. Principalmente se numa mesma personalidade a vaidade e a ambição se reúnem e as duas águas formam o caudaloso desejo de dominar o mundo. 
É do cretino a habilidosa arte de agradar. Não que necessariamente precise, mas em razão de algo mais profundo e cavernoso que é imaginar, com absoluta convicção, que a nova conquista será o bálsamo que vai curar a sua ansiedade. E será, seja lá o que for, no seu novo espaço, contanto que não seja apenas mais um, como os outros. O cretino é um colecionador de banalidades que ele soleniza naquela arte de inventar-se a si mesmo ainda que não passem de conspícuas nulidades.  
Os mundos da vaidade são assim – o político, o intelectual e o acadêmico. O político busca o poder e o intelectual financia a sua própria glória. As universidades abandonaram a busca do saber-saber e do saber-fazer, como se a sociedade não as mantivessem para que promovam o ensino geral das profissões. O modelo, no fim, é também castrense. A combinação de tempos e de patentes e o sistema, somados os seus dias e seus papéis, nivela a todos. Quando não são iguais.      
OLHO – A auditora Iana Silva de Lima, da TCE, informou à CPI uma novidade: há outro contrato sendo auditado: de obras e serviços de engenharia. Cabe à comissão buscar informações oficiais.
JUSTO – O vereador Eliabe Alves, de Lagoa Nova, no Seridó, vai propor o título de Cidadão Honorário ao ex-governador e ex-reitor Genibaldo Barros. A homenagem justa a um seridoense.
ALIÁS – Eliabe é vereador, mas é também jornalista e caricaturista dos bons. E remete, via e-mail, uma caricatura de Genibaldo festejando os amigos, ele que é um sertanejo cultivador de amizades.
ENCANTOS – Está nas estantes da livraria do Campus, ‘Encantos do Brasil, xilogravura e cultura popular’, de Pedro Lima, a pesquisa do escritor e professor de arquitetura e urbanismo da UFRN.

TEMAS – Pedro Lima reúne dez ensaios, ilustrados por xilogravuras criadas por ele, em torno de temas da cultura popular brasileira, lançado pela Appris, de Curitiba, Paraná, e numa bela edição. 
AILSON – Bonita a homenagem do filho Thiago Pereira Pinheiro na missa de 7º dia do seu pai, Ailson Pinheiro. Seu texto conta sua história de vida e sua luta contra a Covid. Um belo exemplo. 
TOQUE – O blazer preto, talhado em cortes harmoniosos e sobre uma calça grafite, foi o toque de elegância do deputado Raimundo Fernandes inaugurando a tarde nos corredores da Assembleia. 
SINAL –  De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, depois de tragar seu puro cubano olhando o beco findar nos costados da Vigário Bartolomeu: “Ninguém esconde um sorriso falso”. 
DISNEY – Vai ser dia 13 próximo, com acesso gratuito pelo perfil @disney.prof no Instagram, o lançamento do e-book Princesas Disney na sua Redação, do professor de Arte Ildisnei Silva que é mais conhecido como Professor Disney pelo seu trabalho pioneiro com personagens infantis. 
ALIÁS – O professor Disney adota um método voltado para aulas sempre muito dinâmicas e já faz sucesso com aulas temáticas a partir de histórias da Disney para destacar as nuances éticas, estéticas e políticas contidas nos contos infantis. O que revela sua criatividade na área didática.   
ALECRIM – A Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim – AEBA – lança, em breve, a programação oficial das comemorações dos 110 anos do bairro, apesar das dificuldades em razão da pandemia e da ressaca financeira que assola o RN, o que tem limitado a busca de patrocínios. 
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