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Desaceleração da economia é desafio para Dilma Rousseff

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São Paulo (AE) – O jornal britânico Financial Times divulgou ontem reportagem falando sobre os desafios do Brasil para combater a desaceleração econômica e ao mesmo tempo lutar contra o fantasma da inflação em 2012. Além de uma página inteira com uma foto de Dilma Rousseff e um gráfico, o texto contou inclusive com uma chamada na capa do periódico, na qual a presidenta brasileira é descrita como a “Dama de Ferro dos Trópicos”. A matéria aponta que após um crescimento de quase 7,5% em 2010, no ano passado a economia brasileira cresceu menos da metade desse nível – sendo que no terceiro trimestre o crescimento trimestral ficou levemente negativo – enquanto o “inimigo histórico do país, a inflação, reapareceu com força”. Este ano, diz o artigo escrito por Joe Leahy, Dilma terá de ressuscitar a economia e mostrar que o Brasil faz jus à reputação de um grande mercado emergente com alta taxa de crescimento, ou arrisca perder a confiança dos investidores.

“A perspectiva ainda é bastante construtiva e as oportunidades existem, mas eu acredito que aos poucos eles estão percebendo que precisam trabalhar para fazer isso acontecer”, diz na matéria do FT o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, se referindo às autoridades brasileiras. “O crescimento potencial do PIB é muito baixo”, aponta.

Mas Dilma é descrita como capaz de enfrentar o desafio que se apresenta. “Uma economista do desenvolvimento e leitora voraz com um olho clínico para detalhes, ela é conhecida como uma chefe durona, que não tem medo de criticar publicamente funcionários ou mesmo ministros que chegam mal preparados para as reuniões. É um comportamento que lhe rendeu uma reputação de Margaret Thatcher tropical”, diz o texto.

Os escândalos que causaram a saída de sete ministros no primeiro ano do governo Dilma também são relembrados, mas o artigo afirma que, mesmo sem a popularidade de Lula, a presidenta parece ter o apoio dos eleitores. “As pessoas identificam nela uma seriedade de propósitos e um estilo reservado que é uma espécie de alívio, após os anos muitas vezes narcisistas e barulhentos de Lula”, comenta Paulo Sotero, do Centro Internacional para Acadêmicos Woodrow Wilson, em Washington. Segundo o FT, a taxa de aprovação de Dilma no fim do ano passado era de 72%, e a avaliação positiva sobre seu governo chegava a 56%.

Entre os desafios que Dilma terá de resolver este ano são citados a aprovação do código florestal e de projetos sobre o setor mineração e os royalties do petróleo. “Além de acabar com a corrupção, é difícil determinar qual realmente é a estratégia de longo prazo do governo Dilma. A administração parece ter abandonado o ímpeto para grandes reformas e mudanças da legislação”, comenta João Augusto de Castro Neves em um artigo publicado pela Fundação Getúlio Vargas, que foi citado na matéria do FT.

No campo econômico, o texto aponta que a economia brasileira provavelmente cresceu menos de 3% em 2011. O desempenho de setores importantes da indústria, como o automobilístico, teve uma forte desaceleração na segunda metade do ano passado, comenta o texto. “Outros setores, como a indústria têxtil e de sapatos, têm sido pressionados pelas crescentes importações chinesas e o fortalecimento do real ante o dólar”.

Segundo o FT, economistas alegam que a rápida desaceleração expôs as limitações da economia do Brasil. O rápido crescimento em 2010 teria sido basicamente resultado das medidas de estímulo fiscal adotadas para conter os efeitos da crise financeira de 2008, que foram prorrogadas para chegar até o ano da eleição de Dilma.

Atividade econômica perde força e aumenta a inflação

Segundo o Financial Times, a presidenta Dilma Rousseff retirou os estímulos fiscais no ano passado e o Banco Central brasileiro começou a elevar os juros para conter as altas de preços. Apesar disso, a economia perdeu força e a inflação terminou 2011 em 6,5%, o teto da meta estabelecida pelo governo. Mesmo assim, muitos analistas acreditam que a desaceleração é cíclica, e que a economia deve crescer cerca de 3% este ano e um pouco mais do que isso em 2013. “A questão é se o país pode alcançar taxas de crescimento maior do que a média de 4% ao ano observada na década passada”.

Para tanto, analistas afirmam que o Brasil precisa adotar os “duros reparos” necessários para melhorar a competitividade no longo prazo. O texto do jornal britânico afirma que o sistema tributário brasileiro é opressivo e que é preciso investir mais em educação, treinamento, pesquisa & desenvolvimento e infraestrutura. “A taxa de investimento, de aproximadamente 19% do PIB, está bem abaixo das necessidades do país e dos níveis da China e da Índia”.

O artigo diz que Dilma pode não ser reformista, mas tem se mostrado pragmática. Ela defende investimentos em infraestrutura e reconhece a importância de controlar os gastos do governo. Mas em um momento em que os tradicionais modelos econômicos dos Estados Unidos.

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