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Dengue superlota unidades em Natal

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Da porta de entrada, o funcionário da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cidade da Esperança já alertava: “a unidade está superlotada, tem que aguardar. É o protocolo”. A UPA, localizada na zona Oeste de Natal, ampliou o atendimento, colocando médico e equipe de enfermagem para ofertar um plantão extra de 12 horas, como forma de amenizar a grande procura por atendimento. A alta demanda é efeito da alta dos casos prováveis de dengue, que chegaram a 11,5 mil até 7 de maio, um crescimento de 1.437% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Na Cidade da Esperança, unidade estava recebendo apenas crianças e pacientes graves na manhã de ontem
Por causa da superlotação, a UPA de Cidade da Esperança só estava acolhendo crianças e pacientes graves. Os demais precisavam aguardar na área externa, conforme constatou a reportagem da TRIBUNA DO NORTE na manhã de ontem (24). “Cheguei aqui me sentindo muito mal, com muita dor de cabeça, febre, náuseas, provavelmente estou com dengue, mas disseram para aguardar e a gente não sabe quando vai ser chamado. É um descaso total, poder ver a quantidade de gente aqui”, disse Janikelly Lima, moradora do bairro das Quintas, que esperava atendimento na calçada da UPA.
A exemplo de Janikelly, dezenas de pessoas também aguardavam atendimento na sala de espera da unidade. Além da demora, os pacientes reclamavam também das condições do rol de entrada, que estava infestado de carrapatos e mosquitos. “A gente vem para cá com suspeita de dengue e é capaz de pegar dengue aqui porque é o só o que tem, mosquito. Dessa vez tem até carrapato, pode ver aí a ruma no chão porque tem essa cachorra aqui doente”, disse Francisca Rodrigues, que havia retornado ao pronto atendimento para validar um atestado médico.
“Vim aqui ontem [segunda-feira] porque tô com dengue. Tava sentindo muita dor no corpo, náuseas, febre, aí tomei umas injeções e melhorei. Voltei aqui hoje porque não aceitaram o atestado no meu trabalho, aí tive que vir aqui de novo. Ontem cheguei de 6h30 e fiquei até meio-dia. Hoje eu cheguei de 7h e só Deus sabe que horas eu saio daqui. A gente que é pobre, não tem plano de saúde, e precisa ser atendida aqui em Natal é desse jeito, um descaso muito grande com a gente”, complementa Francisca Rodrigues, moradora de Felipe Camarão.
Houve também quem desistiu do atendimento na UPA da zona Oeste e foi buscar socorro na unidade do conjunto Cidade Satélite, no bairro do Pitimbu, zona Sul da capital. Na unidade, a procura também estava em alta e a principal queixa era a dengue. “A gente preferiu vir para cá porque pelo menos é mais organizado, nos tratam melhor, tanto na questão da recepção, na espera, quanto na questão do atendimento com as médicas”, comenta uma paciente, que preferiu não se identificar.
O aumento significativo de casos de dengue em 2021 pode ser explicado por alguns fatores, como detalha o médico infectologista André Prudente. Ele diz que a falta de atenção do poder público combinada com a falta de cuidados por parte da própria população são fatores que ajudam a entender a explosão da doença, que adquiriu status de epidemia na última sexta-feira (20), em todo o Rio Grande do Norte. Prudente acrescenta ainda que a doença segue um período de sazonalidade e, por esse motivo, costuma lotar as unidades de saúde em determinado período do ano.
“É uma somatória de coisas. Primeiro veio a pandemia e toda a atenção do mundo se voltou para a covid, então deixou de se discutir as arboviroses. Segundo, os surtos de dengue ocorrem com uma certa periodicidade, dificilmente a gente tem uma grande epidemia em dois anos seguidos. Quando a pessoa adquire dengue, ela nunca mais vai adoecer por aquele sorotipo, mas ela pode adoecer pelos outros. Só que ela fica de seis meses a dois anos protegido de todos os outros tipos, então quando a gente tem muitas pessoas pegando dengue num ano, no outro a gente tem bem menos casos”, detalha.
André Prudente, que também é diretor do Hospital Giselda Trigueiro, referência estadual em doenças infectocontagiosas, ressalta que pessoas com suspeitas de dengue podem seguir uma série de orientações antes de procurar ajuda médica. “São duas as principais medidas para qualquer pessoa que esteja com suspeita de dengue: repouso e hidratação. O que mata na dengue é perda de líquido, seja por sangramento ou desidratação. Essa pessoa precisa estar bem hidratada, então essa pessoa deve estar habituada a ingerir mais líquido do que toma naturalmente. Na maioria dos casos vai ser dengue clássica e aí o repouso e hidratação vão ser suficiente para todo mundo sair da crise”, diz.
Além disso, o paciente deve ficar atento aos “sinais de alarme”, que devem ser tratados em uma unidade de saúde imediatamente. “Esses sinais indicam que a pessoa poderá evoluir, nas próximas horas, para a gravidade. Os principais sinais de alarme são desmaio, tontura, queda da pressão, sangramento de qualquer espécie, dificuldade de respirar, dor abdominal intensa e contínua, vômitos constantes, confusão mental ou rebaixamento do nível de consciência, tudo isso faz com que a pessoa deva procurar ajuda médica”, afirma o médico.
A TN procurou repercutir o assunto com representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na sede da pasta, para saber que ações serão tomadas para amenizar as superlotações e demoras nos atendimentos dentro das unidades de saúde, mas não foi atendida. A reportagem também tentou contato por mensagens de texto e ligações telefônicas, mas também não houve retorno.
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