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“Depois daquele Baile” vence festival em Tiradentes

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ESTRÉIA -  Roberto Bomtempo dirige ‘Depois daquele baile’O público mineiro escolheu o longa-metragem ‘Depois daquele Baile’, estréia na direção do ator Roberto Bomtempo, como o melhor filme da 9ª Mostra de Cinema de Tiradentes, encerrada no sábado, que exibiu em sua última noite os filmes ‘Eu me Lembro’, de Edgard Navarro, e ‘Soy Cuba – O Mamute Siberiano’,  de Vicente Ferraz – ambos fora de competição. O filme bateu o até então apontado  como favorito ‘A Máquina’, de João Falcão. Não por acaso, o longa conquistou a  preferência do público que assistiu ao filme no domingo, dia 22, e lotou o Cine  Praça, literalmente uma praça no centro da pequena cidade que rende as sessões  de cinema mais animadas do circuito de festivais nacionais.

Co-produção mineira e carioca, ‘Depois Daquele Baile’ se passa em Belo Horizonte e retrata a amizade entre Freitas (Lima Duarte) e Otávio (Marcos Caruso), que disputam a atenção de Doris (Irene Ravache). Com estréia prevista para abril, o filme tem o mérito de tratar de forma carinhosa o amor na terceira idade. Já entre os 60 curtas-metragens exibidos, o público premiou o pernambucano ‘Eletrodoméstica’, de Kleber Mendonça Filho. Prova do vigor da atual produção de Pernambuco, o  curta é uma crônica sagaz do cotidiano da classe média brasileira. Foi a co-produtora do filme Emilie Lesclaux quem recebeu o Troféu Barroco por Kleber, que vem se revelando um dos diretores promissores da região.

Kleber teve um ótimo motivo  para não estar em Tiradentes e receber prêmio — ele está na França, no Festival  Internacional de Clermont Ferrand, considerado o “Cannes dos Curtas”, onde ‘Eletrodoméstica’ também compete. 

O Canal Brasil concedeu pela primeira vez em Tiradentes o tradicional Prêmio Aquisição – Canal Brasil, que premia o filme escolhido com R$ 5 mil e a exibição no canal.

Como o vencedor natural seria ‘Eletrodoméstica’ (que já havia recebido o Prêmio Aquisição em outros festivais), o escolhido foi o segundo colocado na preferência do público, o delicioso curta ‘Historietas Assombradas (para crianças malcriadas)’, de Victor Hugo Borges.

O Troféu Barroco de Melhor Vídeo foi para Bequadro, de Simon Pedro Brethé.  Foram só dois os homenageados (o cineasta Ruy Guerra e o videoartista Eder Santos) e apenas três premiados, já que a mostra não tem caráter competitivo e só concede o Troféu Barroco aos preferidos do júri popular.

Mesmo assim, a Mostra de Tiradentes bateu recorde de participação com a exibição de 173 produções em 47 sessões para 24 longas, 60 curtas e 89 vídeos. São números superlativos para uma cidade de apenas 5 mil habitantes. Durante os nove dias, Tiradentes, cidade que não conta com nenhuma sala de exibição, recebeu cerca de 37 mil pessoas.

Um dos orgulhos da coordenadora geral da mostra Raquel Hallak é ser exatamente o maior festival exclusivamente brasileiro do país. “Exibimos trabalhos de 14 Estados brasileiros e recebemos mais de 500 inscrições. Estou feliz porque, há dez anos, quando decidimos criar a mostra,  meu sonho era mostrar o cinema brasileiro para um público que provavelmente  jamais teria acesso à grande maioria destas produções.

Eu sou de uma geração  que quase não viu cinema nacional e não quero que isso se repita com outras gerações”, comenta Raquel, que demonstra preocupação quando questionada sobre  a possível saturação da estrutura da cidade para receber edições cada vez maiores da mostra. No ano que vem, a mostra de Tiradentes comemora dez anos e um público ainda maior deve invadir a cidade em janeiro.

“É uma questão de reorganização permanente. Tentamos sempre equacionar público com a capacidade da cidade. Por isso, cuidamos desde a limpeza, organização do trânsito e até informação dos comerciantes locais”,  diz Raquel. 

Debates

Se houvesse um Troféu Unanimidade, o desta nona edição iria certamente para o ciclo de debates Encontro da Crítica, Diretor e Público, que reuniu cineastas, críticos e público para debater o papel da crítica de cinema no Brasil. “Neste ano, foram sete encontros, que debateram sete longas-metragens exibidos. Mas a idéia é manter estes debates e ampliar o número de filmes para o próximo ano”,  informou Raquel. 

A ala da crítica aprovou. O que mais se ouvia eram comentários sobre esta valorização e desmistificação do papel da crítica. “A discussão sobre a crítica, sempre muito marginalizada nos outros festivais, aqui foi colocada em primeiro plano. Achei isso fabuloso e, diria até, inédito, uma proposta muito original”, comentou o professor e crítico de cinema André Setaro. 

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