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Deputados lançam frente pelo afastamento de Renan

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SENADO - Deputados prometem fazer manifestações para tornar insustentável a permanência de Renan Brasília (AE) – Decididos a tornar insustentável a situação do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), deputados de oito partidos lançaram ontem o Movimento Fora Renan. A idéia é promover ações de impacto até que Renan se afaste do cargo ou tenha o mandato cassado por causa dos quatro processos disciplinares a que responde no Senado. O grupo anunciou que trabalha para mobilizar a sociedade e fará manifestações semanais no Legislativo, exigindo o afastamento.

“Toda semana, teremos a quarta-feira da indignação, com atos da frente suprapartidária que pede o afastamento imediato do presidente do Senado”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Para caracterizar que o movimento é de todo o Parlamento, e não de uma das Casas apenas, ficou acertado que as manifestações serão realizadas no espaço comum da entrada principal, conhecido como chapelaria. A idéia do grupo é estabelecer um calendário de ações para pressionar Renan. A primeira atividade, marcada para dia 17, é o lançamento do “Livro do Tombo”, que registrará assinaturas de deputados, senadores, entidades da sociedade civil e cidadãos brasileiros contrários à permanência dele.

“Chegou o momento de ter uma atitude mais firme”, afirmou Chico Alencar, ao explicar que a ação do grupo tem o objetivo de estimular a sociedade a retomar a pressão pelo “Fora Renan”. A agenda de protestos prevê um “abraço” simbólico ao Congresso, de parlamentares, funcionários e representantes da sociedade civil. “Depois disso”, sugeriu o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), “podemos fazer a apresentação de um coral que entoará o ‘Está chegando a hora’, entre outras canções.”

Coube ao deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) a leitura do documento no qual serão recolhidas adesões. O texto pede a saída de Renan para assegurar a isenção das investigações contra ele e preservar a instituição do desgaste político produzido pela crise. “Não admitiremos que ele presida a sessão do Congresso”, disse Macris.

Pela Constituição, o presidente do Senado é quem preside as sessões do Congresso, quando Câmara e Senado se reúnem, conjuntamente. “Vamos retomar a pressão. A idéia é paralisar o Congresso e não só o Senado. Será uma manifestação permanente”, disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). A idéia do lançamento da frente suprapartidária de deputados e de senadores surgiu durante um jantar realizado ontem (09) com deputados e senadores.

Segundo o grupo, 52 deputados e 16 senadores integram a frente. Entre os partidos representados no grupo, há parlamentares do PMDB, PSDB, PSOL, PSB, PV, PPS e DEM.

Calheiros afirma que só sai

Brasília (AE) –  O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recorreu a metáforas para mostrar que apesar das pressões não está disposto a se licenciar do cargo para pôr fim à crise que ameaça a aprovação da CPMF. A colegas de mandato, comparou-se a um coco para ilustrar sua disposição em ficar. “Rapaz, para tirar o coco, não basta balançar o pé que ele não cai. Quem quiser, vai ter que subir no pé e retirar o coco com as próprias mãos”, disse o presidente do Congresso a senadores aliados que estiveram com ele noite passada, horas depois de enfrentar a mais ampla reação em plenário desde o início da crise.

Renan está no centro da crise há cinco meses. Ele está incomodado com as recentes deserções, mas, independentemente das baixas, não se mostra disposto a sair. A interlocutores, diz estar convencido de que a oposição e o PT querem o seu cargo. Se pedir uma licença de 120 dias, como prevê o regimento, dá como certa a traição. “Não tem espaço para a licença”, disse Renan. Ele não conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a quinta-feira passada, mas faz elogios ao comportamento do presidente. “Ele tem sido correto comigo”, assegurou. Lula está preocupado com a votação da CPMF, enquanto o peemedebista faz chegar ao aliado a lógica do “ruim com ele, pior sem ele.”

Sem o apoio maciço do PT e do PMDB, Renan Calheiros está vendo também sua tropa de choque desaparecer. Desde a véspera da sessão de ontem (9), aliados como o senador Almeida Lima (PMDB-SE) sequer deram as caras no Congresso. Mais do que isso: quem apareceu, mudou de lado, como Valter Pereira (PMDB-MS).

Jefferson Peres é nomeado relator

Brasília (AE) – Pressionado por senadores de seis partidos, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), indicou ontem o relator para a terceira representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador Jefferson Peres (PDT-AM) é quem se encarregará da tarefa de relatar a mais documentada denúncia contra Renan, apresentada há mais de 50 dias pelo DEM e pelo PSDB: a de que ele teria comprado empresas de comunicação em nome de laranjas, em sociedade com o usineiro João Lyra.

A escolha surpreendeu, não apenas por mostrar uma guinada de Quintanilha nos procedimentos adotados até agora – sempre manobrando em favor de Renan -, mas por recair em um nome diversas vezes rejeitado pelo presidente do Conselho.

A decisão de Quintanilha ocorreu um dia após a reunião em que 19 senadores de seis partidos fixaram o prazo de 2 de novembro para votação das quatro denúncias existentes contra Renan. Se isso não ocorrer, eles ameaçam obstruir as votações nas comissões e no plenário. Quintanilha nega que tenha sido pressionado. Diz que em nenhum minuto foi procurado pelos colegas interessados em acabar com a obstrução branca do conselho.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) tiveram papel importante na escolha do relator. Eles entraram em cena, após a ameaça dos líderes da oposição, para obrigar o Conselho de Ética a retomar o julgamento das denúncias contra Renan. Temem que a decisão atrapalhe a votação da emenda constitucional propondo a prorrogação da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O nome de Peres foi bem recebido. Para Eduardo Suplicy (PT-SP), é certo que ele fará “um trabalho justo”. “Se fosse um caso contra mim, gostaria que fosse ele o relator, pois saberia que o parecer seria justo”, alegou. Para o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), colocar Peres na relatoria “é um sinal que o Senado está entrando nos eixos e assumindo a postura que a sociedade exige e merece”.

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