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Desafio do nosso tempo

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Cláudio Emerenciano
Professor da UFRN
A aurora do universo foi infinitamente bela, poética, grandiosa, deslumbrante, indescritível e incomparável. Deus, Pai Celestial, concebeu e criou o mundo como revelação do seu amor. A vida é amor, que é justiça, que tipifica harmonia, que traduz paz, que gera liberdade, que suscita criação, que descortina elevação, que expande ilimitadamente a destinação de amar, servir, irmanar, conjugar, crescer e ligar. O gênero humano foi uma criação tão amada por Deus, que o seu Filho nele se encarnou. A grandeza do Homem foi uma decisão de Deus. A natureza humana reside em sua semelhança com Deus, que se explicita no dom e no atributo de amar. O amar dos homens é como um passo adiante, um caminhar infindo. É sempre um recomeço em busca de Deus, que é o amor universal e absoluto. Assim o homem deixa de ser lobo de si mesmo. Alicerça a sociedade do primado da condição humana.      

Emil Ludwig, até hoje, foi o autor das melhores biografias de Goethe e Napoleão. Há uma manifestação do imperador sobre Jesus, no auge do seu poder: “Todos os exércitos reunidos e toda a marinha jamais construída, tudo que os parlamentares já estabeleceram e todos os reis e governantes que já reinaram, se colocados juntos, não conseguiriam ter afetado de maneira tão poderosa a vida do homem sobre esta terra quanto Jesus Cristo”. As obras geniais de William Shakespeare e Honoré de Balzac, André Malraux e Hannah Arendt, não alcançaram, na dimensão dos Evangelhos, o sentido pleno da condição humana. O homem é contraditório, frágil e imprevisível. São Paulo advertiu que a vaidade leva o homem a perder consciência do óbvio. Despoja-se de lucidez. Perde-se em desconfianças, mentiras, hipocrisias e ambições. Persiste, em escala planetária, aquilo que a escritora Margareth Tuchman, na década de 1970, classificou de “marcha da insensatez”. Sim! A humanidade continua agrilhoada a ditames de heresias políticas, econômicas, culturais e religiosas. A erosão ética e moral faz parte desse monstruoso e globalizado “mundo novo”. Porém a fé, o amor, a caridade e a esperança a impregnam de Luz. Assim se projeta no infinito, enfim, na eternidade da convivência com Deus. O padre Teilhard de Chardin, retratado por Morris West em “As sandálias do pescador” (padre Telémond), legou à humanidade a visão do “Cristo Cósmico”, o alpha, o beta e o ômega” da Criação. É a síntese do seu último livro: “O futuro do homem”. 

 Há duas parábolas, entre inúmeras, em que Jesus descreveu a postura de Deus ante as contradições e retrocessos dos homens. Sua misericórdia infinita. Seu perdão eterno. Sua ternura cósmica. Sua compreensão universal. Uma é a parábola do “Filho Pródigo”. O filho que exigiu a antecipação de sua herança. Dissipou-a, entregando-se aos vícios e às perversões. Decaiu moral, física e mentalmente. Chegou a disputar comida com os porcos. Um dia regressa à casa paterna. O pai de longe o reconheceu. Perdoou-o. Mandou organizar uma festa para comemorar sua volta. O irmão reclamou. Ficara em casa, ajudando-o a administrar seus bens. Diante disso, disse-lhe: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado” (Lucas, 15, 11-32). Na parábola da ovelha perdida, Jesus diz que o Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas. Mas deixa noventa e nove no pasto e vai procurar a que se perdera. E conclui: “Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lucas, 15, 3-7). Os homens não são perfeitos. Mas a consciência do erro e o arrependimento ensejam a Deus o perdão. Esses aspectos fundamentam a relação do homem com Deus. É preciso crer no perdão. Por outro lado, o maior desafio da humanidade no mundo de hoje é viabilizar a paz. Perpetuar a harmonia, a tolerância e a compreensão entre pessoas, povos e nações. A violência que grassa o mundo adverte também que se impõem testemunhos efetivos de amor dos sacerdotes, pastores e fiéis. Não se pode esquecer também que a fé implica em humildade.

Em 1927, o monge católico George Lemaître e o astrônomo americano Edwin Hubble, elaboraram a Teoria do Big-Bang. O universo se originara da explosão de uma massa compacta de matéria. Segundo avanços da ciência e da tecnologia, essa matéria se originou de pura energia. Deus é Espírito. Deus é a inteligência infinita. Deus tudo criou, inclusive a energia original. Nesse universo, que se expande, a Terra é belíssima. Sua natureza é pródiga. Mas os homens a estão destruindo, matando-a. Os maiores poluidores são os Estados Unidos, a Rússia, a China e o Brasil. Até quando? A temperatura aumenta. Flora e fauna se extinguem. Cataclismos ocorrem e outros se prenunciam… Mas não esqueçamos as palavras finais do genial Stephen Hawking em “Uma breve história do tempo”:  “…Então deveremos todos – filósofos, cientistas e pessoas comuns – ser capazes de tomar parte na discussão para saber o porquê de nós e o universo existirmos. Se descobrirmos a resposta para isso, será o triunfo supremo da razão humana – pois, então, conheceremos a mente de Deus”. 

O poeta e escritor Diógenes da Cunha Lima, homem de fé, fez a sua “Oração pela Terra”: “Pai Nosso, que do céu olhais, observai o que nos consome, vede como maltratamos Vosso reino contrariando a Vossa vontade, que vai além da terra e da estufa dos céus. Que não falte o pão de cada dia aos que em nosso mundo resistem. Perdoai as nossas agressões assim como nós procuramos mitigar os danos à Vossa ecologia. Não nos deixeis cair em mais devastação e livrai-nos do apressado apocalipse. Amém”. Eis também o meu canto e a minha oração. Eis o desafio do nosso tempo.  

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