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Depois de amanhã

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Rubens Lemos Filho

Alguém escreveu numa  dessas mensagens tacanhas de autoajuda de redes sociais, que o importante é viver o hoje,  posto que no minuto seguinte, poderemos estar mortos. O autor da medíocre e copiosa oração jamais sentou a bunda numa arquibancada com  a taquicardia ritmando o som da batucada nervosa.  Menos ainda em jogo decisivo. O ABC vai enfrentar o Santa Cruz amanhã com visor no depois de amanhã.

O que será do ABC depois de amanhã? Vencendo, a continuação do sofrimento para manter a vaga no terceiro andar do futebol brasileiro. Para ganhar, com todo o respeito ao técnico Roberto Fernandes, que não tem culpa do passivo encontrado, é necessário começar com Wallyson.

Wallyson é o que há de melhor? Use a bala de prata, Roberto Fernandes. Até para não ser cobrado. Wallyson jogou alguns minutos contra o Botafogo em João Pessoa e andou em campo sinalizando tédio e desconforto por estar na reserva. E, diante do que o ABC dispõe para o ataque, até eu teria ficado p da vida. É uma confraria de limitados. Uma multidão de inofensivos.

Se o ABC perder ou empatar, a Frasqueira vai entrar em ebulição inicial, vai berrar o grito dos inconformados e, quem sabe, buscar consolação no provérbio triste: “No topo do calvário tem uma cruz. Travesseiro e cama do meu bom Jesus.”  O ABC rebaixado é a certeza de um domingo cinza. De melancolia.

Então, ABC, jogue o que não sabe. Como num milagre de amor. Sem cruz, embora o calvário.
Sequência amarga
Santa Cruz(em casa), Ferroviário(fora), Imperatriz(fora), Sampaio Corrêa(em casa) e Globo(vamos considerar campo neutro) mesmo em Ceará-Mirim. É a sequência amarga do ABC até o desfecho da novela fica ou não fica na Série C. Exceto o Globo, os outros quatro ou estão no pelotão  dos quatro primeiros lugares ou na cola.
Torcida proibida 
O Ministério Público – ressalve-se,  única instituição preocupada com vândalos nos estádios, proibiu as facções organizadas(para o mal) do Santa Cruz em espaço livre no Frasqueirão.

Cadeiras

A torcida do Santa Cruz, de verdade, é feita de gente de bem. Ficará nas cadeiras. Mas bandido que é bandido, sempre acha um espaço. Qualquer bagunça, seja dos meliantes do ABC ou do Santa, Choque neles. O Choque é a tropa que não conversa. Age.
Tem direito
A transmissão ao vivo do jogo entre ABC x Santa Cruz para a capital potiguar, confirmada por Carlinhos Bastos, amanhã 17 horas na Band, nada mais é do que um lenitivo  aos homens e mulheres(crianças sobretudo)  que não têm direito de entrar pagando ingresso. Torcedor de Frasqueirão com grana vai e vai com força. Já imaginaram a dor de um pai dizendo assim ao filho todo uniformizado? : “ Não tenho dinheiro para o jogo”. É uma dor aguda.
Sonho
Há uma saída para o ABC não cair e com sobras. Escalar um time assim, do longe dos impossíveis: Hélio Show; Nonato, Alexandre Mineiro, Mário César e Marinho Chagas; Dedé de Dora, Danilo Menezes, Marinho Apolônio e Alberi; Sérgio Alves e Silva. Time para disputar e ganhar Série A. Na reserva, Shumacher, Cláudio Oliveira, Sérgio Poti, Nicácio, Geraldo, Odilon, Reinaldo Aleluia. E Robgol. E Reinaldo de Parnamirim.
Nesi Assim, de primeira, o ex-presidente do América, Fernando Nesi, me liga, naquele seu jeitão discreto, simples, educado de embaixada. Elogios generosos à coluna(minha timidez me mata), lembranças do craque Mendonça que ele – Nesi – trouxe para o América e poucos registram,  em 1993.
Conquistas
Por ser a personificação do antimarketing, Nesi sofre injustiças. E vai sublimando-as em seu passo lento e firme. Desde 1950 no esporte, em especial no basquete, Nesi tem 2.071 conquistas até hoje. E vai coloca-las no papel. Falar em esporte amador sem citá-lo é um crime de lesa-gratidão. Nesi é América e tem orgulho de ser. Herança do pai, Humberto, ícone da cidade.

Boca 
Nenhum clube brasileiro iguala o Boca Juniors em amor-próprio. O Boca é uma religião tribal. Não importa o campo da luta. Fundamental é pintar o coração de azul e amarelo e liquidar o inimigo. O Boca é a face guerreira do futebol da Sudamérica. Ganhou do Athletico(PR) em Curitiba e na Bombonera vai usar seu caldeirão de canibalismo boleiro.

Herói

O goleiro Jairo, do América, foi o herói do Clássico-Rei (0 a 0)  de 25 de julho de 1971, valendo pelo Campeonato local. Jairo pegou tudo e venceu o duelo com o astro Alberi, a disparar bólidos que, habitualmente,  estufavam as redes do velho Estádio Juvenal Lamartine, ao qual compareceram 3.771 pagantes naquela tarde de domingo. Há 48 anos.

ABC e América

Treinado por Manoel Veiga, o ABC atuou com Erivan; Biu, Edson, Josemar e Anchieta: William e Gonzaga(Nunes); Zé Maria(Petruce), Alberi, Edvaldo Araújo e Josenildo. Caiçara, campeão em 1970 pelo alvinegro, comandava o América de Jairo; Pirangi, Cláudio, Ivo e Duda; Osmar, Gobat e Talvanes; Bagadão, Petinha e Tóia.
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