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Deputados escapam da cassação

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CAIXA DOIS - Brant garantiu que não recebeu dinheiro público

þBrasília – Em meio a rumores de um acordão entre PT e PFL, o Plenário da Câmara manteve ontem os mandatos de mais dois deputados envolvidos no esquema do mensalão. Por 283 votos a favor, 156 contra, 18 abstenções e um voto em branco foi absolvido o deputado Roberto Brant (PFL-MG). Brant foi o único parlamentar de oposição a enfrentar a pena de cassação do mandato por ter recebido dinheiro de uma empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza. Ele disse que não será mais candidato a nada.

Logo depois da votação do processo contra Brant começou uma sessão extraordinária para votar o processo de votação contra o deputado Professor Luizinho (PT-SP), que também foi absolvido das acusações. O placar pró-Luizinho foi mais apertado: 253 contra a cassação e 183 a favor da perda do mandato.

Brant gastou 36 minutos para fazer a sua defesa. E logo ficou claro que ele seria absolvido, tal era a atenção que os deputados prestavam à sua fala. Fez um discurso voltado para o amor-próprio dos parlamentares. Deu certo. Quando encerrou, foi aplaudido de pé por companheiros de partido e por parlamentares da base do governo, entre eles dezenas de petistas, como o líder do PT, Henrique Fontana (RS), e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), este também processado por quebra de decoro e com possibilidade de perder o mandato.

Ele afirmou que em 2004 recebeu do presidente da Usiminas a oferta de R$ 150 mil para sua campanha a prefeito de Belo Horizonte. Foi informado de que o dinheiro seria repassado pela agência de publicidade da empresa, a SMPB, de Marcos Valério. “De fato, duas ou três semanas depois, recebi um telefonema do presidente da agência, o senhor Cristiano Paz, e não Marcos Valério, como dizem por aí, que informou ser a quantia de R$ 102.810,76, e não R$ 150 mil, porque havia a comissão da empresa e os impostos”. Brant continuou: “Esse dinheiro serviu para pagar um programa de televisão de 20 minutos que foi ao ar no dia 30 de maio. Não fiquei com um centavo. Não prestei contas porque não sou presidente nem tesoureiro do PFL”.

Culto, com uma erudição muito acima da média dos demais, capaz de repetir Shakeaspeare em inglês por horas seguidas, Brant pontilhou sua defesa com citações filosóficas. Recorreu ao franco-romeno Emil Cioram e, ao contrário de Cioram, conhecido como o filósofo do pessimismo contemporâneo, que via no suicídio uma saída para a angústia dos vivos, disse que deseja continuar vivendo.

Um possível acordo entre PT e PFL para livrar parlamentares da cassação foi negado o tempo todo pelos dirigentes dos dois partidos. Mas o PT votou pela absolvição de Roberto Brant, que fora julgado quatro horas antes. No caso de Professor Luizinho, o deputado Mussa Demis (PFL-PI) assumiu a aberta defesa do colega.

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