Dentes com lentes

Repórter

A dentição branca e perfeita que muita gente está exibindo nos últimos anos não tem a ver apenas com higiene bucal. O avanço dos procedimentos odontológicos pôs em muitos sorrisos os ‘laminados cerâmicos ultrafinos’ ou, como estão sendo mais conhecidos, as ‘lentes de contato’ dentais. Essa fina camada de porcelana que cobre os dentes tem sido adotada em peso pelas celebridades devido aos resultados estéticos, mas além disso, também pode corrigir  variados problemas dentários com eficiência e rapidez. E como em todo procedimento do gênero, exige cuidados e precauções. 

As lentes de porcelana estão na moda, mas sua importância vai além disso, afirma o dentista Álvaro Benevides, um dos pioneiros no procedimento em Natal, há seis anos. “As lentes são vistas em jogadores de futebol e atores, mas trata-se de um tratamento de saúde bucal para qualquer um que busque estética e correção de problemas dentários. Não se deve fazer tratamento sem a real necessidade, tão pouco buscar uma cor tão branca que torna-se artificial à primeira vista, transformando o que deveria ser um belo sorriso em algo muito artificial e feio. O tratamento busca a beleza com naturalidade”, explica.

As lâminas cerâmicas têm entre 0,2 e 0,5 milímetros de espessura, sendo preparadas e cimentadas uma a uma no esmalte dental do paciente. Álvaro Benevides explica que a utilização de facetas em porcelana é antiga na área dental, mas foi o desenvolvimento de novas porcelanas e de materiais mais eficientes de ‘colagem’ delas nos dentes, que proporcionaram o atual tratamento. “As lentes têm a capacidade de mudar a forma e a cor dos dentes naturais sem praticamente desgastá-los, e com grande durabilidade”, ressalta. O procedimento é irreversível, uma vez feito.  

A colocação das lentes dentais – assim como a das oculares – também exige uma avaliação minuciosa. Álvaro explica que inicialmente é estudada a situação dentária do paciente, observando se há restaurações, canais, posição dos dentes, quebra ou fratura, oclusão (mordida), além da saúde gengival. A pessoa deve passar ao dentista seus desejos e expectativas em relação ao tratamento. Em seguida há um registro fotográfico do sorriso e exame técnico da situação atual, comparando com linhas de referência do sorriso ideal. A partir daí são analisadas as possibilidades de tratamento. Pacientes com cáries, bruxismo e outros problemas bucais devem fazer tratamento antes de colocar as lentes. 

Para que o paciente tenha uma ideia de como o novo sorriso ficará, são feitos modelos em gesso das arcadas dentárias da pessoa, e através de um “enceramento diagnóstico”, gera uma simulação do tratamento com lentes em resina. “Assim o paciente tem a oportunidade de ver previamente como ficará o tratamento, podendo inclusive ficar com essas lentes para mostrar aos familiares. Essas lentes em resina são destacáveis, servindo apenas para orientação e pré visualização do resultado”, explica o dentista. 

Os usuários das lentes dentais, em geral, procuram algum tipo de correção para seu sorriso. Segundo Álvaro, os casos principais são relacionados a problemas de cor, forma, tamanho, desgaste, ou posicionamento que tira a harmonia do visual bucal. A instalação das lentes é um processo indolor, visto que praticamente não há necessidade de desgaste dos dentes naturais. 

Já as aplicações costumam ser demoradas, pela delicadeza e precisão do processo. Álvaro explica que faz-se a limpeza dos dentes (que é condição para a adesão do “cimento resinoso”), posicionamento das lentes, e fixação com luz fotopolimerizadora, além do acabamento, ajuste da mordida e movimentos mandibulares. 

“O sucesso mundial da técnica atesta que seus benefícios são muitos e reais”, afirma Álvaro. Problemas estéticos que levariam anos para se resolver com ortodontia, são solucionados de uma a quatro semanas. “Não há desgaste dentário natural, tem grande durabilidade, sem prejuízo para o meio bucal, já que respeita todos os seus parâmetros. Há casos de dentes escuros, por exemplo, que as técnicas de clareamento jamais vão resolver, somente com as lentes”, diz. Ela ressalta o uso correto de técnica e materiais. 

A manutenção das lentes é feita com uma limpeza anual. Mas fora isso, o paciente vai escovar e passar o fio dental normalmente. O dente com lente tem uma dureza maior que o dente natural. Quanto à durabilidade, Álvaro Benevides conta que há estudos mostrando que as lentes duram vinte anos sem avarias. “Como a porcelana, diferente da resina, não desgasta e não sofre infiltrações por pigmentos (como os de café e vinho) e não dissolve com a saliva, não tem prazo de validade determinado”, explica. Ele alerta  para o fato de que alguns profissionais têm feito lentes com resina em vez de porcelana, para baixar muito os custos. A qualidade está longe de ser a mesma. 

O apresentador de TV Leonardo Souza usou aparelho dental durante toda a infância. Acabou desenvolvendo uma fixação por dentes brancos e perfeitos. Quando tirou o aparelho no final da adolescência, procurou por todo tipo de “receita” que lhe proporcionasse uma dentição límpida. Passou a escovar os dentes com bicarbonato de sódio, o que acabou por desgastar o esmalte de seus dentes, desgastando-os, e tornando-os mais sensíveis à dor e às cáries. “Precisei retomar a saúde do meu sorriso. E foi assim que cheguei às lentes dentais, há dois anos”, conta. 

Leo colocou a lente em dez dentes. Ele procurava restaurar sua saúde dental, e ao mesmo tempo melhorar a estética do sorriso. As lentes funcionaram bem nos dois objetivos. “Quando eu fiz ainda era uma grande novidade, pouca gente conhecia, e eu até fiquei um pouco assustado. Mas depois fiquei super satisfeito. E para quem trabalha em comunicação no vídeo, como eu, isso é fundamental”, afirma. Mesmo assim ele cuida com extremo cuidado da dentição. “Como a lente aumenta a superfície do dente, não espero para passar o fio dental, ando sempre com ele no bolso. Após comer, já escovo logo”, diz. 

A jornalista Larissa Cavalcanti costumava ter problemas com a “mordida”, já que seus dentes de cima não se encaixavam bem com os de baixo. Até que em 2016 ela conheceu as lentes dentais como algo que finalmente resolveria a questão. Larissa pôs as lentes em seis dentes superiores e nivelou a dentição, além de melhorar o visual do sorriso. Ela afirma que preferiu esse tratamento à alternativa de passar dois anos usando aparelho. “O custo e a manutenção seriam mais altos, além da questão estética. Não tenho queixa”, conclui.