Beatriz Bulla
Agência Estado
A Câmara dos EUA é, desde novembro, de maioria democrata, e de oposição a Trump. A reverberação internacional da situação da Amazônia, contudo, fez com que as movimentações passassem a ter caráter mais formal, em tom de resolução interna no Congresso, e alcançassem parlamentares considerados mais moderados dentro do partido democrata. Uma delas teve apoio bipartidário, com endosso de senador republicano.
Ao menos 53 congressistas americanos se engajaram em diferentes movimentos críticos à situação da Amazônia ou às falas de Bolsonaro. A Amazônia também fez com que cinco pré-candidatos democratas à presidência dos EUA se envolvessem em cobranças ao governo brasileiro: Kamala Harris, Cory Booker e Amy Klobuchar endossaram o pedido para que os EUA adiem negociações comerciais com o Brasil enquanto não houver resposta efetiva sobre as queimadas. Bernie Sanders e Elizabeth Warren – que, junto com Joe Biden, estão entre os três primeiros nas pesquisas de intenção de votos – assinaram cartas para pedir que empresas cobrem do governo brasileiro a preservação ambiental.
Uma carta assinada por 11 democratas pedia ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, a suspensão da negociação de acordo comercial com o Brasil até que haja uma “ação significativa para proteger a Amazônia”. Dias antes, Kamala – tida como moderada – criticou Bolsonaro no Twitter: “Conforme a Amazônia queima, o presidente do Brasil deixa madeireiros e mineradores destruírem a Amazônia e, similar ao Trump, não está agindo”.
Livre comércio
Um eventual acordo de livre comércio – ambição da equipe econômica brasileira – precisa da aprovação dos parlamentares americanos, apesar de ser negociada com o Poder Executivo. O atual encarregado da embaixada, Nestor Forster, se reuniu com os dois senadores que redigiram o documento. Depois do encontro, o senador Brian Schartz escreveu que o Brasil deve “cumprir integralmente as leis de proteção ambiental e indígena”. “Fico feliz em ver uma mudança na retórica do governo Bolsonaro, agora vamos observar se ela vem acompanhada por uma mudança na política”, afirmou.
As iniciativas pela Amazônia seguiram durante o mês de setembro com um manifesto assinada por 13 senadores. “Os incêndios na Amazônia neste ano são uma emergência e exigem ação de todos nós Você tem o poder de exigir que o presidente Bolsonaro aplique as leis ambientais de seu País e pode reavaliar suas operações à luz de inércia. Por favor, fale e deixe claro que a proteção da Amazônia é essencial para a sua empresa fazer negócios na região”, diz o texto endereçado à Cargill, Danone, Johnson & Johnson, L’Oreal, McDonald’s, Walmart, Deutsche Bank, Barclays e outras companhias.